Começou nesta semana a etapa experimental do projeto Análise Funcional do Raquitismo da Soqueira da Cana-de-Açúcar, coordenado por Luís Eduardo Aranha Camargo, professor do Departamento de Fitopatologia e Nematologia da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz). O programa está na lista dos selecionados no início de junho pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para integrar o Bioen (Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia).
Segundo Camargo, um dos objetivos do projeto, que recebeu R$ 650 mil da Fapesp, é descobrir como a cana-de-açúcar reage quando entra em contato com a bactéria Leifsonia xyli subespécie xyli, disseminada mundialmente e causadora de perdas significativas na produção agrícola –– o chamado raquitismo. “Cultivares suscetíveis à bactéria podem apresentar redução de até 50% na biomassa e, conseqüentemente, quebra na colheita”, informa.
Identificar os genes e proteínas que interagem com a bactéria também faz parte da etapa experimental, de acordo com o professor. “A identificação dos genes que manifestam ou repelem a doença irá permitir ao menos mapear as vias de defesa metabólicas empregadas pela planta”, explica. A partir do entendimento desse metabolismo, será possível, conforme o pesquisador, selecionar variedades resistentes à bactéria e, com base nesses genes, aumentar a resistência da planta, diminuindo a perda de biomassa. “Mas isso é para o longo prazo”, faz ressalva.
O projeto, que terá duração de três anos, também envolve pesquisadores da Esalq, cientistas da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos), do Instituto de Biociências e Instituto de Química, ambos da USP (Universidade de São Paulo).
Os programas aprovados no final de junho são referentes à primeira Chamada de Propostas de Pesquisa para Pesquisa Acadêmica para Projetos Temáticos-Pronex (Convênio Fapesp-MCT/CNPq-Pronex), lançada em 3 de julho de 2008.
BIOEN – O Bioen visa a estabelecer discussões e práticas que aprimorem o conhecimento e aplicação em setores relacionados à produção de bioenergia no Brasil. Prevê a utilização de laboratórios acadêmicos e industriais para o desenvolvimento de projetos inseridos em cinco temáticas: biomassa para bioenergia (com foco na cana-de-açúcar), processo de fabricação de biocombustíveis, biorefinarias e alcooquímica, aplicação do etanol para motores automotivos, pesquisa sobre impacto socioeconômicos, ambientais e uso da terra.