Resumo da Notícia
O projeto S teve início em 17 de fevereiro
A população vacinada será acompanhada por um ano
27,1 mil pessoas foram imunizadas com as duas doses da CoronaVac em Serrana
O estudo foi realizado pelo Instituto Butantan
Nesta segunda-feira, 31 de maio, o governo do estado de São Paulo divulgou os resultados do Projeto S, que foi iniciado no dia 17 de fevereiro em Serrana, cidade do interior paulista. A vacinação contra a covid-19, finalizada em abril, alcançou 97,9% da população, o equivalente a 27,1 mil pessoas.
Como resultado, as mortes pela covid-19 tiveram uma queda de 95% no município. “Serrana se transformou em um laboratório de doenças epidemiológicas, que deveria ser um exemplo para o mundo”, comemora Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
Como funcionou o estudo?
Em 2020, a população de Serrana era de 45.644 pessoas, sendo 28.380 representada por adultos. Em seguida, a cidade foi dividida em 25 pequenas áreas, que foram agrupadas por cores (amarelo, verde, cinza e azul). Para o início da imunização contra a covid-19, houve um sorteio a partir dessas regiões, justamente para que não houvesse nenhum tipo de viés. Vale lembrar que o projeto S começou na 6ª semana epidemiológica e terminou na 19ª.
Quanto a aceitabilidade do projeto em Serrana, 97,7% tomaram a primeira dose, representando 27.722 pessoas imunizadas. Quanto a segunda dose, 27.160 pessoas receberam o imunizante, indicando 97,9% daqueles que foram vacinados com a primeira dose.
27,1 mil pessoas foram imunizadas com as duas doses da CoronaVac em Serrana (Foto: iStock)
De maneira geral a cobertura vacinal da cidade sede do projeto S foi de 95,7%. “Poucos programas de vacinação no mundo tem um valor tão expressivo como esse. As pessoas confiaram e entenderam que essa é a melhor estratégia”, comenta Marcos Borges, diretor do hospital estadual de Serrana e um dos coordenadores do projeto S.
Segurança da vacina
Das 54.882 doses da CoronaVac aplicadas, houveram apenas 67 eventos adversos graves, mas nenhum deles relacionados à vacinação, segundo o estudo. Quanto a primeira dose, 4,4% relatou reações adversas, contudo 0,02% tiveram eventos de grau 3, considerando algum tipo de interferência no dia a dia, como casos de cefaleia (dor de cabeça). Na aplicação da segunda dose da vacina, não foram registrados eventos de grau 3 nas pessoas imunizadas.
Entre as imunizações, houveram 15 internações e 5 óbitos em pessoas acima de 60 anos e 28 internações e 2 óbitos em pessoas abaixo de 60 anos. Cerca de 14 dias após a aplicação da primeira dose, o número caiu para 2 internações e 1 óbito nas pessoas acima de 60 anos e 3 internações nas menores de 60 anos. Após 14 dias da segunda dose da CoronaVac, foi registrado apenas duas internações em pessoas com menos de 60 anos, sem nenhum óbito nos grupos vacinados.
Segundo o Instituto Butantan, os casos sintomáticos da covid-19 despencaram em 80%, as internações em 86% e os óbitos em 95% depois da aplicação da segunda dose. O resultado do projeto mostrou ainda que a vacinação protege tanto os adultos que receberam as duas doses, quanto crianças e adolescentes com menos de 18 anos não vacinadas. “A redução de casos em pessoas que não receberam a vacina indica a queda da circulação do vírus. Isso reforça a vacinação como uma medida de saúde pública, e não somente individual”, explica o diretor de ensaios clínicos do Instituto Butantan, Ricardo Palácios, também diretor do estudo.