O Projeto Amazônia 4.0 vai criar um “biobanco” de dados sobre o genoma de espécies amazônicas para garantir a propriedade intelectual e a geração de renda às comunidades locais, além de favorecer a sustentabilidade no bioma.
O Amazon Biobank, como é chamado, deve entrar em operação em 2022 para armazenar o sequenciamento genético das espécies coletadas pelos próprios moradores locais.
Assim, as informações referentes aos DNAs dos organismos da Amazônia poderão ser vendidas à indústria farmacêutica, agropecuária, cosmética e alimentícia.
As possibilidades de aplicação são praticamente infinitas, mas precisam ser descobertas. Veja também o episódio 10 do AgEvolution com o tema “O Futuro é Biodigital” com alguns exemplos de bioinsumos da Amazônia.
Em outras palavras, a iniciativa evitará a exploração extrativista, já que os genomas poderão ser multiplicados em outros ambientes, e gerará renda a comunidades amazônicas.
Além disso, a Amazon Biobank vai favorecer o conhecimento sobre biodiversidade do bioma mais rico do planeta e suas aplicações.
O Projeto Amazônia 4.0 é desenvolvido pelos irmãos Ismael e Carlos Nobre, tem apoio de dezenas de entidades e empresas e, inclusive, foi apresentado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Genomas da comunidade
Segundo o projeto, no Laboratório de Criação Genômica, a própria comunidade será treinada para fazer o sequenciamento genômico de espécies. Para garantir os direitos de propriedade intelectual deste trabalho, o laboratório utilizará um sistema de blockchain colaborativo.
Operando como livro de registro digital, esse sistema garantirá a transparência e a rastreabilidade das contribuições de cada indivíduo ou organização não governamental (ONG) ao biobanco.
Haverá também um sistema de busca de espécies documentadas, um sistema de proteção de dados e mecanismos para entrega de sequenciamento genômico às partes interessadas.
“O mecanismo de distribuição de dados para destinatários precisa ser muito robusto, porque estamos falando de muitos gigabytes ou até terabytes por sequência de DNA”, explica Marcos Simplício, Marcos Simplício, membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos e líder técnico do Biobank.
Riqueza
A Amazônia é um dos biomas mais ricos em biodiversidade do mundo. Estudo de pesquisadores brasileiros publicado pela Agência Fapesp revelou que existem 14.003 espécies de plantas com sementes, das quais 52% são arbustos, cipós e ervas. As árvores são representadas por 6.727 espécies.
Muitas dessas plantas possuem características bioquímicas ainda desconhecidas pela humanidade, como novas moléculas, enzimas e antibióticos naturais que podem eventualmente ser utilizados pela indústria e promover o desenvolvimento socioeconômico da região.