Em evento que reuniu mais de 170 personalidades acadêmicas e profissionais ligados à área de Alimentação, foi entregue neste dia 24 em São Paulo, os prêmios aos três trabalhos finalistas do Prêmio Péter Murányi 2025 – Alimentação, num processo seletivo que envolveu cerca de 110 avaliadores.
Nesta 23ª edição do Prêmio, a Fundação homônima recebeu 88 trabalhos, provenientes de 68 instituições indicadoras de todo o Brasil, com o objetivo de reconhecer ações que se destacam por seu carácter inovador e que, transformados em produtos ou serviços, auxiliam na prática a melhorar a qualidade de vida, beneficiando o desenvolvimento e bem-estar das populações.
O processo de seleção passa por uma Comissão Técnica e Científica que, com o apoio de 26 especialistas ad hoc no tema-foco, avalia e define os 3 trabalhos que são submetidos aos jurados. Formado por representantes de instituições nacionais ligadas à área de Alimentação, docentes de Universidades, e personalidades de diferentes áreas de atuação e estados brasileiros, o Júri define a colocação dos 3 finalistas, premiando a capacidade e saudando a competência dos cientistas brasileiros.
O Prêmio é realizado anualmente, com temas que se alternam a cada edição: Alimentação, Educação, Ciência & Tecnologia e Saúde. Cada área é revisitada a cada quatro anos. Desde 2002 foram concedidos R$ 4,272 milhões em prêmios, tendo sido avaliados 2.272 trabalhos e cadastradas 1.256 Instituições Indicadoras.
Para a Presidente da Fundação Péter Murányi, Zilda Vera Suelotto Murányi Kiss, o resultado da votação ressalta a importância do investimento na área da Alimentação, seja no apoio à ampla pesquisa, no desenvolvimento de produtos, na viabilização econômica e na implantação prática das soluções para os desafios do atual estágio da sociedade. “É gratificante ver a Fundação premiando trabalhos que se traduzem em produtos ou serviços inovadores que contribuem para a melhoria da qualidade de vida das pessoas” afirma.
O presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Renato Janine Ribeiro, que entregou o prêmio ao grupo vencedor, destacou o caráter simbólico da cerimônia: “Foi uma belíssima cerimônia da entrega do Prêmio Péter Murányi e houve algo surpreendente. O terceiro prêmio foi entregue a duas mulheres; o segundo colocado, a um grupo em que três mulheres foram homenageadas; e o primeiro prêmio foi entregue a uma equipe majoritariamente feminina, liderada por uma mulher. Por critérios absolutamente de qualidade, sem nenhum direcionamento, o prêmio celebrou o papel notável das mulheres na ciência, o papel que, enfim, é fulgurante. Eu sempre lembro, em 1989, foi a primeira vez em que uma mulher foi eleita para dirigir uma faculdade das três universidades paulistas – Mariza Corrêa , antropóloga, para o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Desde então, tivemos reitoras, diretoras de faculdades e um reconhecimento crescente da presença feminina. Essa evolução ficou muito clara nesta cerimônia, bem como o extraordinário discurso da presidente da Fundação, Zilda Vera Suelotto Murányi Kiss.”
A iniciativa conta com o apoio das seguintes entidades: ABC – Academia Brasileira de Ciências; ACIESP – Academia de Ciências do Estado de São Paulo; CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola; CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
VENCEDORES:
1º colocado – Vencedor
Título: Biotransformação para valorização de frutas nativas subexploradas no Norte e Nordeste do Brasil.
Instituição Indicadora: UFPB – Universidade Federal da Paraíba
Autores: Marciane Magnani (coord.), Bianca Beatriz Torres de Assis, Francyeli Araújo Silva, Jaqueline de Araújo Bezerra, Lucélia Cabral, Marcos dos Santos Lima e Tatiana Colombo Pimentel.
Síntese: A transformação de frutas nativas subexploradas das regiões Norte e Nordeste, como mangaba e bacaba, em alimentos funcionais por meio da fermentação probiótica, é o centro do estudo que comprova que essas frutas são substratos ideais para probióticos, aumentando sua viabilidade e potencializando compostos bioativos benéficos à saúde. Além de promover a biodiversidade e agregar valor às cadeias produtivas locais, a pesquisa reforça o papel dessas frutas na modulação da microbiota intestinal e na oferta de produtos nutritivos e sustentáveis. O desenvolvimento dessas polpas fermentadas está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incentivando a segurança alimentar, o crescimento econômico e a conservação ambiental. Os resultados abrem portas a bioeconomia regional, promovendo a valorização de recursos naturais brasileiros de forma inovadora, inclusiva e sustentável.
2º colocado
Título: FITOFIT: Suplemento rico em polifenóis para controle de alterações metabólicas.
Instituição Indicadora: FitoFit Pesquisa e Desenvolvimento Ltda
Autoras: Elita Scio Fontes, Mara Lucia de Campos Resende e Martha Eunice de Bessa.
Síntese: O aumento do peso e as alterações metabólicas são distúrbios de crescente prevalência no Brasil e no mundo. Este estudo apresenta o FITOFIT, um ingrediente rico em polifenóis desenvolvido para auxiliar no controle do peso e das disfunções metabólicas associadas. O FITOFIT é obtido por extração hidroalcoólica das folhas de Cecropia pachystachya e foi avaliado em um modelo de obesidade induzida por dieta hipercalórica em camundongos Swiss. Os resultados demonstraram seu efeito preventivo no ganho de peso, além da redução da glicemia, da esteatose hepática e do estresse oxidativo. Posteriormente, o extrato foi escalonado para produção em nível industrial. Assim, o FITOFIT se destaca como um suplemento inovador, combinando eficácia, segurança, qualidade e viabilidade produtiva.
3º colocado
Título: Enriquecimento de alimentos por meio de cultivo: qualidade nutricional e segurança alimentar.
Instituição Indicadora: UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo
Autora: Juliana Naozuka
Síntese: O consumo de alimentos enriquecidos é recomendado para equilibrar e garantir uma alimentação com adequada qualidade nutricional. O enriquecimento por meio de cultivo pode ser visto além de suprir deficiências nutricionais e agregar qualidades na nutrição, uma vez que é possível ser aplicada na resolução de problemas ambientais como a diminuição de toxicidade por elementos tóxicos, garantindo segurança alimentar. Desta forma, estudos de interações entre os diferentes elementos, bem como conhecer as espécies capazes de serem absorvidas e formadas durante o enriquecimento são imperativos. Logo, os estudos realizados abordaram a adição de elemento essencial (Se, Fe ou Zn) no meio de cultivo, na solução hidropônica, nas folhas ou na imersão de sementes para o cultivo enriquecido de cogumelos, cebolinhas, plantas alimentícias não convencionais e sementes de girassol. Os resultados apresentados mostraram que as estratégias de enriquecimento proporcionaram a melhora nutricional e segurança alimentar.
Mais informações podem ser obtidas no site: www.fundacaopetermuranyi.org.br.
Jornal da Ciência, com informações da Fundação Péter Murányi