Conjunto de espécies de bactérias, vírus e fungos que ocupam o intestino, a microbiota, também chamada de flora intestinal, é considerada um ambiente capaz de proteger o organismo, impedindo que diversos tipos de bactérias causadoras de problemas de saúde se estabeleçam no trato gastrointestinal. Estudos mostram que o desequilíbrio desse sistema pode estar diretamente relacionado ao aparecimento ou agravamento de doenças.
De acordo com a médica gastroenterologista Sybele Almeida Clasen (CRM: 31505), a microbiota do corpo humano começa a se formar logo após o nascimento. “Seu estabelecimento é influenciado por múltiplos fatores como o tipo de parto, aleitamento materno ou artificial, contaminação ambiental, uso de antimicrobianos, sistema imune e características genéticas de cada pessoa”, explica.
Mas, além desses fatores, os hábitos alimentares têm sido indicados como uma das principais causas da diversidade da microbiota intestinal. Considerando este cenário, a especialista ressalta que uma alimentação saudável, rica em probióticos e prebióticos, pode contribuir para a manutenção e bom desenvolvimento deste sistema.
Em contrapartida, quando não há cuidados, um desequilíbrio na flora intestinal pode ocorrer. Esse desequilíbrio, por sua vez, tende a estar associado ao aparecimento de doenças, especialmente patologias no aparelho digestivo. “Na doença do refluxo gastroesofágico, por exemplo, a microbiota pode desempenhar um papel na inflamação esofágica e na lesão do epitélio esofágico”, diz a gastroenterologista.
Segundo ela, em casos como esse, uma resposta inflamatória intestinal insuficiente pode ser crítica no combate às infecções. Por outro lado, uma resposta exagerada pode levar a uma inflamação crônica, resultando em várias doenças, inclusive as autoimunes, como doença de Crohn.
A médica gastroenterologista ainda acrescenta que os estudos desenvolvidos nesta área têm identificado que a microbiota intestinal exerce grande influência na saúde e doença de cada indivíduo. De acordo com a especialista, um dos indicativos é o fato de a Associação Americana de Gastroenterologia (AGA) recomendar o uso de probióticos para adultos e crianças em tratamento com antibióticos, nas pouchitis e em bebês prematuros com baixo peso para prevenir a enterocolite necrotizante.