A prática da hortoterapia é uma das apostas cada vez mais usadas para tratar distúrbios emocionais
O índice de pessoas com transtorno de ansiedade generalizada (TAG) na rede pública cresceu mais de 200% desde o ano que precedeu a pandemia, de acordo com o Ministério da Saúde. Em 2019, 71,2 mil indivíduos foram atendidos com sintomas de ansiedade. Já em 2023, o número subiu para mais de 274 mil. Na mesma época, os casos de depressão aumentaram em 34%. O transtorno de pânico apresentou um crescimento ainda maior, de 93%.
Para além dos hábitos saudáveis e já conhecidos, como boa alimentação, sono de qualidade e atividade física regular, especialistas indicam quatro formas terapêuticas nada óbvias para mitigar o impacto dos eventos estressores e preservar a saúde mental. Confira:
Ouça música clássica
Um estudo da Universidade de Stanford constatou que, ao ouvir música clássica, o fluxo de sangue aumenta em diversas áreas do cérebro, liberando dopamina e ativando regiões ligadas à autonomia, cognição e emoção. A música clássica também relaxa o ambiente, aumentando o foco e a concentração, especialmente em situações que requerem tranquilidade. Ouvir música clássica constantemente eleva a atividade cerebral que envolve as sensações de prazer e recompensa. Isso pode reduzir a dor e a ansiedade, baixar a pressão arterial, combater a insônia, despertar emoções positivas e atenuar a tensão.
Pratique leitura terapêutica
De acordo com um estudo realizado pelo periódico Trends in Cognitive Sciences, a leitura aumenta as conexões neurais, melhorando as funções cognitivas, diminuindo os níveis do hormônio do estresse, desacelerando os batimentos cardíacos e o ritmo da respiração, e minimizando os sintomas do TAG. Dentre as funções cognitivas destacam-se a consciência, a orientação, a sensopercepção e a concentração. É importante escolher livros com temas de interesse pessoal, para que prendam a atenção e direcionem a concentração. Uma vez envolvida na história, a pessoa se desliga do mundo externo e, consequentemente, dos agentes estressores.
Aposte na aromaterapia
Os óleos essenciais, extraídos de plantas, flores e frutas, promovem estímulos sensoriais que geram sensação de bem-estar e conforto. Quando inalados, o olfato reconhece as moléculas dos óleos essenciais através de seus receptores, chegando até o sistema límbico, região do cérebro responsável pelas emoções. Um estudo realizado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) comprovou que pacientes com depressão precisaram de menores doses de medicamentos após tratamento com aromaterapia, utilizando óleos cítricos. O óleo de lavanda é um dos mais usados em desequilíbrios emocionais, beneficiando o sistema nervoso autônomo e aliviando sintomas de depressão, ansiedade e enxaqueca. O óleo vetiver melhora a saúde emocional de forma semelhante a alguns remédios prescritos para ansiedade.
Invista na hortoterapia
Cultivar um jardim ou uma horta tem sido uma aposta cada vez mais usada para tratar distúrbios emocionais. Segundo o estudo "Gardening is Beneficial for Health," publicado na Science Direct, a prática ajuda a promover redução da depressão e da ansiedade, além de proporcionar aumento da qualidade de vida e do senso de comunidade. Em outro estudo, da Universidade de Princeton, os pesquisadores constataram um aumento significativo nos níveis de bem-estar dos praticantes de jardinagem doméstica, especialmente no cultivo de vegetais. Isso se deve à sensação de recompensa pela possibilidade de comer ou proporcionar aos outros um alimento que a própria pessoa cultivou. Estar em contato com a natureza é altamente terapêutico. Cuidar de plantas gera uma resposta importante contra depressão, ansiedade e até transtorno bipolar, já que estimula a liberação de serotonina e endorfina. Uma boa dica é começar com uma horta orgânica e cultivar seus próprios alimentos em casa. Quem tem mais espaço pode ampliar aos poucos e variar os cultivos. O importante é perceber as mudanças internas e dar continuidade ao que proporciona prazer.