Ao custo de R$ 286 mil aos cofres públicos, a viagem da comitiva do Governo de Rondônia a Conferência Mundial do Clima na Escócia não mostrou resultado prático algum. Pelo contrário, fomos criticados porque o governador Marcos Rocha negou-se a participar do Consórcio Brasil Verde (https://piaui.folha.uol.com.br/cada-um-por-si-vacuo-acima-de-todos/), uma coalizão de Governadores pelo Clima, uma alternativa regional à postura do presidente Jair Bolsonaro, ausente nos debates da COP-26 e adepto da política do “passando a boiada”. Bom discípulo de Bolsonaro, Marcos Rocha liberou o garimpo por decreto no rio Madeira, cujos efeitos nocivos do mercúrio, metal neurotóxico usado para tirar as impurezas do ouro, serão sentidos por muitos pelos povos ribeirinhos de São Carlos a Calama.
Não fosse Walelasoetxeige Suruí ou Txai Suruí, Rondônia teria passado como estado bolsonarista sem histórico de luta contra a devastação do meio ambiente.
Marcos Rocha poderia ter aproveitado essa oportunidade para responder aos críticos apresentando o que seu Governo está fazendo para reduzir o desmatamento. Recentemente, ele foi acusado de entregar milhares de hectares de terra preservada para grileiros e invasores pelo Greenpeace (https://www.greenpeace.org/brasil/blog/governador-de-rondonia-presenteia-invasores-com-areas-griladas/). Embora tenha vetado totalmente o projeto aprovado pela Assembleia Legislativa, o veto certamente será derrubado pela Casa de Leis, onde a maioria dos integrantes daquele Poder vive do agronegócio, até os petistas.
Além do Consórcio Brasil Verde, a COP-26 trouxe boas notícias à Amazônia. O governador de São Paulo, João Dória, anunciou o fundo Amazônia + 10 (https://twitter.com/jdoriajr/status/1455895207262789635), destinando inicialmente R$ 100 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para pesquisas na floresta, incentivando a sua preservação e de suas espécies. Enquanto, governadores de outros estados, que também enfrentam seus problemas com a retomada da economia pós-pandemia, desemprego, inflação e os caprichos palacianos do Planalto, Marcos Rocha ficou inerte, nem mesmo elogiou a postura dos colegas.
Desenvolvimento sustentável
Posso estar enganado, mas Marcos Rocha perdeu uma grande oportunidade de articular recursos extras para implementação de políticas públicas que poderiam favorecer a preservação de nossas florestas. Rondônia, um dos estados que mais sofre com as queimadas, não tem um programa de regularização fundiária, embora haja um exército de pequenos e médios produtores vivendo apenas com a posse de suas terras, sem segurança jurídica e mercê constantes de invasões de criminosos. São essas pessoas de má índole, confundidas com os verdadeiros agricultores, que põe a mata abaixo para vender suas toras no mercado clandestino, queimam para produzir pastos ilegais e garimpam em áreas proibidas.
A COP-26 ainda não acabou. Há muitos debates pela frente. Quem sabe a equipe de Marcos Rocha não tenha a ideia de integrar as discussões e buscar um caminho para reduzir a devastação da Amazônia e contribuir para o fim do aquecimento global. Como diz o ditado, a esperança é a última que morre.