Notícia

Jornal da USP online

Projeto da USP cria plano de sustentabilidade no ambiente digital para acervo de imagens (1 notícias)

Publicado em 21 de maio de 2025

Proposta parte do coletivo e espera garantir a longevidade da plataforma colaborativa Arquigrafia da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design da USP; outra ação realizada pela equipe é a remodelagem de seu site por meio de sessões de codesign

Pensar coletivamente um futuro digital sustentável e o aprimoramento das funcionalidades de uma plataforma colaborativa que acolhe mais de 14.000 imagens de edifícios e espaços urbanos do Brasil e de países de língua portuguesa. Foi com isso em mente que a equipe do Arquigrafia, projeto temático , apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP),

realizou, recentemente, um workshop de sustentabilidade sociotécnica e uma série de sessões de codesign.

As atividades reuniram diferentes participantes, de dentro e de fora da equipe, como pesquisadores, bolsistas e usuários, para discutir alternativas que assegurem a atualização técnica, a preservação dos dados e a manutenção da plataforma colaborativa mesmo em um eventual momento de transição entre financiamentos de agências de fomento.

A realização do workshop de sustentabilidade sociotécnica, segundo Martim Passos, bolsista de treinamento técnico nível V (TT-V) do Arquigrafia que tomou a iniciativa de realização do evento, foi inspirada pelo o que é feito no laboratório de mídias visuais da Universidade de Pittsburgh.

Esse workshop é uma etapa fundamental no planejamento de médio e longo prazos da plataforma colaborativa atual e de suas futuras versões. Isso porque, de acordo com ele, a atividade permitiu alinhar a equipe em relação ao escopo do projeto, definir prioridades e traçar um plano de ação para viabilizar seus objetivos intelectuais e técnicos, considerando as tecnologias adotadas, as responsabilidades de cada um de seus membros e as necessidades dos usuários.

Além disso, “o workshop nos proporcionou um entendimento mais claro sobre quais componentes do projeto são essenciais e como viabilizá-los de forma sustentável, garantindo sua continuidade ao longo do tempo”, destaca Passos.

Workshop de sustentabilidade sociotécnica – Foto: Acervo Arquigrafia

Para uma preservação duradoura no ambiente digital

De acordo com o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU) e coordenador do projeto, a importância de a equipe traçar um plano de sustentabilidade sociotécnica durante o workshop relaciona-se à preocupação com a preservação da plataforma colaborativa, com a sua continuidade e suas perspectivas de desenvolvimento.

Isso diz respeito a um planejamento que envolve o reconhecimento das dificuldades relativas à manutenção de projetos web seguirem ativos, mesmo em momentos de transição entre financiamentos.

“Então, ao final do projeto temático, como fica o projeto Arquigrafia em termos técnicos para sua manutenção?”, questiona. “Ele ficará na nuvem USP com apoio técnico eventual de ex-bolsistas, que serão acionados voluntariamente para fazerem uma manutenção pontual? Ou o projeto será, digamos, acolhido e abrigado em alguma instância da USP e essa manutenção será feita pela própria universidade, pelos seus quadros técnicos?”

Segundo Rozestraten, “a nossa grande questão é: como artefatos, como o Arquigrafia e outros que a universidade desenvolve, se mantêm ativos, em condição de uso e com uma possibilidade de desenvolvimento e adequação às novas tecnologias, na medida em que eles não contam com apoio financeiro externo, como é o nosso caso agora com a FAPESP”.

Martim Passos lembra que o que ocorre frequentemente é que, ao término do financiamento, os projetos ficam sem manutenção ou atualização, limitando seu alcance junto aos usuários, acumulando erros, bugs e, eventualmente, saindo do ar. Somado a isso, a gestão de bolsistas é um desafio adicional, já que a equipe se renova periodicamente, gerando alta rotatividade.

“Isso dificulta a manutenção de um fluxo de desenvolvimento consistente e cria uma situação de ‘palimpsesto' [o software é constantemente reescrito, sem avanço linear]. A ausência de uma figura de gestor técnico contínuo, que domine o projeto em profundidade e que possa transmitir esse conhecimento, também agrava essa fragilidade”.

Para a elaboração do plano de sustentabilidade sociotécnica do Arquigrafia, algo essencial foi o trabalho colaborativo realizado. “Os membros da equipe participaram diretamente das atividades de tomada de decisão relacionadas ao futuro sustentável da plataforma, o que aprimorou seu senso de pertencimento, de valorização, de respeito e de reconhecimento. Isso, por sua vez, fortaleceu a confiança, considerada o núcleo de uma colaboração bem-sucedida, entre a equipe de desenvolvimento e os pesquisadores principais do projeto”, explica Sayed Samimi, bolsista TT-V e um dos participantes do workshop.

Outro ponto destacado por Samimi é que o trabalho colaborativo serviu como um método de ensino baseado na interação em grupo. “Ao longo do processo, os membros da equipe estiveram em constante aprendizado, o que melhorou tanto o desempenho individual quanto as interações dentro da equipe, durante e após o desenvolvimento do plano [de sustentabilidade sociotécnica]”.

Um aprimoramento a partir da colaboração do coletivo

Já as sessões de codesign, segundo afirma Ana Carolina Ribeiro, bolsista TT-IV A do Arquigrafia e responsável pela condução do evento, foram atividades que fizeram parte do processo de desenvolvimento da nova plataforma Arquigrafia 4.0 a ser implementada nos próximos meses. “Tínhamos por objetivo apresentar e validar as novas telas e mecânicas do site com a comunidade que usa a plataforma”. Isso incluiu os estudantes, os pesquisadores e os professores envolvidos com o projeto e os usuários da plataforma colaborativa.

“Além disso, sessões como essas ajudam a orientar o que é mais importante e interessante para o projeto. Muitas vezes a equipe de desenvolvimento não é capaz de enxergar ideias equivocadas ou erros porque está muito imersa no projeto. Mas quando apresentamos os resultados e os discutimos com pessoas de fora da equipe, mas que também usam e se interessam pela plataforma, podemos ter uma visão mais rica de como deve ser o resultado”, pontua.

Uma das sessões de codesign – Foto: Acervo Arquigrafia

O coordenador da equipe de desenvolvimento do Arquigrafia e bolsista TT-V Henrique Junges conta que “desde o começo do envolvimento dos bolsistas da atual equipe de desenvolvimento, existe a ideia de que a gente precisa fazer um site que realmente atenda às necessidades das pessoas que têm interesse e que participam desse projeto e que utilizam a plataforma”. Por isso, tais eventos não são internos à equipe do projeto.

Um dos participantes das sessões de codesign foi Gustavo Ribeiro, ex-bolsista de iniciação científica do Arquigrafia. Para ele, cada participante pôde contribuir para gerar um repositório de ideias, que “mesmo que não seja utilizado naquele momento, para aquela solução, o designer, no futuro, pode estar sempre voltando, checando e aprendendo coisas novas”.

De fato, segundo Ribeiro, cada sessão de codesign gerou uma série de sugestões e novas ideias que foram incorporadas ao backlog do projeto, ou seja, uma lista de funcionalidades e correções que devem ser implementadas no novo sistema.

Agora, a equipe de desenvolvimento tem trabalhado para refinar o protótipo com base no que foi discutido nessas sessões. “Ainda temos muito chão pela frente, mas, com certeza, as sessões nos ajudaram a trazer uma visão mais abrangente e refinada, fruto de um esforço colaborativo. Colheremos esses resultados um pouco mais adiante, quando a nova plataforma for publicada e estiver aberta para o público”, observa Ana Carolina Ribeiro.

Para saber o que tem sido feito pela equipe do Arquigrafia, acesse o Instagram neste link

Bolsista JC-IV junto ao Projeto Temático FAPESP Experiência Arquigrafia 4.0 e pesquisadora colaboradora da FAU

Política de uso