Atualmente o Brasil é protagonista do mercado mundial de produção alimentícia. Através de um agronegócio forte e robusto, o país tem se destacado diante do desafio de suprir a demanda mundial por produtos alimentícios.
Com o aumento da população mundial, produzir mais – sem perder a qualidade – tem sido o grande desafio dos produtores ao redor do globo. Somado a isso, os impactos ambientais têm resultado na remodelagem da forma como a produção é feita nos dias de hoje, criando novas formas de administrar o campo.
Diante deste cenário, projetos do setor público e privado tem trabalhado para mudar a forma como o agro é feito. Um desses projetos, o Programa Bayer Coopera+ buscou encontrar iniciativas pioneiras, que tenham soluções para um agronegócio mais assertivo e sustentável.
Com a divulgação recente dos vencedores, diversos projetos foram escolhidos para o programa de impulsão, que irá colocar os projetos no mapa. Entre eles, dois projetos de cooperativas, que se destacaram ao evidenciar o trabalho constante do setor em busca de técnicas mais sustentáveis.
Agricultura regenerativa
Abordagem criada para a renovação e manutenção do solo, a agricultura regenerativa tem despontado como uma das grandes tendências para 2022 e além. Tamanha a importância deste tópico, a Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé) foi premiada no programa da Bayer com o seu projeto “Sustenta Mais: Agricultura Regenerativa”. Com foco na produção de café, a proposta busca fazer uma análise minuciosa do solo, como explica Mário Ferraz de Araújo, Gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé.
“O projeto utiliza tecnologia brasileira e adaptada para solos tropicais para diagnosticar, tratar e regenerar o solo a nível de ultra-detalhe (subáreas). A metodologia foi desenvolvida com apoio da UNESP uma jovem universidade destaque da América Latina e da FAPESP uma das principais agências de financiamento tecnológico do Brasil e referência internacional”, destaca. A partir disso, a cooperativa realiza um mapeamento que irá otimizar a produção de café, diminuindo possíveis impactos de um solo menos saudável. “O projeto vai identificar e criar mapas dessas nanopartículas. Quando essa nanopartícula muda, muda também o potencial natural do solo em produzir café, a planta tem diferentes comportamentos de bebida, muda potencial do solo de resposta aos adubos e diferentes insumos. Logo, o mapa dessas nanopartículas irá permitir práticas agronômicas ainda mais assertivas e sustentáveis a nível de DNA do solo, digamos assim”, ele completa.
Assim como tantos outros, o projeto Coopera+ Impulsão é apenas uma das iniciativas criadas em busca da modernização do agronegócio. Para Araújo, a existência desse tipo de projeto é essencial, uma vez que produzem impactos na produção não apenas no curto prazo, mas principalmente no longo.
“Esses projetos ajudam a transformar agricultura por meio da ciência para agricultura tropical. Iniciativas como essa do Programa estimulam conexões e parcerias estratégicas para unir forçar e somar competências já instaladas em diferentes locais para solucionar um desafio comum”, afirma. Somado a isso, ele reconhece a premiação como uma grande oportunidade para a cooperativa, que tem firmado seu compromisso com a agenda ESG no agro mundial. “Para Cooxupé é a oportunidade de contribuir com um Planeta sustentável. Daqui 80 anos seremos cerca de 10 bilhões de pessoas morando no Planeta Terra e tomando café. Só no Brasil são consumidas mais de 300 milhões de xícaras de café por dia. Como preparar nosso sistema de produção de alimentos como café para atender essa demanda? Essa é nossa responsabilidade junto ao cooperado e o mundo”, conclui.
Revolucionado o mercado de insumos
Ao lado da Cooxupé, a Coopercitrus – Cooperativa Agrícola foi a segunda selecionada pelo projeto. Através do projeto “Calda Inteligente”, a cooperativa mudar a forma como os insumos são administrados, diminuindo seus impactos na produção. “Este projeto possibilita melhorar a qualidade da aplicação de defensivos agrícolas, com isso melhor performance, também elimina risco de contaminações, desta forma temos o orgulho de levar ao campo uma evolução do processo aos nossos cooperados e produtores de qualquer localidade do globo, buscando um mundo melhor”, explica Marcelo Henrique Bassi, Superintendente de Desenvolvimento Agrícola da Coopercitrus.
Ao explicar os motivos pelos quais a cooperativa escolheu o nome “Calda Inteligente”, Bassi destaca a assertividade que o programa traz para o processo de aplicação e utilização de insumos. “Denominamos o projeto assim porque ele afere via aplicativo a compatibilidade da mistura, e sua ordem, evita o contato humano com o produto além de evitar possível derramamento, através de dispositivos mecânico elétrico faz a dosagem correta prescrita pelo engenheiro agrônomo, além de fazer a tríplice lavagem que é exigida por lei, ou seja, contemplamos vários atributos em ESG”, completa.
Porém, o projeto não se trata de uma iniciativa pontual da cooperativa. Como Bassi explica, a organização tem um histórico de preocupação com soluções para o campo e o produtor, incluindo outros projetos que a cooperativa não julgou adequados para participarem do Coopera+. Para isso, uma análise mais completa foi realizada. “A Coopercitrus há vários anos estruturou sua área de tecnologia voltada para o campo e nossos cooperados, com soluções únicas e que melhoram suas tarefas na produção no dia a dia. Alinhado com este propósito, temos em vista alguns possíveis projetos. Especificamente para o projeto Coopera +, fizemos algumas reuniões para definir os melhores projetos que se enquadravam a ele, com premissas fortes para solucionar problemas ainda sem solução e voltadas para contemplar as boas práticas em ESG”, conclui.
Os próximos passos do agro
Com a premiação, agora as cooperativas poderão contar com um aporte financeiro que irá auxiliar no desenvolvimento dos projetos selecionados. Além disso, uma extensa consultoria, oferecida pelo G.A.C Group irá ajudar a impulsionar tais projetos de inovação, colocando-os de vez em andamento.
Ao analisar os próximos passos da cooperativa, Araújo destaca que agora a Cooxupé entra na fase de implantação do projeto. “O primeiro passo é destrinchar os entraves burocráticos para que a Cooxupé possa vir acessar a premiação. As reuniões entre os departamentos jurídicos Bayer e Cooxupé já estão agendadas bem como as reuniões entre as equipes de trabalho Cooxupé e parceiras (QUANTICUM e IFSULDEMINAS)”, nos conta.
Ao lado dele, Bassi e a Coopercitrus também entram num processo inicial de prototipação do projeto Calda Inteligente, visando a expansão para os cooperados. “Neste momento estamos em desenvolvimento de engenharia, após isso montaremos o primeiro protótipo com validação a campo. A Bayer contratou uma empresa de gestão de projetos para amparo, com metodologia especifica, até junho esperamos estar com o protótipo validado indo para a fase de produção de produto final”, conclui.
Nos próximos meses, tais projetos devem se firmar no mercado, e seus impactos começarão a serem sentidos pelos cooperados e produtores. Mas um fato é inquestionável: a partir de agora, iniciativas como essa serão vitais para um agronegócio mais forte, sustentável e capaz de suprir a demanda cada vez maior. Para que no final o resultado se mostre satisfatório, um trabalho conjunto deverá entrar em ação, envolvendo os setores público e privado, mas também a sociedade como um todo. Apenas assim, o agro realmente estará preparado para as próximas décadas.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop