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Projeto pretende retardar o envelhecimento do sistema imune humano (1 notícias)

Publicado em 11 de outubro de 2018

Por Elton Alisson, de Bruxelas (Bélgica), Agência FAPESP

Consórcio de pesquisa belga quer desenvolver estratégias que possibilitem diagnosticar precocemente e prevenir o surgimento de doenças crônicas relacionadas à idade (foto: Léo Ramos/Revista Pesquisa FAPESP)

O envelhecimento da população da Euroregião de Meuse-Rhine – uma região transfronteiriça europeia criada em 1976, com 11 mil quilômetros quadrados, e que abrange cerca de 3,9 milhões de habitantes ao redor do corredor das cidades de Aachen (Alemanha), Maastricht (Holanda), Hasselt e Liège, na Bélgica – tem se tornado um problema crescente.

O aumento do número de idosos na região tem elevado as taxas de doenças crônicas relacionadas à idade, como a artrite reumatoide, asma, doenças pulmonares crônicas, neurodegenerativas e cardiovasculares. Consequentemente, os custos em tratamento de saúde têm aumentado, mas a qualidade de vida da população não tem necessariamente melhorado.

Um grupo de universidades e instituições de pesquisa da região formou um consórcio, chamado “Health Aging” (envelhecimento saudável), com o objetivo de aplicar o conhecimento e as tecnologias que produzem para identificar doenças crônicas relacionadas à idade na população em estágio inicial. E, dessa forma, retardar o surgimento delas e, quiçá, o envelhecimento do sistema imune.

Parcerias

O projeto foi apresentado por Niels Hellings, professor da Hasselt University, da Bélgica, em palestra na segunda-feira (08/10) na FAPESP Week Belgium. O encontro, realizado em Bruxelas até dia 9 de outubro, e em Liège e Leuven, no dia10, reuniu pesquisadores brasileiros e belgas com o objetivo de estreitar parcerias em pesquisa.

“O objetivo do consórcio é desenvolver estratégias que possibilitem diagnosticar precocemente e prevenir o envelhecimento do sistema imune e doenças crônicas relacionadas à idade”, disse Hellings.

“Dessa forma, seria possível intervir de modo personalizado em doenças crônicas para melhorar a resposta ao tratamento, desenvolver terapias novas e mais eficientes”, avaliou.Imunossenescência

De acordo com o pesquisador, o surgimento de doenças crônicas relacionadas à idade deve-se ao envelhecimento do sistema imunológico.

À medida que os humanos envelhecem o sistema imunológico também torna-se senil – um fenômeno chamado imunossenescência.

“A imunossenescência afeta tanto a imunidade inata quanto a adaptativa. Há um declínio da resposta imune adaptativa com a idade”, afirmou.

Algumas das consequências do envelhecimento do sistema imune são o aumento da suscetibilidade a infeções, desenvolvimento de câncer – em razão da menor imunidade antitumoral – e diminuição da resposta a vacinas. Enquanto a vacina contra a gripe apresenta entre 70% e 90% de eficácia em adultos jovens, nos idosos esse número cai para entre 17% e 53%, comparou Hellings.

Ainda não há, porém, marcadores biológicos (biomarcadores) que possam ser usados como medidas para retardar o envelhecimento do sistema imune, apontou o pesquisador.

“Não existe nenhuma ferramenta para discriminar o envelhecimento imune normal do patológico, por exemplo, e evidências de que o envelhecimento imune possa ser revertido em humanos”, afirmou.

Por meio do projeto, os pesquisadores pretendem desenvolver proteínas de fusão de receptores (RFPs, na sigla em inglês) – que capturam e inibem citocinas inflamatórias, como a IL-6, envolvida no envelhecimento inflamatório – para direcionar novos biomarcadores e outros já existentes envolvidos no envelhecimento imune e em doenças crônicas.