Com certo atraso em relação à pecuária de corte, produtores de leite estão despertando para a necessidade de investir em melhoramento genético na acirrada busca pela produtividade. Enquanto em países como Estados Unidos 90% da inseminação artificial é feita exclusivamente no rebanho leiteiro, no Brasil apenas um terço das inseminações é realizada em vacas de leite, sendo que a grande preocupação do pecuarista ainda é quanto à engorda de seu gado de corte.
Esse quadro, porém, começa a modificar-se. O número de doses de sêmen vendidas a produtores de leite aumentou expressivamente no ano passado, segundo as duas maiores empresas brasileiras de inseminação - Pecplan-Bradesco e a Lagoa da Serra, de Sertãozinho. Juntas, elas detêm mais da metade do mercado brasileiro, estimado em 4 milhões de doses.
Na Lagoa da Serra, o crescimento foi de quase 60% em relação a 1994, segundo o superintendente Carlos Romeu Tramontim. O total de vendas de sêmen da raça holandesa, nacional e importado, totalizou 276 mil doses, resultado que colaborou com o bom desempenho da empresa. Com um faturamento 25% superior, de R$ 10,5 milhões, a Lagoa da Serra fechou o ano com 1,046 milhão de doses comercializadas, 20% mais que no ano anterior, um recorde para a empresa.
A Pecplan-Bradesco não revelou o número de doses vendidas, mas o gerente comercial, Mauro Mariano, admitiu um crescimento estimado de 7%, o que daria algo em torno de 1,250 milhão de doses e um faturamento de R$ 13.6 milhões, 53% superior ao do ano de 1994. Mariano confirmou que o que mais chamou a atenção foi o aumento de vendas para rebanho de leite. "A procura aumentou muito, principalmente de produto de animais testados." São três os aspectos principais que estão levando o produtor a investir. O primeiro é a maior facilidade de manejo do rebanho. Enquanto a pecuária de corte trabalha com grandes extensões de terra, a de leite ocupa espaços menores e, cada vez mais, em confinamento.
A oportunidade de eliminar do rebanho a figura do reprodutor é outra vantagem apontada por Maurício Lima, gerente de relações com o mercado. O macho de raças européias, explica, é quase sempre um risco para o pessoal que trabalha na fazenda. É de temperamento difícil, briguento e costuma provocar acidentes. O principal benefício tem a ver com lucro. É mais difícil para o produtor de leite do que para o de carne identificar o animal com maior potencial de herdar dos país a capacidade de produzir bastante leite - a característica que mais interessa ao investidor.
Notícia
Gazeta Mercantil