Da Redação, com informações da Agência Fapesp
Um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade, a Mata Atlântica é também um dos mais ameaçados de extinção, hoje reduzida a menos de 8% de sua extensão original. São Paulo abriga 15% do que restou. Um projeto ligado ao Biota-Fapesp reúne especialistas em solo, vegetação e luz com a tarefa de descobrir as razões das diferenças entre as florestas paulistas.
Para Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor da Esalq/USP - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - saber como uma floresta se diferencia, se reorganiza e reage a fenômenos locais ou globais, como as mudanças climáticas, é fundamental para estabelecer mecanismos mais eficientes de conservação da biodiversidade e também de restauração dessas áreas.
Intilulado 'Diversidade, dinâmica e conservação de árvores em florestas do Estado de São Paulo: estudos em parcelas permanentes', o projeto demarcou quatro áreas de 10 hectares cada e que representam os principais tipos de vegetação natural no estado: uma amostra de Mata Atlântica do interior, o Cerradão, a restinga e uma amostra de Mata Atlântica da Serra do Mar. A ideia era conseguir entender o funcionamento e os respectivos componentes de cada uma dessas amostras, de forma particular, e depois comparar os dados entre elas. “Os resultados revelaram que as florestas são organismos únicos, dotados de diferenças significativas no modo de funcionamento”, afirma Rodrigues.
Na Mata Atlântica do interior, integrada à Estação Ecológica de Caetetus, a fertilidade do solo contribui para a diversidade de árvores da floresta. Foram identificadas 150 espécies com até 30 metros de altura. Para as plantas dessa floresta, não faltam nutrientes nem água, porque o solo retém a chuva que cai entre novembro e janeiro.
Na reserva de Mata Atlântica que integra o Parque Estadual Carlos Botelho foram identificadas 240 espécies de árvores. A área se caracteriza por árvores com troncos cobertos de bromélias e por ser a mais escura das quatro estudadas.
Já o Cerradão da Estação Ecológica de Assis, no município de Assis, é o ambiente mais iluminado e seco dos quatro. Apresenta a maior densidade de árvores: 23.495 em 10 hectares, quase o dobro das outras áreas, embora a diversidade seja a menor: apenas 122 espécies. Mas as árvores raramente passam dos 15 metros por causa do solo pobre em nutrientes.
Na restinga do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, em Cananeia, foram identificadas 16.890 árvores de 177 espécies diferentes. Nesse ambiente, elas raramente passam dos 15 metros de altura por causa do solo pobre em nutrientes, como no Cerradão. Rodrigues destaca que remedições periódicas precisam ser feitas, especialmente nas florestas da região oeste paulista, em que há fragmentos muito pequenos, mas com papel importante na conservação da biodiversidade remanescente.