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Proteção de óculos vendidos no Brasil pode ser ineficaz, diz pesquisa

Publicado em 06 outubro 2016

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) aponta que o teste de qualidade e segurança de lentes de óculos de sol à radiação ultravioleta que embasa as atuais normas técnicas do produto de países como o Brasil precisa ser revisto.
Conforme pesquisadores da Escola de Engenharia São Carlos (EESC-USP), da forma como é feito atualmente, o teste é ineficaz para assegurar a proteção das lentes dos óculos de sol à exposição à radiação UV. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista
— O teste é incapaz de assegurar que as lentes de óculos de sol comercializados no Brasil conferem proteção à exposição à radiação solar em limites considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde — afirmou Liliane Ventura, professora do Departamento de Engenharia Elétrica da EESC-USP e coordenadora do projeto, em entrevista à Agência FAPESP.
De acordo com a pesquisadora, alguns estudos indicavam que a exposição ao sol ao longo do tempo pode deteriorar a proteção de óculos escuros à radiação UV.
As lentes dos óculos podem tornar-se mais claras e leves, alterando a categoria em que estão classificadas de acordo com a transmitância luminosa – a quantidade de luz visível que pode passar pela lente. Além disso, a exposição das lentes a níveis elevados de radiação UV pode diminuir a resistência ao impacto, tornando-as mais suscetíveis a estilhaçar.
A fim de assegurar a qualidade dos óculos de sol comercializados atualmente, as normas técnicas internacionais – nas quais o Brasil se espelhou – estabelecem que o produto seja submetido a um teste que estima a alteração da categoria das lentes em razão da exposição solar ao longo do tempo.
— Essas normas, contudo, não fazem referência à análise da degradação da proteção ultravioleta, o que deveria ser um dos principais itens de estudo neste teste — ponderou Ventura.
Ajuste de parâmetros
No teste, as lentes dos óculos são expostas a um simulador solar durante 50 horas, a uma distância de 30 centímetros de uma lâmpada de xenônio, com potência de 450 Watts (W) e espectro luminoso semelhante ao do sol.
Após a exposição à radiação, os óculos são submetidos a uma análise por espectrofotometria para comparar a transmitância luminosa no visível – a categoria da lente – conferida pelas lentes antes e depois de serem expostas ao simulador solar.
Dessa forma, é possível avaliar se as lentes dos óculos alteram de categoria – se ficam, por exemplo, mais claras – e se conferem proteção à radiação UV durante um período equivalente a dois dias de exposição ao sol natural no verão em uma cidade brasileira como São Paulo, por exemplo, ou de quatro dias no inverno, explicou Mauro Masili, professor da EESC-USP e coautor do estudo.
— Os estudos apontam, contudo, a ineficácia de se estudar a degradação dos óculos em dois dias de irradiação solar e a inexistência de testes para conferir a segurança da duração da proteção ultravioleta nos óculos por determinado período de uso — afirmou.
Uma enquete feita pelos pesquisadores apontou que a maioria dos brasileiros usa os mesmos óculos de sol por, no mínimo, dois anos, durante um período de, em média, duas horas por dia.
A fim de verificar se o teste de padrão de qualidade de óculos de sol garante que o produto possa ser usado no Brasil durante todo esse tempo, os pesquisadores desenvolveram um modelo matemático para estimar como a radiação solar chega ao nível do solo em 27 capitais brasileiras e 110 capitais de países do hemisfério Norte, levando em conta suas características geográficas (latitude, longitude e altitude) e perfil atmosférico típico.
Com base nesse modelo matemático, eles conseguiram calcular a irradiância solar – a densidade de potência em watt hora por metro quadrado (Wh/m²) que chega ao nível do solo nestes locais. Em seguida, compararam a irradiância do Sol com a emitida pela lâmpada de xenônio de 450 W usada no teste de padrão de qualidade de óculos de sol para verificar o nível de proximidade.
As análises das comparações revelaram que a irradiância solar real nas cidades analisadas é muito mais intensa do que a da lâmpada de 450 W.

Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) aponta que o teste de qualidade e segurança de lentes de óculos de sol à radiação ultravioleta que embasa as atuais normas técnicas do produto de países como o Brasil precisa ser revisto.

Conforme pesquisadores da Escola de Engenharia São Carlos (EESC-USP), da forma como é feito atualmente, o teste é ineficaz para assegurar a proteção das lentes dos óculos de sol à exposição à radiação UV. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista BioMedical Engineering OnLine.

— O teste é incapaz de assegurar que as lentes de óculos de sol comercializados no Brasil conferem proteção à exposição à radiação solar em limites considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde — afirmou Liliane Ventura, professora do Departamento de Engenharia Elétrica da EESC-USP e coordenadora do projeto, em entrevista à Agência FAPESP.

De acordo com a pesquisadora, alguns estudos indicavam que a exposição ao sol ao longo do tempo pode deteriorar a proteção de óculos escuros à radiação UV.

As lentes dos óculos podem tornar-se mais claras e leves, alterando a categoria em que estão classificadas de acordo com a transmitância luminosa – a quantidade de luz visível que pode passar pela lente. Além disso, a exposição das lentes a níveis elevados de radiação UV pode diminuir a resistência ao impacto, tornando-as mais suscetíveis a estilhaçar.

A fim de assegurar a qualidade dos óculos de sol comercializados atualmente, as normas técnicas internacionais – nas quais o Brasil se espelhou – estabelecem que o produto seja submetido a um teste que estima a alteração da categoria das lentes em razão da exposição solar ao longo do tempo.

— Essas normas, contudo, não fazem referência à análise da degradação da proteção ultravioleta, o que deveria ser um dos principais itens de estudo neste teste — ponderou Ventura.

Ajuste de parâmetros

No teste, as lentes dos óculos são expostas a um simulador solar durante 50 horas, a uma distância de 30 centímetros de uma lâmpada de xenônio, com potência de 450 Watts (W) e espectro luminoso semelhante ao do sol.

Após a exposição à radiação, os óculos são submetidos a uma análise por espectrofotometria para comparar a transmitância luminosa no visível – a categoria da lente – conferida pelas lentes antes e depois de serem expostas ao simulador solar.

Dessa forma, é possível avaliar se as lentes dos óculos alteram de categoria – se ficam, por exemplo, mais claras – e se conferem proteção à radiação UV durante um período equivalente a dois dias de exposição ao sol natural no verão em uma cidade brasileira como São Paulo, por exemplo, ou de quatro dias no inverno, explicou Mauro Masili, professor da EESC-USP e coautor do estudo.

— Os estudos apontam, contudo, a ineficácia de se estudar a degradação dos óculos em dois dias de irradiação solar e a inexistência de testes para conferir a segurança da duração da proteção ultravioleta nos óculos por determinado período de uso — afirmou.

Uma enquete feita pelos pesquisadores apontou que a maioria dos brasileiros usa os mesmos óculos de sol por, no mínimo, dois anos, durante um período de, em média, duas horas por dia.

A fim de verificar se o teste de padrão de qualidade de óculos de sol garante que o produto possa ser usado no Brasil durante todo esse tempo, os pesquisadores desenvolveram um modelo matemático para estimar como a radiação solar chega ao nível do solo em 27 capitais brasileiras e 110 capitais de países do hemisfério Norte, levando em conta suas características geográficas (latitude, longitude e altitude) e perfil atmosférico típico.

Com base nesse modelo matemático, eles conseguiram calcular a irradiância solar – a densidade de potência em watt hora por metro quadrado (Wh/m²) que chega ao nível do solo nestes locais. Em seguida, compararam a irradiância do Sol com a emitida pela lâmpada de xenônio de 450 W usada no teste de padrão de qualidade de óculos de sol para verificar o nível de proximidade.

As análises das comparações revelaram que a irradiância solar real nas cidades analisadas é muito mais intensa do que a da lâmpada de 450 W.