O item sustentabilidade, que nas pesquisas de mercado costumava ficar no rodapé da lista de desejos dos compradores de imóveis, hoje já é um dos itens mais desejados nos novos clientes. Essa nova preocupação do público, enfatizada pela economia em contas de água e luz, por exemplo, muitas vezes ajuda a desempatar e definir a compra.
As construtoras, que já vinham investindo na sustentabilidade desde a construção de edifícios, agora colocam esses itens como diferenciais. O custo para o uso de técnicas construtivas mais amigáveis ao meio ambiente não é impeditivo e as empresas já dizem que, quem não se modernizar na linha da sustentabilidade vai ficar para trás.
Segundo Milton Bigucci Júnior, diretor técnico da Construtora MBigucci, que tem sede na região, a sustentabilidade não é ainda o ponto crucial para a definição pela compra, mas compõe o que fará com que o cliente se decida. A construtora tem implantado, desde 2005, o programa Big Vida, que engloba uma série de ações de sustentabilidade durante suas obras. Esse programa envolve a reutilização de 90% dos resíduos das obras, desde a madeira que vira cavaco e é usada na indústria, as sobras de blocos e gesso, plásticos e papel. Tudo é separado na obra e destinado para reciclagem. A madeira certificada, é uma ordem do mercado também e até medição de ruído é feita, para evitar a poluição sonora.
“A sustentabilidade já faz parte da cultura interna da empresa. Hoje se fala muito em emissão de carbono e tem até como se medir isso, instalamos e um de nossos empreendimentos, o MBigucci Bussiness Park, que fica em Diadema, uma usina fotovoltaica e lá tem as informações de quanto se deixou de emitir de poluição”, disse Bigucci a respeito dos itens de sustentabilidade que são incorporados aos empreendimentos. O exemplo citado é um condomínio empresarial, mas os lançamentos residenciais têm muito mais itens de sustentabilidade, que vão desde energia solar, uso de vasos sanitários com duplo sistema de jato e torneiras com arejadores até vagas de garagem com ponto para carregamento de carro elétrico. O plantio de árvores também é uma tendência. “Todos os nossos empreendimentos são entregues com área verde e de 20 a 30 árvores, a maioria nativa da região. Então o cliente compra um apartamento e leva um pedaço de área verde também”, continua Bigucci que também é presidente da Acigabc (Associação dos Construtores e Imobiliárias do Grande ABC).
Na associação esse movimento sustentável é amplamente discutido entre as empresas que atuam na região. “Esse tema está sempre na nossa pauta. Hoje as empresas daqui estão atuando nos mesmos padrões que temos na Capital e praticamente todas estão preocupadas com que as construções sejam sustentáveis. Hoje o mundo luta por sustentabilidade e esse é um dos pilares dessa nossa indústria”, completa o diretor da MBigucci.
A MBigucci lançou neste sábado (28/05) o Stylo que fica na avenida Caminho do Mar, no Rudge Ramos, que terá 152 apartamentos com 71 m² a 82 m², 2 e 3 dormitórios (1 suíte), varanda gourmet, depósito privativo e 1 ou 2 vagas, além de vagas para carro elétrico. Além disso será entregue com 500 metros quadrados de área verde com plantio de 15 espécies de árvores nativas.
Marcus Santaguita: “…quem não fizer vai ficar de fora”. (Foto: Pedro Diogo)
Pesquisa
Para o diretor da Construtora Jacy, Marcus Santaguita, a maioria das empresas do segmento está fazendo empreendimentos com vários itens de sustentabilidade. “Quem não fizer vai ficar de fora. Na nossa pesquisa de mercado, antes a sustentabilidade ficava lá embaixo, hoje já está na metade da lista. O cliente não quer pagar mais por isso, mas se ficar entre dois imóveis de mesmo preço esse vai ser mais um fator de decisão. Isso não é um modismo, é uma coisa que veio para ficar”, comenta.
Na Jacy os processos construtivos também seguem a linha da sustentabilidade. Além disso o lançamento Jump By Motiró, no próximo dia 1° de junho vai avançar mais neste sentido; é que o empreendimento vai ser entregue com uma usina fotovoltaica para geração de energia à partir do sol. Para Santaguita morar num empreendimento sustentável não custa muito mais caro, ou seja, esses itens modernos não são privilégio apenas dos empreendimentos de alto padrão. “Nos empreendimentos vendidos a R$ 300 mil, em média a unidade, que são os apartamentos de 40 metros quadrados, isso é perfeitamente cabível e também dá um diferencial no produto e não onera demais”, explica.
A construtora Patriani, também da região, deixou de construir edifícios com apartamento de cobertura desde 2021 e optou por criar no último pavimento uma fazenda solar, com instalação de placas para captação de energia do sol. Além de ser aliada do meio ambiente a técnica adotada proporciona redução do custo da energia das áreas comuns em até 70% e também proporciona a redução da conta do condomínio.
A Patriani informou constrói seus prédios com um ponto de recarga para carro elétrico por apartamento, com medição individual. A construtora sustenta que é única do setor que coloca um ponto de recarga por unidade. “O carro elétrico já é realidade e muitas empresas automotivas fabricarão somente carros elétricos nos próximos anos, por isso o pensamento é estar alinhado a essa ideia inovadora, que também ajuda na redução de carbono no meio ambiente”, informa nota da empresa.
Case
Árvore solar instalada em frente ao edifício Serafina Corporate, em Santo André. (Foto: Divulgação)
A nova sede da construtora, o Serafina Corporate, na avenida Padre Manoel da Nóbrega, 385, no bairro Jardim, em Santo André, é referência no quesito sustentabilidade, com inúmeras soluções. O prédio tem sistema de ar-condicionado, energia solar e é alimentado por gás natural, que é muito mais econômico. Já os elevadores têm tecnologia regenerativa, que gera até 65% da energia consumida, enquanto as vagas de garagem têm ponto de recarga para carro elétrico.
O Serafina tem ainda sistema construtivo com fachada ventilada, que ajuda na diminuição da temperatura dos ambientes, e fachada Cleantec, que auxilia na purificação do ar. A Patriani segue os princípios de ESG (Environmental, Social and Governance) para a preservação ambiental e saúde. “ESG não é ‘modinha’ na Patriani, a prática já resulta no Serafina Corporate ser o primeiro prédio de Santo André a ter a Certificação Internacional AQUA de Sustentabilidade, que habilita empresas com boa qualidade ambiental do empreendimento”, completa a construtora.
Fotovoltaica
A primeira árvore fotovoltaica solar em via pública do Brasil está no Serafina. O mobiliário urbano, que através de suas pétalas capta a energia do sol, tem estação com câmera de monitoramento da via, que auxilia na segurança pública, sensor de umidade e vento, verificação de temperatura e totens para carregamento de bicicleta elétrica e patinete, servindo a cidade. Além dos benefícios, a árvore solar tem design arquitetônico exclusivo, que proporciona um entorno urbano agradável, podendo mudar de cor, inclusive, em datas comemorativas.
Fator principal é a conscientização do consumidor, diz ambientalista
A conscientização sobre cuidar do meio ambiente está cada vez mais presente nas relações de consumo, mas ainda é algo que tem que amadurecer muito segundo a bióloga, ambientalista e pesquisadora do IPH/USCS (Índice de Poluentes Hídricos da Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marta Marcondes. “A gente vê mudanças no comportamento das pessoas que fazem com que as empresas mudem também, mas esse processo é lento ainda”, comenta.
“Quando a gente trabalha com janelas maiores que garantem mais luz natural, com mais áreas verdes que reduzem a temperatura, com aproveitamento da água da chuva, tudo isso economiza recursos naturais. Eu sinto que algumas pessoas estão buscando por isso na hora da compra, por outro lado vejo casas de vilas sendo demolidas para a construção de prédios, matando nascentes, sem respeito ao meio ambiente e a história do bairro”, diz a pesquisadora.
Bióloga e ambientalista, Marta Marcondes, da USCS, diz que é preciso a conscientização do consumidor. (Foto: Reprodução)
Segundo Marta a reutilização dos materiais usados na construção civil é um dos principais pontos a serem analisados pelos compradores. “Há estudos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e da UFABC (Universidade Federal do ABC) nesse sentido e os segmentos só precisam conversar entre si. A pessoa que compra não tem a mínima noção, mas tudo o que tem ali foi tirado do meio ambiente e a gente sente que as empresas têm essa vontade de seguir a linha mais sustentável. Tem linhas de pesquisas através do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Fapesp (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo) onde o aluno bolsista trabalha e a empresa paga os custos de desenvolvimento do produto”.
Se os custos não são tão elevados, como relatam os empresários, e há linhas de crédito para pesquisa só resta ao consumidor escolher o empreendimento mais sustentável, mas isso esbarra no custo do imóvel, por isso a solução apontada tanto por Marcus Santaguita, da Construtora Jacy, como por Marta Marcondes é recurso para financiamento destes projetos. “O consumidor é detentor da capacidade de mudança na indústria e comércio, se não for consciente não vamos ter essa mudança. A procura por um imóvel esbarra no que a família tiver de recurso por isso deveria ter mais financiamento para imóveis populares mais sustentáveis. Existe um mito de que sustentabilidade é cara. É preciso direcionar o financiamento para esses imóveis populares feitos com materiais recicláveis e que tenham energia solar, para isso não precisa muito dinheiro. Se não fizerem o marketing da sustentabilidade a população não vai ficar mais interessada nisso”, completa a bióloga e ambientalista.
Sustentabilidade é fiel na balança na hora de escolher apartamento
Se antes a localização e os itens de conforto eram os fatores decisivos para a escolha de um novo apartamento, agora o item sustentabilidade entra também como um dos itens principais a serem avaliados pelos compradores, sobretudo os mais jovens que querem praticidade e pensam no futuro, sem deixar o conforto de lado.
Peterson e Tayná buscavam por sustentabilidade. (Foto: Divulgação)
O casal Peterson e Tayná acaba de fechar a compra de uma unidade no Stylo MBigucci. Eles contam que já procuraram um empreendimento com uma proposta mais sustentável desde a construção até os itens sustentáveis integrados ao condomínio. “Nós sempre buscamos um imóvel que nos proporcionasse o conceito de sustentabilidade e encontramos todo esse conceito tanto no período da obra como no pós-obra”, disse Peterson que é engenheiro civil e sabe bem dos impactos que as obras podem causar. “Trabalho na área da construção civil e sei o tamanho do impacto no consumo de energia, água e geração de resíduos. Então é o nosso dever contribuir, seja com boas práticas, ou até mesmo adquirindo um imóvel que nos proporcione todo esse conjunto sustentável. Não pensamos só na economia financeira que teremos, mas pensamos em um conjunto geral de benefícios que teremos de qualidade de vida e contribuição positiva para o meio ambiente”, diz o jovem engenheiro.
Peterson conta que ficou positivamente surpreso com as soluções técnicas usadas no empreendimento que pesaram muito na decisão do casal. “Sustentabilidade faz parte das nossas vidas e quando fomos apresentados ao projeto do Stylo, não tivemos dúvida que esse imóvel era o que mais se encaixava dentro da nossas expectativas. Com área verde e muita vegetação, que vão nos proporcionar um ar mais puro e limpo, além do sistema de aproveitamento e redução de consumo de água, uma arquitetura bem elaborada e pensada que favorece a ventilação e iluminação natural, são os fatores que favoreceram na escolha. Eu e a Tayná pensamos no nosso hoje, mas também pensamos no futuro das próximas gerações que merecem ter uma qualidade de vida e um meio ambiente seguro e protegido”, completa.
Trigilio e a esposa Rosinha consideram importante a preservação do meio ambiente para as próximas gerações. (Foto: Divulgação)
A advogada e professora Priscila Regiane Serpa, também optou pelo apartamento da MBigucci e levou em conta vários fatores sendo a sustentabilidade foi um deles. “O que chamou a atenção para o imóvel foi uma visão futurista, visionária e a sustentabilidade. Penso numa velhice saudável e mais sustentável também. Tanto o ambiente, quanto a gente envelhecemos e, se não tomarmos cuidado, tudo se destrói. A gente tem alterações climáticas inacreditáveis e nós sofremos por esses danos causados à natureza. Somos favoráveis a um patrimônio onde a gente possa viver de maneira mais saudável, confortável e com paz de espírito”, resume.
Julio Trigilio e a esposa Rosinha Silva, moradores do bairro Rudge Ramos, em São Bernardo, também procuram um imóvel com conceito sustentável. “A gente tem que cuidar do meio ambiente porque trata-se do futuro dos nossos netos e bisnetos, a geração futura. O que é cuidar? É ter muita natureza, muita área verde e isso não pode esperar, tem que ser de imediato” disse Trigilio. Rosinha completa: “A gente tem que pensar não só no dia de hoje, tem que pensar no amanhã também”. O casal visitou o estande de vendas do Stylo MBigucci neste sábado (28/05).