Um circo tecnológico, criado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vai viajar pelo Brasil para disseminar, para as crianças, conceitos e conhecimentos sobre a nanociência, uma área onde tudo se mede numa escala de um milhão de vezes menor que um milímetro. O Circo das Ciências, que consumiu R$ 2 milhões em investimentos, está sendo montado no Parque Portugal, ao lado do Planetário, propondo aos estudantes uma aventura tecnológica (uma nanoaventura), que mescla animação, filmes, teatro e jogos eletrônicos.
O Circo das Ciências será inaugurado no dia 4 de abril, em uma solenidade destinada a apresentar o projeto aos financiadores, parceiros e comunidade. Já no dia seguinte será desmontado e levado para o Rio de Janeiro para sua primeira demonstração no 4º Congresso Mundial de Centros de Ciência, de 11 a 17 de abril. Depois voltará para Campinas, onde permanecerá até junho. Na seqüência, em julho, irá para Fortaleza, para ser apresentado no congresso anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A tenda tecnológica, que tem como modelo visual a estrutura atômica do carbono, é o primeiro projeto do Museu Exploratório de Ciência, que está sendo planejado pela universidade para ser um espaço capaz de divulgar a ciência com qualidade e de tornar-se um pólo de lazer e turismo referência nacional e internacional.
O Circo das Ciências, diz o coordenador do projeto, Marcelo Knobel, será o cartão de visitas para atrair investimentos para a implantação do Museu Exploratório de Ciências.
A proposta é levar a ciência a várias partes do País, com um aparato tecnológico, em que os jovens possam participar de jogos educacionais com conteúdos sobre nanociência e nanotecnologia, mas de forma lúdica.
O projeto é uma parceria entre a Unicamp, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, o Instituto Sangari e a Prefeitura Municipal de Campinas. Conta ainda com apoio da Fundação Vitae e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Os jovens poderão participar de quatro jogos eletrônicos. Um deles é um passeio pelo Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS). O jogo está estruturado para que 12 crianças participem simultaneamente, escolhendo seus personagens, os avatares. No jogo, ela se encontra com um professor que vai levá-la para visitar uma experiência em microscopia, que é a fabricação de nanofios de ouro, informa o pesquisador do LNLS, Régis Neuenschwander. Cada jogo dura 10 minutos.
Célula doente
Os jogos propõem, ainda, na área de fármacos, por exemplo, encontrar a molécula capaz de destruir uma célula doente. Ou então a produzir nanocomponentes ou ainda a limpar uma amostra, retirando átomo por átomo usando microscopia de força atômica.
Os estudantes, informa Knobel, percorrerão, nos jogos eletrônicos, laboratórios reais e acompanharão experiências também reais que acontecem nos laboratórios. "Queremos que as crianças entrem no mundo da nanociência e por isso fugimos da ficção científica. Queremos que elas aprendam como um cientista faz nanociência no mundo real", informa Knobel.
Notícia
Correio Popular (Campinas, SP)