O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP), professor Raysildo Barbosa Lôbo, integra um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo de Ribeirão Perto (USP), que realiza estudos pioneiros no Brasil e no mundo. A última publicação refere-se a duas seqüências de DNA correspondentes ao gene MUC1 de bovinos Nelore, resultado da tese de doutorado de Fábio Ricardo Pablos de Souza, orientado pela professora doutora Lúcia Martelli.
"A decodificação do gene permitiu detectar onde é que se dá a perda de embrião no útero. Esse trabalho já é a segunda patente referente à pesquisa e foi iniciado há cerca de seis anos. Esse gene tem várias importâncias, uma mais ligada à reprodução humana, que produz e sintetiza uma glicoproteína relacionada à ligação do recente óvulo fertilizado do zigoto no útero. A alta taxa de mortalidade pré-embrionária, que, às vezes, não percebida pelo animal ou pela mulher, deve-se à ocorrência da fecundação, já que o zigoto não é fixado ao útero", explicou Lôbo. Dentre as principais funções do gene MUC1 destacam-se adesão intercelular, implantação embrionária, lubrificação tecidual e proteção tecidual contra ação de enzimas e agentes infecciosos.
A pesquisa, realizada pela equipe do Laboratório de Biologia Molecular do Departamento de Genética, bloco C, da USP de Ribeirão Preto, contou com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX), e da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), da qual Raysildo é também presidente. "A ANPC atuou abrindo a sua base de dados com milhões de informações, permitindo ao pesquisador coletar os dados, fazer a seqüência e relacionar a mesma na base", observou. O pró-reitor ressaltou que esse tipo de pesquisa requer investimentos significativos. "É um trabalho de grande magnitude. Além de usar laboratórios de biologia molecular do bloco do Departamento de Genética, foram utilizados também seqüenciadores de outra unidade da faculdade de Medicina da USP. Seqüenciar um gene é uma atividade complexa que requer um grande investimento", lembrou.
Conforme Lôbo, a UNIDERP já se prepara para ser inserida nesse contexto de tecnologia de ponta. "Cabe destacar que o Centro Biotecnológico da UNIDERP, inaugurado em agosto do ano passado, já conta com laboratório de Fertilização in vitro, e que o laboratório de Biologia Molecular da Instituição está começando a sua parte de pesquisa. A UNIDERP, em colaboração com esse grupo de Biologia Molecular da USP, vai atuar em breve. Possivelmente, a partir do segundo semestre, a nossa universidade já estará inserida no contexto de tecnologia de ponta", acredita.
Ele conta também que, com a participação da UNIDERP, está sendo elaborado pelos grupos da USP de Ribeirão Preto, Unesp de Botucatu e o Instituto de Zootecnia de Ribeirão Preto, um projeto temático sobre o Programa Nelore, coordenado pela ANCP, para ser enviado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
"É muito importante essa parceria entre a UNIDERP, a USP e a Unesp, no sentido de buscar recursos externos em uma instituição do porte da Fapesp", observou.