Notícia

Gazeta de Ribeirão

Prevenção a serviço da cultura (1 notícias)

Publicado em 08 de janeiro de 2012

No início de janeiro, a Agência Fapesp publicou informação sobre os impactos, que condições climáticas ambientais fechados, como, por exemplo, em museus e similares, podem causar na conservação das obras que integram acervos. Nesta ocasião, divulgando um sensor, desenvolvido na USP, capaz de indicar o grau de degradação sofrida por materiais que compõem obras de arte em diferentes ambientes, explicou ser este composto por "uma microbalança de quartzo, constituída por pequenos cristais do mineral com aproximadamente 1 centímetro de diâmetro que vibram a frequências muito elevadas, de 10 MHz", com a análise das alterações sofridas por um material em tal ambiente ocorrendo assim, "é depositada uma fina camada dele sobre os cristais de quartzo e colocado o aparelho no ambiente onde se pretende monitorar. Cristais de quartzo captam as transformações do material no ambiente, como variações de frequência, que são registradas e gravadas em uma memória incorporada ao sistema eletrônico do aparelho. Quanto mais rapidamente variar a frequência, mais rapidamente o material estará se degradando, indicando que o ambiente é muito agressivo".

Tal método, utilizado para testar ambientes do Museu do Ipiranga e da Pinacoteca do Estado de São Paulo, revelou que, "em comparação com a Pinacoteca, o Museu Paulista apresenta condições menos favoráveis para conservação de materiais associados às pinturas". Tal diferença, segundo pesquisadores, "se deve à dificuldade de o Museu Paulista implementar condições mais adequadas para a conservação dos bens culturais que abriga, uma vez que a edificação é tombada. O Museu Paulista, apesar de ter plena consciência da necessidade de controle ambiental para a proteção dos bens culturais, ainda tem ambientes pouco adaptados devido à própria edificação ser um objeto cultural. Já a Pinacoteca é um ambiente mais transformado e passou por um processo de readequação que possibilitou a implementação de algumas medidas mitigatorias, como a instalação de aparelhos de ar condicionado, filtros de ar para que poluentes externos não penetrem no interior do museu e dispositivos para controlar a luminosidade".

Viabilizar que museus da cidade e região passem por processo de adaptação de seus ambientes, com o objetivo de melhorar as condições de conservação das obras que possuem, é uma maneira de viabilizar a melhora das condições microambientais de tais instituições. Buscar tecnologias contemporâneas, como a de tal dispositivo, é antecipar-se a mudanças climáticas que, possivelmente, afetarão muitos de nossos bens culturais e, de forma consciente, permite verificar "que tipos de políticas preventivas podem ser implementadas para proteger esse patrimônio histórico e cultural, que é algo que está sendo muito discutido em outros países, como os da Europa".

(Rosemary Conceição dos Santos é pós-doutora em cognição, leitura e literatura pela USP).