Cinco professores e suas respectivas turmas se destacaram ao oferecer soluções baseadas na ciência para problemas da comunidade
Os cinco vencedores do Prêmio Ciência Para Todos foram revelados hoje, 27 de novembro, às 10h, no Museu de Arte Contemporânea (MAC/USP). Fruto da parceria entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Fundação Roberto Marinho, os professores e alunos campeões da segunda edição ofereceram as melhores respostas ao desafio de propor soluções baseadas na ciência para problemas identificados na comunidade. Foram selecionados os dois melhores projetos dos anos finais do Ensino Fundamental (do 6º ao 9º ano) e os três melhores do Ensino Médio (do 1º ao 3º ano). Os projetos vencedores e seus respectivos professores, foram:
Mapeamento e detecção da existência de resíduos sólidos na proximidade da escola: Tipologias de áreas mais impactadas e os potenciais malefícios à saúde pública e ao meio ambiente - Profª Eloiza Antonia Araujo Linhares
EMEF Thereza Maciel de Paula - São Paulo - SP
Anos finais do EF da Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Cultivando amor e esperança - Profª Kethlyn Belmonte
PEI EE Mitiharu Tanaka - Várzea Paulista - SP
Anos finais do EF
Ué, cadê a terra? Uma alternativa sustentável para a melhoria da alimentação e o meio ambiente - Prof. Antonio Carlos Coelho
E. E. Professora Neusa Maria do Bem - Serrana – SP
Ensino Médio
Projeto Zoonoses: A educação na promoção da saúde - Profª Náyra Rafaéla Vido
Escola Professor Arlindo Silvestre - Limeira - SP
Ensino Médio
Pontes de inclusão: o caminho da educação para todos - Prof. Henrique Pereira
Escola Estadual Ângelo Scarabucci - Franca - SP
Ensino Médio
Os professores e estudantes premiados em cada uma das categorias terão a oportunidade de visitar um dos centros de pesquisa abaixo, apoiados pela FAPESP:
Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI-Poli/USP).
Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (GCCRC/Unicamp), em Campinas
Depto de Biotecnologia Agropecuária e Ambiental da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (Unesp), em Jaboticabal
Centro de Pesquisa Avançada de São Paulo para Controle Biológico (SPARCBio/Esalq/USP), em Piracicaba
Centro de Terapia Celular (CTC/USP), em Ribeirão Preto
As visitas incluem transporte, alimentação, mediação pedagógica e kit brinde com bolsa, camisetas e caderno. Os professores que lideraram as equipes premiadas receberão também um notebook.
Vale destacar que o Prof. Henrique Pereira, da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, em Franca, é bicampeão. Em 2019, na primeira edição, ele e sua turma de alunos venceram o Prêmio Ciência Para Todos ao criar um capacete sustentável para ciclistas, confeccionado com couros e plásticos descartados por indústrias de calçados da região.
Nessa segunda edição, foram aceitos projetos de pesquisa, em todas as áreas do conhecimento, que utilizassem métodos da ciência para propor soluções de problemas concretos, relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas.
De acordo com o edital do prêmio, os projetos de pesquisa deveriam: 1) identificar um problema concreto na comunidade, 2) formular hipóteses 3) revisar a literatura e 4) apresentar propostas de intervenção, antes de apresentar soluções, informar seus resultados e conclusões em formato de vídeo. A participação no prêmio incluiu a entrega do projeto de pesquisa escrito, do relatório da pesquisa e do registro audiovisual. Todos os inscritos – professores e estudantes – participaram de jornadas formativas em ambiente digital do Canal Futura da Fundação Roberto Marinho, com orientações sobre o desenvolvimento de projetos de pesquisa e produção audiovisual, pelas quais receberam certificação. Todos os vídeos produzidos pelas equipes premiadas serão exibidos futuramente no YouTube e nas redes sociais do Canal Futura.
Ao engajar os alunos em cada um dos projetos inscritos, os professores incentivaram a troca de ideias para colocar em prática as propostas definidas em cada etapa do projeto. Segundo eles, essa mobilização junto a cada comunidade escolar fez toda a diferença para o sucesso no Prêmio Ciência Para Todos.
Conheça mais sobre cada um dos projetos vencedores:
Contra o preconceito a crianças autistas
Um compromisso de união para atender às necessidades de um aluno autista na turma. Com esse intuito, os alunos do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, em Franca, SP, venceram o Prêmio Ciência Para Todos com o projeto Pontes de inclusão: o caminho da educação para todos. O bicampeão Prof. Henrique Pereira percebeu que o único aluno com autismo na turma ficava incomodado quando todos começavam a falar ao mesmo tempo e com um volume muito alto. Juntos, buscaram uma solução simples e inclusiva: um sensor luminoso que acendia cada vez que o ruído estava acima de 85 decibéis (dB).
Instalado o sensor, os outros alunos constataram preferir aulas menos barulhentas. Instalado o sensor, os outros alunos constataram preferir aulas menos barulhentas. A solução desafiou, inclusive, o professor: “Era eu começar a falar e o sensor já acendia. Tive que me adaptar e foi difícil mudar o meu jeito de dar aula”, confessa. Ele, no entanto, comemora o impacto positivo tanto para o aluno com autismo, quanto para o restante da turma: “Ser aceito, respeitado, ouvido é importante para todos nós. Percebemos uma redução nas crises de ansiedade dele e todo o projeto promoveu uma maior interação social dos alunos autistas da escola com os demais estudantes.”
Sustentável do início ao fim
O projeto Ué, cadê a terra? Uma alternativa sustentável para a melhoria da alimentação e o meio ambiente, liderado pelo Prof. Antonio Carlos Coelho, da Escola Estadual Professora Neusa Maria do Bem, em Serrana, com alunos do Ensino Médio, teve como meta as ODS 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável) e 12 (Consumo e produção responsáveis). Com a substituição da terra pela água com nutrientes (solução hidropônica), o projeto foi concebido de forma sustentável, com o reaproveitamento de cápsulas de café e uso de uma bomba de máquina de lavar roupa para fazer circular a solução hidropônica entre as plantas. A alface cultivada no projeto foi servida aos alunos que, com o aprendizado, podem cultivar outras hortaliças em casa.
“Procuramos fazer o projeto o mais sustentável possível e os alunos aprenderam que isso já uma questão de necessidade. Além disso, foi multidisciplinar, pois envolveu química, física, biologia, artes e geografia.”, reforçou o professor. Com 23 anos de magistério, este foi o primeiro prêmio recebido ao longo de sua carreira. E, para a produção do vídeo, dois alunos da turma do 2º ano do Ensino Médio concluíram o curso de audiovisual da co.liga, escola de economia criativa da Fundação Roberto Marinho em parceria com a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI).
Lixo, cidadania, saúde e proteção ambiental
Uma escola próxima a uma caçamba de lixo, sempre cheia, onde o serviço público de coleta nem chega. Além da caçamba, que atrai ratos e baratas, a escola fica próxima a uma empresa petroquímica que lança poluentes na região. Essa é a realidade da EMEF Thereza Maciel de Paula, localizada no bairro Jardim Santo André, na periferia da capital paulista. Para mudar esse cenário, o projeto Mapeamento e detecção da existência de resíduos sólidos na proximidade da escola: Tipologias de áreas mais impactadas e os potenciais malefícios à saúde pública e ao meio ambiente, liderado pela Profª Eloiza Antonia Araujo Linhares.
Cerca de 60 alunos do 8º ano (Anos finais do EF da Educação de Jovens e Adultos/EJA) arregaçaram as mangas e deram início a um extenso projeto de reciclagem de resíduos, coleta seletiva, aproveitamento dos resíduos em composteiras e mini hortas. “Foi a primeira vez que os estudantes tiveram aula e palestras sobre o lixo e suas consequências. Com o mapeamento no entorno da escola, eles perceberam o quanto é importante a união da comunidade para cobrar políticas públicas de saneamento básico”, alerta a professora.
Conhecer e se proteger conta doenças transmitidas por animais
Na Escola Professor Arlindo Silvestre, em Limeira, São Paulo, a Profª Náyra Rafaéla Vido e suas turmas do 2º ano do Ensino Médio venceram o Prêmio Ciência Para Todos com o Projeto Zoonoses: A educação na promoção da saúde. Dengue e febre maculosa estão entre as doenças mais comuns na região. Para conscientizar e se proteger, o projeto estudou essas e outras doenças transmitidas por animais, como raiva, leptospirose, esquistossomose e influenza.
Palestras de agentes de zoonoses, conversas com moradores, tabulação dos dados e criação de um jogo fizeram parte do projeto vencedor. “Foi um processo profundo de aprendizado, com ampla participação dos alunos e a vitória foi mais do que merecida”, ressalta a professora. Para a docente, conscientizar a população com relação a sintomas, causas, consequências e como evitar é o único caminho para uma sociedade mais saudável
Uma horta revolucionária
Kethlyn Belmonte, 24 anos, professora da PEI EE Mitiharu Tanaka, em Várzea Paulista, SP, inaugura sua carreira com o Prêmio Ciência Para Todos com projeto Cultivando amor e esperança. Junto com seus alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, ela criou uma horta, onde cultivaram melissa, hortelã, alface, couve, quiabo, beterraba, melancia, tomate e manjericão, utilizando recursos da ciência para obter melhores resultados.
Alimentação saudável, convivência em grupo, parceria e melhora nos relacionamentos entre os estudantes foram alguns dos resultados alcançados pelo projeto, que se revelou extremamente positivo para a escola. “A horta se confirmou viável economicamente, promoveu a integração pacífica entre os estudantes e foi uma transformação na escola. Elevação da autoestima, motivação e percepção de que são capazes foram pontos marcantes no projeto”, comemora a jovem professora.
Sobre a Fundação Roberto Marinho
A Fundação Roberto Marinho inova, há mais de 40 anos, em soluções de educação para não deixar ninguém para trás. Promove, em todas as suas iniciativas, uma cultura de educação de forma encantadora, inclusiva e, sobretudo, emancipatória, em permanente diálogo com a sociedade. Desenvolve projetos voltados para a escolaridade básica e para a solução de problemas educacionais que impactam nas avaliações nacionais, como distorção idade-série, evasão escolar e defasagem na aprendizagem.
A Fundação realiza, de forma sistemática, pesquisas que revelam os cenários das juventudes brasileiras. A partir desses dados, políticas públicas podem ser criadas nos mais diversos setores, em especial, na educação. Incentivar a inclusão produtiva de jovens no mundo do trabalho também está entre as suas prioridades, assim como a valorização da diversidade e da equidade. Com o Canal Futura fomenta, em todo o país, uma agenda de comunicação e de mobilização social, com ações e produções audiovisuais que chegam ao chão da escola, a educadores, aos jovens e suas famílias, que se apropriam e utilizam seus conteúdos educacionais. Mais informações no Portal da Fundação Roberto Marinho.
Sobre a FAPESP
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo é uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país. Com autonomia garantida por lei, a FAPESP está ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo. Com um orçamento anual correspondente a 1% do total da receita tributária do Estado, a FAPESP apoia a pesquisa e financia a investigação, o intercâmbio e a divulgação da ciência e da tecnologia produzida em São Paulo.