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Revista Metal Mecânica (Ipesi)

Projeto da USP estuda tecnologias para integrar de maneira eficiente os parques eólicos offshore à rede elétrica (9 notícias)

Publicado em 07 de junho de 2024

Um projeto do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), da Universidade de São Paulo (USP), está investigando a melhor maneira de levar a energia elétrica que será produzida nos futuros parques eólicos offshore na costa do Brasil para o continente. E, ainda, qual a forma mais adequada de abastecer com eletricidade as plataformas de óleo e gás instaladas no oceano.

O RCGI é um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) montado na Escola Politécnica da USP (Poli-USP) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da Shell, e no qual 20 pesquisadores, entre docentes, pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos e graduandos, trabalharão ao longo de três anos na criação de ferramentas capazes de auxiliar na escolha da tecnologia mais adequada para a transmissão de energia em cada caso, no âmbito de um programa financiado pela empresa de multienergia TotalEnergies.

“O projeto tem dois objetivos distintos, que compartilham um elemento comum: a transmissão de energia pelo mar”, explica o engenheiro eletricista Renato Machado Monaro, professor da Poli-USP e coordenador dos trabalhos.

No entanto, de acordo com o professor, as duas vertentes têm características diversas. Os parques eólicos offshore serão construídos perto da costa. Os projetos preveem distâncias de até 20 a 30 km da praia, boa parte deles ainda na plataforma continental, onde a lâmina d´água é mais rasa. Já as plataformas de petróleo são, naturalmente, instaladas onde está o óleo.

ÁGUAS PROFUNDAS – Ele acrescenta que as plataformas brasileiras com estrutura para exploração de petróleo e gás estão situadas em média a 148 km de distância, com as mais distantes chegando a 300 km da costa, na bacia de Santos, no estado de São Paulo, por exemplo, em águas profundas ou ultraprofundas.

Atualmente, a energia consumida nessas plataformas vem do gás do próprio poço de exploração. Ou seja, as plataformas funcionam hoje como um sistema isolado, não integrado. Outra ideia com a integração é de também descarbonizar o máximo possível a extração do óleo.

“No contexto das mudanças climáticas, empresas e países têm trabalhado com um período de transição energética, onde há uma descarbonização gradual das atividades”, diz Monaro. “Com a eletrificação das plataformas, diminuiremos a nossa dependência de petróleo, pois emitiremos menos CO2 nessa exploração”, acrescenta o pesquisador, segundo quem o consumo de petróleo deve diminuir ao longo das próximas décadas, mas dificilmente irá desaparecer.

O projeto já está bem encaminhado. Os pesquisadores estão realizando um levantamento dos limites tecnológicos, dos custos dos sistemas e materiais já utilizados em outros países, como cabos de transmissão, transformadores, conversores, entre outros, bem como as perspectivas futuras do segmento.

Também investigam a capacidade de geração dos parques eólicos planejados e o quanto deverão produzir de energia, além de avaliar a quantidade de energia consumida pelas atuais plataformas. (Alberto Mawakdiye)