Redução nas emissões de CO₂ e economia de água estão entre os benefícios das tecnologias usadas para mitigar impactos da agricultura
Estimar o melhor momento para colheita e a qualidade da lavoura é, atualmente, um dos principais desafios de produtores de culturas subterrâneas, como amendoim, batata e batata-doce. Como não é possível visualizar os frutos até o momento da colheita, o monitoramento do plantio torna-se mais complexo. Para solucionar essa questão, pesquisadores brasileiros utilizaram sensoriamento remoto, drones, máquinas agrícolas e inteligência artificial para criar modelos que analisam remotamente folhas de plantas, como o amendoim, medindo seu rendimento e maturidade. Essa tecnologia aumenta a produtividade e reduz os impactos da agricultura com a redução nas emissões de CO₂ pela menor mobilização do solo.
“Os modelos que desenvolvemos conseguem estimar com mais de 90% de precisão a maturidade do amendoim, por exemplo, eliminando a necessidade do arranquio. No caso da batata-doce, conseguimos estimar até mesmo o tamanho da cultura”, disse Rouverson Pereira da Silva , professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Jaboticabal, à Agência FAPESP
Resultados do projeto, apoiado pela FAPESP , foram apresentados em painel sobre agricultura digital na FAPESP Week Spain , realizada na Faculdade de Medicina da Universidade Complutense de Madri (UCM) nos dias 27 e 28 de novembro.
Resultados do projeto que reduz impactos da agricultura, apoiado pela FAPESP, foram apresentados na FAPESP Week Spain | Foto: Elton Alisson/Agência FAPESP
Os modelos computacionais também permitem estimar a produtividade de culturas, otimizando a regulagem de máquinas agrícolas para uma colheita mais eficiente e com menos perdas, explicou o professor. Essas estimativas utilizam imagens de drones ou satélites que medem a reflectância da planta, ou seja, a energia solar refletida em bandas visíveis (verde, amarelo, azul) e invisíveis (infravermelho e borda do vermelho), possibilitando o cálculo preciso dos índices de maturação.
Economia de água na agricultura
Outro projeto financiado pela FAPESP também se propõe a ser um aliado na hora da reduzir impactos da agricultura de forma eficiente: por meio de um radar miniaturizado em drones, pesquisadores da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp (Feagri-Unicamp) conseguem mapear a umidade do solo em plantações, como a de cana-de-açúcar. Desenvolvida em parceria com a IBM Brasil, a tecnologia analisa ondas de radar emitidas em três bandas, capazes de penetrar o solo e estimar a água disponível em diferentes áreas da lavoura. Como resultado, foi criada a startup Radaz, apoiada pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).
“A precisão do sistema para estimar a umidade relativa de uma parcela de solo monitorada é maior do que 90%”, contou à Agência FAPESP Barbara Janet Teruel Medeiros , professora da Feagri e integrante do projeto. Segundo ela, ao estimar a umidade do solo de uma plantação, é possível implementar sistemas de irrigação com taxa variável, resultando em maior economia de água. “Dessa forma não seria mais preciso abrir o sistema de irrigação para escoar uma quantidade de água desnecessária”, pontua.