Empresas transformadoras de plásticos estão alcançando resultados significativos com o auxílio de dois programas orientados pelo Instituto de Pesquisa Tecnológica de São Paulo (IPT). Um ano depois de implantados, a média é animadora: aumento de produtividade e lucro em 10%, redução de custos de até 30%, diminuição do índice de devolução de peças defeituosas em até 50%. Mais competitivas, as empresas partem para a exportação.
Um dos programas, o Progex (Programa de Apoio Tecnológico à Empresa Exportadora) tem como foco principal adequar a produção ao mercado externo, não se limitando a atender o setor de transformação de plástico. Os resultados dos programas orientados pelo IPT serão apresentados hoje ao secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo, José Aníbal.
A Prioli & Prioli, depois de participar de duas feiras internacionais sem alcançar os resultados esperados, fará uma nova tentativa na próxima semana, quando estará expondo em Munique (Alemanha), numa feira de jóias e semi-jóias.
"Tivemos uma redução do índice de retrabalho e descarte em 30%, o que irá nos permitir oferecer um produto a preços mais competitivos e de maior qualidade. Nosso principal objetivo é conquistar o exigente mercado europeu", diz Oliver Prioli, um dos sócios da empresa que já exporta para oito países. Com capacidade para produzir 90 mil peças/mês, fabrica hoje 60 mil unidades e emprega 50 funcionários. Novas contratações irão depender do sucesso na feira alemã.
Outro caso destacado pelo IPT é o da Calçados Aragão, que depois de tentar sem muito sucesso exportar sapatos masculinos encontrou seu nicho fabricando sapatilhas de bale e vendendo, entre outros, para os Estados Unidos. "Percebemos que muitos negócios não estavam saindo por falta de adequação ao mercado alvo. Nós fazemos a adaptação tecnológica do produto quanto ao design e especificações", diz a diretora para Projetos Especiais do instituto, Mari Katayama.
Voltado inicialmente ao setor de transformação de plástico, o Prumo (Projeto de Unidades Móveis para o Atendimento Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas) atende hoje 114 empresas, mas a idéia é alcançar todas as três mil empresas do setor o que, segundo projeções do IPT, representaria um aumento de 18% nos postos de trabalho, cerca de 16 mil novos empregos, além de formar 600 novas empresas exportadoras. Para tanto, segundo a diretora de Projetos Especiais do IPT, Mari Katayama, seria necessário aumentar as atuais duas unidades móveis para 25, a um custo de R$ 150 mil cada. A unidade móvel é um minilaboratório que presta atendimento dentro da empresa. Na primeira vez em que a Cuca Arts recebeu a visita de uma dessas vans enfrentava o dilema de não conseguir produzir as peças com a qualidade exigida pelo cliente. Com a desvalorização, o comprador decidiu substituir as peças para carrinho de bebês importadas da Argentina.
Feitas as contas, no entanto, os custos da Cuca eram iguais ao do fabricante argentino e a qualidade, inferior. "Com o auxílio dos técnicos do IPT encontramos a fórmula exata para produzir com a mesma qualidade a um custo bem menor", diz o proprietário da empresa, Wladimir Bonitatibus. Redução de custos e ampliação de mercado refletiram-se no faturamento, que cresceu 80% e está em R$ 40 mil mensais.
Encontrar a fórmula exata era também o dilema de Lilian Calo, que não sabia como atender as constantes reclamações de seus clientes. Seus produtos, tapetes plásticos, empenavam e rachavam. Feitos os ajustes, hoje sua empresa, a Emiplast, atende a grandes redes varejistas como Pão de Açúcar, Wal-Mart e Madeirense.
A Plastimobile produz hoje quatro milhões de peças/mês para mobiliário e, depois de fazer uma série de adequações sugeridas pelo programa, conseguiu a aprovação do rígido controle de qualidade alemão. As exportações são de forma indireta, ou seja, fornece para uma empresa exportadora, mas o negócio só saiu depois de a empresa alemã importadora aprovar cada item que compõe os móveis.
Os programas - Prumo e Progex - são resultados de uma parceria entre o IPT, que é vinculado à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Sebrae-SP, Instituto Nacional do Plástico (INP) e Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
PRUMO E PROGEX
Resultado médio por amostragem (em%)
Faturamento - 29,0
Emprego - 16,0
Aproveitamento de matéria-prima - 25,0
Novas exportações - 20,0
Substituição de importações - 10,0
Novos investimentos - 33,0
Notícia
Gazeta Mercantil