O mais ambicioso programa sobre biodiversidade já desenvolvido no Brasil, o Biota-Fapesp, recebeu o Prêmio Henry Ford de Conservação Ambiental na categoria Inciativa do Ano na área de meio ambiente.
O prêmio, entregue em ato realizado em 24/11, em Recife, também incluiu as categorias Ciência e Formação de Recursos Humanos. Conquista individual e Negócios em Conservação.
Conhecido na Europa há 15 anos, o Prêmio Ford foi trazido para o Brasil em 96, quando a Conservation Internacional do Brasil e a Ford fixaram parceria. A meta é incentivar organizações e pessoas responsáveis pela implantação de projetos que possam servir de modelo para o país.
O Biota-Fapesp, programa multidisciplinar, vai mapear e analisar os números aspectos da biodiversidade do Estado de SP, formando amplo banco de dados acerto via Internet.
Sua meta e sistematizar informações que permitam a criação de políticas públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade paulista.
O programa aprovado em fevereiro deste ano, fará um levantamento que compreende 250 mil km2, área pouco maior que a Grã-Bretanha.
O universo dos estudos desenvolvidos pelas diferentes equipes de pesquisadores científicos de SP envolve desde microorganismo até seres mais complexos, como os vertebrados, tanto ambiente terrestre quanto do aquático.
A iniciativa de lançar o programa vem ao encontro dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil depois da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) especialmente a Convenção sobre a Diversidade Biológica e a Agenda 21, que preconizam o uso sustentável dos recursos naturais e novo modelo de desenvolvimento.
Este é um grande desafio, porque o Brasil abriga entre 15% e 20% do número total de espécies do planeta e faltam muitas informações a respeito de sua diversidade. (Assessoria de Imprensa da Fapesp)
LUTA PARA LANÇAR SATÉLITES COMERCIAIS
José Monserrat Filho
O Brasil luta mais do que nunca para poder lançar satélites comerciais dos EUA.
O Ministério da C&T deu mais alguns passos valiosos para colocar o Centro de Alcântara, perto de São Luís, no Maranhão, no mercado mundial de lançamentos, como alternativa altamente competitiva.
Alcântara, a 2,18º ao sul da Linha do Equador, permite lançamentos mais econômicos. Sua privilegiada situação geográfica é tão boa quanto a do Centro de Kourou, na Guiana Francesa, acima do Amapá, a 5º ao norte da Linha do Equador.
Kourou, o porto europeu para o espaço em plena América Latina, com suas excelentes instalações e os foguetes Ariane, de enorme confiabilidade, mantém-se há anos entre os líderes do próspero negócio de lançamentos.
Para pôr Alcântara neste negócio (de US$ 15 bilhões, hoje), o Brasil acha indispensável:
1) ter, pelo menos, um consórcio de empresas interessadas em aproveitar as vantagens comparativas de nossa base espacial e
2) garantir que o governo dos EUA não vete o lançamento, desde Alcântara e por foguetes de outros países, de satélites de suas empresas ce telecomunicações, consideradas os maiores clientes no mercado de hoje e da próxima década.
O atendimento ao primeiro requisito avançou muito com a assinatura, em Kiev, Ucrânia, em 18/11/99, do acordo-quadro de cooperação espacial entre os governos brasileiro e ucraniano.
Este acordo vem dar cobertura oficial aos entendimentos, em curso há quase dois anos, para a formação de um consórcio internacional integrado pelas empresas ucranianas lujnoie e lujni, a italiana Fiat Avio e a brasileira Infraero, responsável pela comercialização de Alcântara (desde 1º de novembro de 96).
O primeiro memorando do futuro consórcio, firmado em 7 de abril de 98, refere-se à criação em Alcântara das condições necessárias para o lançamento do foguete ucraniano Ciclon-4.
Mas o projeto ainda depende do segundo requisito, ou seja, de uma decisão positiva de Washington. Isto se tornou imperioso, em março deste ano, quando o governo dos EUA adotou nova lei, dificultando bastante o lançamento de satélites de empresas norte-americanas por empresas de outros países.
Para agravar o quadro, soube-se, em maio, que o Departamento de Estado enviara um non-paper (documento diplomático sigiloso) à chancelaria italiana, não recomendando o uso de Alcântara pela empresa italiana Fiat Avio, sob a alegação de que isto poderia facilitar a proliferação de tecnologia de mísseis.
Esta atitude pouco amistosa, capaz de cortar pela base a idéia do consórcio em torno de Alcântara, levou o governo brasileiro a negociar com o governo norte-americano sobre a delicada questão, a partir de agosto.
O esforço brasileiro, felizmente, coincidiu com a pressão de grandes empresas norte-americanas prejudicadas com a nova orientação de Washington que politizou a decisão sobre a exportação de equipamentos espaciais, ao passá-la do Departamento de Comércio para o Departamento de Estado.
Tal pressão parece ter logrado que o Congresso dos ÈUA afrouxasse certas normas nesta área, em favor de países aliados, que reclamavam estar sendo tratados como adversários.
Um ato (authorization bill) do Departamento de Estado para o ano 2000, segundo informa a imprensa norte-americana especializada, deve reduzir as barreiras para exportações do setor espacial a países aliados.
O Brasil poderá ser beneficiado, claro. Mas ainda falta um acordo final com os EUA.
Novas conversações entre os dois países devem ocorrer no início do ano. Pontos específicos precisam ser acertados, como se anuncia.
Serão novas dificuldades?
Conforme for, poderemos, literalmente, soltar foguetes.
Ou não.
SC: PROCEDIMENTO ANTI-CONSTITUCIONAL
Carta (16/11) da presidente da SBPC, Glaci Zancan, ao governador Espiridião Amin, sobre o desvio das verbas de C&T:
Senhor governador, acabamos de tomar conhecimento do teor do Decreto 596, de 6/10 p.p., pelo qual são anulados os recursos destinados à Fundação de C&T e ao Fundo Rotativo de Estímulo à Pesquisa Agropecuária do Estado, no montante de R$ 35.370.000,00.
O estado de Santa Catarina mantém instituições de pesquisa e abriga várias Universidades, detentoras de massa crítica respeitável, que dependem, para suas atividades, de investimentos constantes. No mundo de hoje, a diferença no desenvolvimento social e econômico dos povos depende basicamente de sua capacidade de geração de conhecimento e inovação tecnológica. Por isso, os governos priorizam os investimentos em C&T, incluindo a educação científica.
Lastimamos profundamente que as agências de fomento do estado estejam operando em nível insatisfatório, aumentando ainda mais o fosso tecnológico com outros estados brasileiros que dispõem de um planejamento a longo prazo para a área.
Nesta oportunidade, não podemos deixar de externar nossa perplexidade pela forma como o governo de V. Exª, simplesmente transferiu os recursos alocados às agências de fomento para outras atividades, indicando dessa forma a falta de prioridade em seu governo com relação à área de C&T. Gostaríamos de alertar procedimento anti-constitucional, porque remaneja recursos legalmente alocados para a área de C&T.
Queria, senhor governador, compreender que o futuro da população de seu estado depende das decisões que estão sendo tomadas neste momento, pois educação e ciência e tecnologia são planejadas a longo prazo.
OS 80 ANOS DE CRODOWALDO PAVAN
O renomado cientista, professor emérito da USP e da Unicamp, ex-presidente do CNPq e ex-presidente é presidente de honra da SBPC será homenageado com um simpósio em 10 de dezembro, que inicia às 9h, na Sala do Conselho Universitário da USP.
O simpósio tem por tema Universidade, Pesquisa e Globalização - O caso Brasil numa perspectiva histórica. E será aberto pelo reitor da USP, Jacques Marcovitch. A seguir, Paulo Nogueira Neto, membro da Academia Paulista de Letras, profere conferência sobre O Brasil e o meio ambiente, em sessão presidida por Elizabeth Höfling, diretora do IB/USP, tendo como debatedora Ana C. Schenberg, do ICB/USP.
Às 10h30, Warwick Kerr, professor emérito da UFU/MG e novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), profere conferência sobre o tema Universidade e o Bem-Estar da Sociedade Globalizada, em mesa presidida por Adilson Avansi de Abreu, pró-reitor de Cultura e Extensão/USP, e tendo como debatedor Oswaldo Coggiola, da DH/FFLCH e Adusp.
Às 11h30, José Fernando Perez, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa de SP (Fapesp), profere conferência sobre Financiamento de Pesquisa na Era da Globalização, em mesa presidida por Jairo Cupertino, vice-presidente executivo do Grupo Itaú, e como debatedor Marco Antônio Raupp, vice-presidente da SBPC.
Às 14h, Hernan Chaimovich pró-reitor de Pesquisa/USP, coordena mesa-redonda sobre Vale a pena falar em desenvolvimento no Brasil? O papel da Universidade e pesquisa, tendo como expositores Flávio Fava de Moraes, ex-presidente da Fapesp e hoje assessor especial do governo do estado, Francisco Romeu Landi, diretor-presidente da Fapesp, Osires Silva, diretor da Fiesp, José Efraim Mindlin, empresário, e Rogério Cerqueira Leite, professor emérito da Unicamp.
As 17h, Oswaldo Frota-Pessoa, do IBAJSP, aborda o tema Pavan, o homem e o cientista, em sessão conduzida, por João S. Morgante, presidente da Sociedade Brasileira de Genética. Encerrando o encontro, falam o homenageado, Crodowaldo Pavan, e Adolpho José Melfi, vice-Reitor da USP. Ao final, haverá um coquetel. Adesões pelos fones (011) 259-2766, 818-7558 e 818-7549.
Comissão Organizadora - Shozo Motoyama (coordenador), Ademar Freire Maia, Aldo Malavasi, Ana C. Schenberg, Ana Maria Espin, Ernesto Paterniani, Francisco Alberto Moura Duarte, Jair Borin, João S. Morgante, Paulo Nogueira Neto é Walter Colli.
CD-ROM DA 51ª REUNIÃO DA SBPC
Já está disponível para os interessados o CD-Rom com os anais e resumos dos trabalhos apresentados durante a 51ª Reunião Anual da SBPC, realizada no campus da PUC/RS, em Porto Alegre, em julho deste ano. Informações e pedidos pelo fone (011) 259-2766 ou pelo e-mail . Quem se inscreveu no encontro de Porto Alegre já deve ter recebido uma cópia do CD-Rom.
FAPEMIG EM APUROS
Estima-se que existam mil projetos aprovados pela Fundação de Amparo à Pesquisa de MG (Fapemig), no valor global da R$ 40 milhões, à espera de verba para serem implementados. A Fapemig não tem recebido recursos para novas pesquisas desde 98. E o dinheiro repassado até agora pelo governo estadual cobre apenas o pagamento de bolsistas e os custos de manutenção da própria fundação, informou o vice-diretor do ICB/ UFMG, Jorge Pesqueiro.
POUCAS E BOAS
O lançamento, em 8/12, dos dois primeiros volumes da História d Fapesp (organizado por Shozo Motoyama, da USP), vai reunir a memória viva da única fundação estadual de amparo à Pesquisa que até agora deu inteiramente certo, recebendo todos os recursos devidos e operando com absoluta autonomia. Ela foi resultado de uma luta que começou em 1947 e só terminou em 18/10/60, quando o então governador paulista Carvalho Pinto sancionou a lei que criou a instituição. Pesou muito o manifesto de 17/7/60, assinado por mais de mil pesquisadores. Assim mesmo, a Fapesp só deslanchou em 62. Mais detalhes com Paulo Emílio Vanzolini (USP), Warwick Kerr (UFU e Inpa) e Hélio Bicudo, advogado.
Por mais que as correntes pedagógicas estejam pensando em novas concepções, novos projetos, novas metodologias, a educação continua sendo preparar a meninada para a ordem,, e que acho que veríamos preparar para a desordem...
Nelson Pretto, professor da Universidade Federal da Bahia, ao Jornal do Brasil (28/11).
Ignacy Sachs, o polaco-francês-brasileiro, afirma, em O Estado de SP, de 27/11: a exposição O Jardim Planetário, no Parque de La Villette, em Paris, que deseja contribuir a reconciliação dos homens com a natureza, é objetivo louvável, mas não deveria ser separado da reconciliação dos homens entre eles...
É indispensável e urgente que se faça alguma coisa muito significativa na Amazônia em matéria de pesquisa científica, disse João Steiner, o primeiro secretário de Acompanhamento e Avaliação (dos Institutos de Pesquisa) do MCT, entusiasmado com a escolha de Warwick Kerr para diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
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JC e-mail