Agência FAPESP – O Instituto Butantan, órgão da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, anunciou que pretende produzir a partir do ano que vem uma vacina com a cepa do vírus da gripe no hemisfério Norte para as regiões Norte e Nordeste do Brasil. A estimativa é que a iniciativa faça a cobertura vacinal da região saltar dos atuais 30% para cerca de 65%.
Segundo a Secretaria da Saúde, o objetivo é aumentar a cobertura vacinal no país, uma vez que as pessoas dessas regiões encontram-se expostas a outros tipos de vírus, não prevalentes no hemisfério Sul. Todo ano, a Organização Mundial da Saúde define a composição da vacina de influenza sazonal e lista para cada hemisfério os quatro vírus mais recorrentes nas regiões.
Outro fator importante é que a região deverá ter um calendário específico para a campanha de vacinação contra a influenza. A mudança se deve aos ciclos diferentes dos vírus nos hemisférios e à localização das regiões Norte e Nordeste do Brasil, próxima à linha do Equador. A iniciativa deverá diminuir ao menos pela metade o número de internações em decorrência da gripe.
“É muito importante essa iniciativa para que as pessoas dessas regiões não tenham a falsa impressão de que a vacina não funciona, uma vez que, detectado o problema, ele seja resolvido. A cobertura vacinal da região deve no mínimo dobrar, reduzindo o número de internações e evitando a morte de milhares de pessoas em função de complicações decorrentes da gripe”, afirma Isaías Raw, presidente da Fundação Butantan.
Reportagem publicada em maio na Agência FAPESP destacou estudo feito por pesquisadores brasileiros e norte-americanos, que concluiu pela recomendação da adoção da vacina contra a gripe com composição específica para o hemisfério Norte também no Brasil.
“Os resultados mostram que, provavelmente, para aumentar a eficiência da vacina contra gripe no Brasil, teremos que alterar o timing da vacinação, aplicando-a aqui na época recomendada para o hemisfério Norte”, disse Wladimir Alonso, pesquisador do Centro Internacional Fogarty, dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), um dos autores do estudo.
Mais informações: www.butantan.gov.br