No Brasil, há um oftalmologista para cada 11.604 cidadãos, segundo o Censo Oftalmológico 2014, levantamento mais atual do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que um país desenvolvido deve ter, pelo menos, um oftalmologista para cada 17 mil habitantes.
No entanto, apesar de superar a média traçada pela OMS, no Brasil, quase três quartos (71%) deles atuam nas regiões Sul e Sudeste. No Norte, por exemplo, há apenas 557 profissionais; um oftalmologista para cada 30 mil habitantes. Na região interiorana amazônica, onde moram cerca de 2 milhões de habitantes, estão apenas quatro oftalmologistas fixos.
Essa distribuição desigual de médicos afeta o atendimento em todo o território nacional e, nas regiões mais remotas do País, a assistência ocular só acontece graças a iniciativas como a dos Projetos Amazônicos. Estes projetos são tema de reportagem da revista PB 443.
Todo indivíduo acima dos 40 anos precisa de óculos para melhorar a visão de curta distância, e acima de 50 anos, necessita de operações visuais importantes para uma vida plena, contou à revista PB o professor do departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e diretor-presidente do Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia (Ipepo), Rubens Belfort Júnior.
Enquanto o atendimento demora a chegar via Estado, outros atores sociais protagonizam iniciativas que levam a visão de volta aos cidadãos. No início da década de 1990, uma parceria entre Ipepo, Fundação Champalimaud, Unifesp e Fundapi deu origem aos Projetos Amazônicos.
Eles promovem expedições com mutirões de cirurgias de catarata e outros procedimentos oculares a regiões como a do Baixo Amazonas duas vezes por ano, em média. Os equipamentos necessários são adquiridos com empresas parceiras e por meio de doações e seguem de barco pelo Rio Amazonas para os hospitais públicos das cidades atendidas. Desde o início do projeto, foram realizadas em torno de 15 mil cirurgias de catarata.
Desde 2013, uma parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), sob a supervisão da pesquisadora Solange Salomão, aperfeiçoa a iniciativa. Um estudo epidemiológico feito por ela revelou que os índices de cegueira e deficiência visual em adultos maiores de 45 anos na Amazônia brasileira são três vezes maiores do que em áreas de baixa renda na cidade de São Paulo.
Para conhecer os avanços dos métodos usados pelos médicos, bem como suas opiniões sobre maneiras para melhorar os projetos de oftalmologistas que chegam à região Amazônica, leia a reportagem completa de Filipe Lopes, na revista Problemas Brasileiros, edição 443.