O processo de envelhecimento celular é multifatorial e engloba vários campos do conhecimento. Encontrar mecanismos de proteção dos danos sofridos pelas células é um desafio, no entanto um grupo de pesquisadores acaba de avançar mais um passo nesse sentido. Artigo publicado na revista Scientific Reports, do grupo Nature, apontou que a proteína klotho teve papel protetor contra inflamações em células do sistema nervoso central que interagem com os neurônios – as chamadas células da glia.
O estudo, in vitro, utilizou um lipopolissacarídeo (LPS) – uma molécula da membrana de algumas bactérias – para os testes, induzindo a inflamação celular. A ação se dá porque a presença de LPS aumenta a secreção de citocinas pró-inflamatórias que, quando produzidas em excesso ou de forma crônica, podem levar à morte neuronal. Como o uso de LPS em células gliais gera um aumento de mediadores pró-inflamatórios, o grupo analisou se o pré-tratamento com klotho faria alguma diferença na resposta celular.
“O trabalho demonstrou pela primeira vez em cultura neuronal o efeito anti-inflamatório e neuroprotetor da proteína klotho ”, apontam os pesquisadores. Os dados sugeriram que ela pode atuar não apenas no metabolismo de neurônios e astrócitos, mas também é um componente importante na modulação da neuroinflamação da glia. Assim, o potencial terapêutico da klotho pode ser benéfico para processos patológicos com fatores neuroinflamatórios.
Os achados complementam evidências prévias encontradas pelo grupo, que mostraram que a klotho está envolvida na ação dos astrócitos, células nervosas que têm entre suas funções fornecer nutrientes para a sustentação de neurônios. O estudo teve apoio da FAPESP por meio do auxílio à pesquisa na linha de envelhecimento e neuroproteção, da qual faz parte também Elisa Mitiko Kawamoto, uma das cientistas que assinam a publicação.
Descoberta em 1997, a klotho é uma proteína antienvelhecimento cuja concentração aumenta significativamente após o nascimento e na idade adulta, diminuindo conforme avança a idade, quando há uma inflamação crônica conhecida por “ inflammaging ”. Essa inflamação desregulada, sistêmica e de baixo grau no cérebro está associada a déficits cognitivos e à progressão de doenças neurodegenerativas.
Autor/a: Ricardo Muniz Fuente: Agência Fapesp Proteína com ação antienvelhecimento combate inflamação e evita a morte de neurônios