Um grupo de pesquisadores iniciou um projeto inovador para alterar a composição da madeira do eucalipto, com o objetivo de obter material genético com mais qualidade e que possibilite a diminuição nos custos do processo industrial da produção de papel. A pesquisa, conhecida como "Alteração da qualidade da madeira em eucalipto", está sendo realizada por meio de uma parceria entre o Instituto Uniemp - Fórum Permanente das Relações Universidade-Empresa e a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq). A Cia Suzano de Papel e Celulose é a patrocinadora do projeto, junto com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Para melhorar a qualidade da madeira do eucalipto, o grupo de pesquisadores do laboratório de genética Max Feffer vai utilizar técnicas de biotecnologia, como transgenia, genômica, proteômica e bioinformática. "A pesquisa que estamos desenvolvendo visa alterar a expressão dos genes responsáveis pela composição química da parede celular do eucalipto. A idéia é diminuir o teor de lignina e de outros produtos químicos existentes na madeira e que são difíceis de extrair no processo de produção do papel", explica o coordenador do projeto pela Esalq, Carlos Alberto Labate. Com essas alterações os custos para obtenção de celulose serão menores, garantindo mais rendimento da produção. Ou seja, será usada a mesma quantidade de madeira para conseguir mais quantidade de celulose.
Uma vantagem importante é que o resultado da pesquisa implica menor impacto ambiental, uma preocupação crescente das empresas do segmento, já que a idéia é diminuir a quantidade de compostos químicos (ácidos, metais pesados, cloro, entre outros) no processo de extração da celulose.
Atualmente, o grupo já identificou genes de interesse que serão introduzidos no eucalipto para diminuir o teor de lignina. O próximo passo, de acordo com Labate, é realizar as análises químicas, bioquímicas e moleculares para avaliar o impacto que terão na composição da madeira do eucalipto. A partir desses resultados, os pesquisadores começam os testes com árvores transgênicas em condições de campo em áreas designadas e com a aprovação do Ministério do Meio Ambiente através do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio). O projeto deve ser finalizado em julho de 2005.
Além da inovação para o mercado de papel no Brasil, a pesquisa de melhoria da celulose do eucalipto poderá, no futuro, ser aplicada por países que utilizam outros tipos de árvores na produção do papel, como o pinos e o populos. No Brasil, o eucalipto é a árvore mais utilizada para a produção de papel.
Notícia
Correio do Estado (Campo Grande, MS)