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Diário do Nordeste online

Preservação da água

Publicado em 14 julho 2006

Nos períodos em que o Nordeste sofre a ausência prolongada de chuva, um dos principais problemas é causado pela evaporação da água armazenada em açudes, represas e outros reservatórios dágua, agravando sensivelmente os efeitos da seca e ocasionando, em poucos meses, o sumiço do líquido vital em áreas de considerável extensão. Para conter a evaporação, em momentos críticos, já foram realizados experimentos diversos, tanto de alta tecnologia como a singela tentativa de cobrir o espelho dágua com lona.
Ocorreu, recentemente, a descoberta e aperfeiçoamento de uma mistura antievaporante, em estudo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, segundo divulga a revista Pesquisa FAPESP. A inovação tem chances de trazer novo alento em favor da minimização do crônico problema nordestino, com seus períodos de estiagem danosos à agricultura e à própria sobrevivência das populações.
A mistura, testada com êxito em reservatórios de até 13 mil metros quadrados, é representada na forma de um pó fino que, ao ser jogado em pequenas quantidades sobre a superfície da água, espalha-se rapidamente e forma uma película, a qual, embora invisível a olho nu, cria uma barreira protetora impermeabilizante entre a água e a atmosfera. Um dado importante, também aferido em pesquisa, é que o produto não dá origem a interferências colaterais nas trocas gasosas de oxigênio e gás carbônico, elementos imprescindíveis à manutenção da vida aquática.
O Instituto Nacional de Ecologia, da Universidade Federal de São Carlos, atestou que, embora não trate ou purifique a água, o antievaporante não ocasiona alterações em sua qualidade, o que significa que pode ser aplicado em água potável, sem qualquer prejuízo para a qualidade do líquido. A nova tecnologia foi usada em vários países, em caráter experimental, porém utilizando fórmulas mais simples do que a brasileira, considerada a mais perfeita no processo de conservação da água doce.
A aplicação em represas e açudes, segundo divulgação da revista, é apenas uma das possibilidades da nova fórmula. Alguns ensaios registram sua possibilidade de uso em canais de irrigação, se a velocidade do curso de água for baixa, e também para reduzir a evaporação de água no solo. O produto também diminui a transpiração das plantas, reduzindo a necessidade de reidratá-las em períodos mais secos.
Outro item do estudo assegura que o antievaporante pode dar origem a outros produtos, destinados a controlar a proliferação das algas e larvas de mosquito, incluindo o 'Aedes aegypt', principal transmissor do vírus da dengue.
Como Estado de maior área enquadrada no chamado Polígono das Secas, o Ceará necessita sempre estar a par dos novos e salutares meios de intervenção desenvolvidos em favor do meio ambiente, sobretudo no tocante à preservação da água, precioso líquido que assume redobrada importância na realidade nordestina.