Os pterossauros tinham asas, grandes asas, mas alguns deles preferiam andar a voar. A conclusão é de um novo estudo feito sobre os gigantescos répteis voadores que viveram ao lado dos dinossauros, de 230 milhões a 65 milhões de anos atrás.
A pesquisa contraria a idéia de que todos os pterossauros se alimentavam como as atuais gaivotas, com peixes apanhados em lagos ou mares durante vôos, e indica que alguns estavam altamente adaptados à vida em terra. Os resultados serão publicados nesta quarta-feira (28/5), em artigo na PLoS ONE.
Mark Witton e Darren Naish, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, estudaram um tipo particular de pterossauros, da família Azhdarchidae (que deriva do termo em uzbeque para dragão).
As análises anatômica, de fósseis e de pegadas preservadas indicam que tais animais estavam mais bem adaptados do que outros pterossauros para caminhar e caçar em terra por conta de pernas e crânios alongados, usados para capturar pequenos animais e outros tipos de alimentos no chão.
Os Azhdarchidae não tinham dentes e estavam entre os maiores pterossauros. Alguns tinham asas com envergadura superior a dez metros e eram tão altos como as atuais girafas.
"Os Azhdarchidae se tornaram conhecidos na década de 1970, mas seu modo de vida tem sido objeto de intenso debate. Originalmente foram descritos como comedores de carniça, como os atuais abutres. Depois, foi sugerido que eles enfiavam seus longos bicos na lama em busca de comida e, finalmente, que eles se mantinham ao voar sobre a água, apanhando peixes", disse Naish.
"Mas tudo isso difere radicalmente do que nosso estudo indicou: que se tratavam de caçadores terrestres especializados. Todos os detalhes de sua anatomia, e do ambiente em que os fósseis foram encontrados, mostram que eles caminhavam para caçar e se abaixavam para capturar suas presas", afirmou. Ou seja, estariam mais próximos das atuais cegonhas do que das gaivotas.
Quanto ao que eles comiam, segundo os pesquisadores, estavam incluídos pequenos animais e frutas. "Com um crânio de dois metros de comprimento, o tamanho da bocada incluía qualquer coisa a partir de um dinossauro do tamanho de uma raposa", disse Witton.
O artigo A reappraisal of azhdarchid pterosaur functional morphology and paleoecology, de Mark Witton e Darren Naish, poderá ser lido em www.plosone.org.
Agência Fapesp