O Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC), do campus são-carlense da Universidade de São Paulo (USP), deverá concluir até o final deste mês a primeira fase de um projeto de educação ambiental estruturado para oferecer apoio ao Programa de Coleta Seletiva desenvolvido pelo Governo Participativo de São Carlos, informa o secretário Yashiro Yamamoto, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia (SMDS).
Yashiro Yamamoto adianta que "esta será certamente uma contribuição importantíssima para nos auxiliar a atingir o objetivo de levar a coleta seletiva a toda a cidade, ampliando a adesão da comunidade à iniciativa". Ele acrescenta que o Programa de Coleta Seletiva completa um ano de atividades nesta terça- feira (3/6) e recorda que ao longo dos seus seis primeiros meses de trabalho, na região piloto de Vila Nery, foram recolhidas cerca de 100 toneladas de materiais recicláveis.
E desde o final de abril deste ano, quando cerca de trinta trabalhadores que recolhiam resíduos no aterro sanitário não mais foram autorizados a exercer essa atividade no local, para que uma nova célula do aterro pudesse ser iniciada, sua incorporação ao programa possibilitou a ampliação da área de coleta, que agora alcança também o espaço entre a Avenida São Carlos e o bairro de Santa Mônica, atrás da Santa Casa, compreendendo o entorno do campus da USP, Vila Pureza, Cidade Jardim, Santa Paula, Jardim Centenário, Santa Marta e Jardim Bandeirantes.
O secretário destaca que o projeto de políticas públicas "Educação ambiental como instrumento para o gerenciamento de resíduos sólidos domiciliares - uma proposta de ação comunitária para o Município de São Carlos", cuja primeira fase está sendo finalizada pelo CDCC, com recursos levantados junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), tem o apoio institucional da SMDS e também das secretarias de Obras, Transportes e Serviços Públicos e da Cidadania e Assistência Social.
PRIMEIRA FASE PESQUISA DE CAMPO
O coordenador do projeto, Prof. Dr. Antônio Aprígio da Silva Curvelo, professor do Instituto de Química da USP e vice-diretor do CDCC, explica que, nesta primeira fase do projeto, uma pesquisa de campo foi realizada em três áreas da cidade, com diferentes níveis de renda familiar, nas quais os moradores foram entrevistados para verificar qual o nível de informações da comunidade sobre a coleta seletiva.
Através do questionário utilizado procurou-se apurar se os entrevistados têm disposição de colaborar com o Programa de Coleta Seletiva e também qual é o seu perfil do relacionamento comunitário, se freqüentam clubes ou igrejas, por exemplo. O coordenador do projeto esclarece que isso foi feito com o objetivo de avaliar quais podem ser os locais mais adequados para a eventual afixação de cartazes educativos e para o desenvolvimento de outras atividades de comunicação de interesse do programa de coleta seletiva.
O professor Aprígio lembra que foi feita também uma coleta de lixo, que foi levado até o CDCC, onde o material foi examinado, para caracterizar o volume de massa úmida e as quantidades dos vários materiais recicláveis presentes, como papéis e papelões, vidros, metais e plásticos. Os dados do levantamento estão sendo processados e os resultados finais serão divulgados somente após a conclusão do relatório da primeira fase do projeto.
Sílvia Aparecida Martins dos Santos, do Setor de Biologia e Educação Ambiental do CDCC, integrante da equipe do projeto, ressalta que "os objetivos do projeto vão além da questão da coleta seletiva, buscando estimular a reflexão sobre a própria geração dos resíduos, o que envolve mudança de valores e alterações de hábitos de consumo".
São esperados quatro resultados da primeira fase: 1) conhecimento do perfil socioeconômico da população entrevistada e das características dos resíduos sólidos domiciliares coletados nesta comunidade (quantidade e tipo de resíduo); 2) definição do modelo de coleta seletiva para ser implantado junto à comunidade envolvida; 3) definição da proposta de educação formal e não formal de educação junto à comunidade envolvida; 4) produzir dados de caracterização de resíduos sólidos domiciliares que auxiliem a Prefeitura em sua tarefa de gerenciar a coleta de lixo (normal e/ou seletiva) da cidade.
Na segunda fase do projeto, com previsão de até dois anos de duração, fase que depende da aprovação prévia da Fapesp, a equipe do CDCC, a partir da análise dos elementos agora levantados e da proposta de educação ambiental formulada, desenvolverá materiais instrucionais de apoio para estimular as atividades do Programa de Coleta Seletiva.
Nessa ocasião serão definidos quais são os meios de comunicação -junto à comunidade e ao público escolar -mais adequados para alcançar o objetivo pretendido, como. entre outros, anúncios de jornal, rádio e TV, palestras, vídeos educativos, folhetos e cartazes.
Notícia
A Folha (São Carlos, SP)