Notícia

Jornal da USP

Quadras de Primeiro Mundo

Publicado em 13 abril 1997

Desde o último dia 26 de março, a Escola de Educação Física da USP pode orgulhar-se de ter um pé no Primeiro Mundo. Na verdade, vários pés. O motivo desse orgulho é que a escola acaba de inaugurar os pisos das quadras poliesportivas "Professor Moacyr Brandi Daiuto" e "Professor Miguel Morano". Esses pisos são os mais modernos do mundo e são usados em grandes eventos esportivos internacionais, inclusive as Olimpíadas. Fabricados pela empresa francesa Taraflex, os pisos das novas quadras da Educação Física têm maior aderência, suportam melhor o impacto e permitem um desempenho dos atletas além da média. No mesmo dia da inauguração dos pisos, foi inaugurada também a pista de atletismo de 250 metros de extensão ao redor do campo de futebol "Professor Erasmo Magalhães Castro de Tolosa", o conhecido "Tolosão". Tolosa, hoje superintendente do Hospital Universitário, já foi diretor da Escola de Educação Física à época do reitor José Goldemberg.

Ao todo, foram investidos R$ 122 mil nas quadras e na pista (R$ 92 mil para os pisos e R$ 30 mil para a pista), dinheiro este que saiu parte do orçamento da Escola e parte como financiamento da Fapesp, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. No caso da pista, a Fapesp arcou com todos os custos. Na solenidade estavam presentes autoridades uspianas como a vice-reitora Myriam Krasilchik, a chefe de gabinete do reitor, professora Eunice Lacava, o coordenador da Codage, Hélio Nogueira da Cruz, o pró-reitor de Pesquisa, Hugo Armelin, o superintendente do HU. Erasmo Tolosa, e o diretor administrativo e financeiro da Fapesp, professor Joaquim José de Camargo Engler, entre outros. "Do sonho a realidade, foi uma longa e árdua caminhada", disse, em seu discurso na inauguração, o professor José Geraldo Massucato, atual diretor da Educação Física.

Ele tinha razão em mencionar a "árdua caminhada". Reuniões e fax Na verdade, ale realizar o sonho de ler pisos de Primeiro Mundo em suas quadras poliesportivas, Massucato gastou um bom tempo em reuniões, fax e telefonemas para a França, além de uma boa correria para captar os recursos necessários para a aquisição e instalação dos pisos. Entre conversas, propostas e contrapropostas, muitos meses se passaram até que o pessoal da Taraflex se convencesse de que valia a pena fazer uma parceria com a Escola de Educação Física. Vencida a primeira batalha, veio a segunda: em face de um decreto do governo federal sobre o sistema de comércio exterior (Siscomex), a escola acabou tendo despesas não previstas no orçamento original e algumas dificuldades para retirar o material da alfândega. Isso acabou acarretando mais um atraso para a instalação e subseqüente inauguração dos pisos. Mas faltava ainda um pequeno detalhe: onde conseguir recursos para o contrapiso e para a mão-de-obra na complementação das quadras?

É nessa parte que entrou a Fapesp. O diretor administrativo Engler orientou Massucato sobre a melhor forma de proceder e o diretor da Escola, então, pôde encaminhar um projeto à Fundação, elaborado junto com o professor Edison Manoel, para que os recursos restantes fossem conseguidos. Ao final de todo esse processo, a Escola de Educação Física leve seu sonho realizado. Além dos tão sonhados pisos (os melhores do mundo, na opinião de Moutanaro, ex-atleta da seleção brasileira de vôlei), as quadras poliesportivas contam ainda com tabelas que atendem às exigências da Federação e Confederação Internacional de Basquete, com aros retráteis e as demarcações de cada quadra dentro das normas de cada modalidade esportiva para competições internacionais. Mas não é só. Os novos pisos serão ainda alvo de pesquisas do Laboratório de Biomecânica, com o objetivo de verificar o amortecimento que eles oferecem. Ou seja, além de proporcionar melhores condições de jogo, os novos pisos ainda servirão para o desenvolvimento de pesquisas dentro da própria Universidade.

Jogo de veteranos

Após todas as solenidades de inauguração dos famosos pisos, estava na hora de testá-los. Mas não com jogadores profissionais ou com atletas consagrados. Para inaugurar uma das quadras foram convocados alunos da própria Escola de Educação Física, que disputaram uma partida de vôlei. Para a outra quadra, os convocados para o jogo de basquete formavam uma seleção que poderia não ganhar de profissionais da NBA em termos técnicos, mas certamente dariam um baile no quesito titulação acadêmica: todos professores doutores da USP, formando uma seleção de veteranos com alguma experiência de quadra e muita de salas de aula e laboratórios de pesquisa. Participaram o prefeito da Cidade Universitária, Antônio Rodrigues Martins, o diretor do Museu Paulista, José Sebastião Witter, o coordenador da Codage, Hélio Nogueira da Cruz, o pró-reitor de Pesquisa, Hugo Armelin, e o próprio Massucato, entre outros atletas-docentes.

O jogo durou meia hora e talvez não compense muito comentar estilo, qualidades técnicas e preparo físico. Mas em termos de disposição e animação, os veteranos da DSP deram um pequeno show. Destaque aí para Armelin, Hélio, Massucato e Witter, que pelo menos tratavam a bola de "você", com uma intimidade maior do que a esperada pela pequena platéia. Os outros "atletas" se esforçaram muito, se divertiram mais ainda e deixaram a quadra com a alegria de uma missão cumprida. Para alguns, inclusive, uma missão comprida. Mas tudo isso não importava mais ao final do jogo (cujo placar final, por sinal, ninguém sabia ou conseguia se lembrar. A cesta, como o gol na época de Parreira, era um mero detalhe). O importante mesmo é que o sonho da Escola de Educação Física estava concretizado e que os pisos estavam inaugurados solenemente. Agora, mais um pedaço da Universidade de São Paulo faz parte do Primeiro Mundo, para orgulho não só da escola, mas de toda a Universidade.