Um estudo do Instituto de Biociências (IB), Câmpus de Rio Claro, analisou as representações feitas com câmeras de filmagem e de fotografia por crianças de 8 a 10 anos. Os vídeos e fotos foram criados no âmbito de um projeto educacional que busca aliar experiências escolares com a produção de imagens e o desenvolvimento de enredos e narrativas dramáticas e corporais.
"Pelas imagens, as crianças mostram que as câmeras não são usadas para filmar ou fotografar, mas para brincar", afirma o professor do IB César Donizetti Pereira Leite, coordenador do projeto intitulado Ação, Câmera, Luz: entre imagens e olhares experiência de infância e montagens. "As câmeras desaparecem como equipamentos e são usadas para explorar, não como um meio, mas como extensão do corpo.
" O trabalho começou a ser realizado em 2010, com crianças do 4º e 5º anos do ensino fundamental de escolas de Rio Claro (SP). Naquele ano, foram 25 encontros, com duração de 2h30 cada um, cada um com cerca de 30 crianças. Nas reuniões, as crianças participaram de oficina de cinema e sucata, de coleta de imagens e de montagens de filmes, o que resultou em mais de 3 mil imagens fotografias e cerca de 70 horas de filmagens.
O projeto teve o apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) e contou com uma equipe de apoio formada por duas bolsistas da Fapesp, uma da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unesp e uma aluna do Programa de Pós Graduação em Educação do IB. No ano passado, passou a ter, ainda, três bolsistas da Pró-Reitoria de Graduação e recebeu um convite para fazer uma apresentação na Universidade Católica de Leuven, na Bélgica.
Cinema e educaçãoSegundo o professor, as atividades permitem discutir conceitos de infância e as articulações com o cinema e a construção da própria subjetividade. "As crianças, diante das imagens que elas mesmas criam, não perdem a oportunidade de experimentar", conta Leite. "Elas brincam, colorem, descolorem, mudam formas, criam personagens, inventam enredos e produzem outros sentidos com sons e imagens, re-inventando os sentidos propostos".
A iniciativa gerou desdobramentos para a política educacional do município, entre elas, a realização de um projeto de formação docente orientado pela temática da imagem e do cinema na educação. A Secretaria de Educação de Rio Claro também criou, a partir dessa experiência, um grupo de estudos sobre o tema composto por professores, diretores e coordenadores de escolas de educação infantil da Prefeitura.
Na Unesp, a experiência originou o Laboratório de Estudos e Pesquisa da Imagem, Experiência e Criação (Imago). Também houve o desenvolvimento de um novo projeto de pesquisa intitulado Infância, Pesquisa e Experiência: reflexões e olhares para o desenvolvimento infantil a partir de produções imagéticas de professores e crianças, aprovado em edital do CNPq e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em dezembro de 2011.
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Fonte: Agregário
Autor: Redação