Notícia

Mais Top News

Prêmio Octavio Frias de Oliveira acompanha trajetória do Icesp e valoriza pesquisas sobre câncer (4 notícias)

Publicado em 17 de maio de 2025

Essa notícia também repercutiu nos veículos:
Folha.com Folha.com Folha de S. Paulo

Antes de serem anunciados, os vencedores do Prêmio Octavio Frias de Oliveira passam pela avaliação de médicos e pesquisadores que atuam nos bastidores da premiação.

Criado um ano após a fundação do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) , o prêmio reconhece pesquisas em oncologia e reforça o papel da instituição na ciência e no ensino.

A premiação é dividida em três categorias: Personalidade de Destaque, Pesquisa em Oncologia e Inovação Tecnológica em Oncologia. Os pesquisadores interessados em concorrer na 16ª edição podem se inscrever até as 23h59 desta sexta-feira (16), por meio do site do prêmio.

A seleção dos trabalhos é feita por uma comissão que reúne representantes da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e de outras instituições científicas. Entre os nomes por trás da organização está o urologista William Nahas, professor titular da FMUSP e integrante do grupo responsável por avaliar e definir os premiados.

“O mais importante é o reconhecimento”, afirma. “Para nós, médicos, ter um trabalho premiado é muito importante. O que motiva é participar de um concurso sério, ter seu trabalho notado, valorizado.”

Segundo ele, não há restrição institucional para quem quiser concorrer; podem participar pesquisadores de centros públicos ou privados, desde que os trabalhos tenham impacto na prática clínica e na saúde da população.

“O prêmio é um estímulo a vários centros, não só ao nosso. Em algumas edições, o vencedor é da casa; em outras, é de outra instituição. Mas o objetivo é sempre valorizar o trabalho do cientista brasileiro”, afirma Nahas.

A comissão que avalia os trabalhos também é composta por representantes do Hospital das Clínicas da FMUSP, da Academia Nacional de Medicina, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), da Fosp (Fundação Oncocentro de São Paulo) e da Folha

Um dos participantes da banca é o médico Roger Chammas, coordenador do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Icesp e professor titular do Departamento de Radiologia e Oncologia da FMUSP. Ele acompanhou a criação do prêmio desde as primeiras reuniões entre o Icesp e o Grupo Folha, que buscavam uma maneira de fomentar a pesquisa sobre o câncer no país.

“O Grupo Folha queria fazer algo mais duradouro que uma homenagem. A ideia foi associar o nome de Octavio Frias de Oliveira a um reconhecimento constante de quem faz a diferença, seja uma personalidade pública, seja um pesquisador”, lembra.

Inicialmente, o prêmio foi pensado para reconhecer dois tipos de contribuição: a atuação de personalidades que ajudaram a transformar o controle do câncer no Brasil e pesquisas científicas desenvolvidas por grupos brasileiros. A partir da terceira edição, também começaram a concorrer inovações tecnológicas com impacto direto na vida dos pacientes.

“A gente queria valorizar também qualquer inovação que criasse valor percebido, que mudasse práticas ou ampliasse o acesso”, diz Chammas, que é o presidente da 16ª edição da premiação. “É uma forma de destacar competências diversas, porque o câncer é uma luta de muitos.”

Chammas reforça que, além do reconhecimento simbólico, a visibilidade oferecida pelo prêmio cumpre um papel importante de aproximação entre ciência e sociedade.

“A divulgação dos trabalhos contribui para o letramento científico da população e acelera a transferência das descobertas para a sociedade. Já tivemos inovações premiadas que, ao ganharem projeção, viraram parte do case de sucesso de empresas que hoje comercializam essas soluções.”

Um exemplo do impacto da premiação é um teste genético que evitou o gasto de R$ 7 milhões na saúde suplementar em cerca de seis anos . Desenvolvido pela Onkos Diagnósticos Moleculares e liderado pelo cientista Marcos Tadeu dos Santos, o exame usa inteligência artificial para identificar tumores na tireoide e foi premiado na 14ª edição da láurea.

Com a tecnologia premiada em 2023, mas já disponível no mercado desde 2018, foram evitadas mais de 4.000 cirurgias nos hospitais privados atendidos pelo laboratório, o que gerou uma economia de R$ 7 milhões ao sistema de saúde privada.

A entrega do prêmio é feita tradicionalmente no dia 5 de agosto, data de nascimento de Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha de 1962 a 2007, ano da sua morte

Fundado em 2008, o Icesp atende cerca de 12% dos pacientes com câncer no estado de São Paulo, todos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e se consolidou como centro de referência no país.

“A assistência é fundamental, claro, mas o que nos mantém como centro de referência na América Latina é também o ensino e a produção de ciência. O prêmio ajuda a manter essa cultura viva”, afirma Nahas.

Vencedores de 2024

Na 15ª edição da láurea, na categoria Pesquisa em Oncologia, o prêmio foi para um estudo do Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein sobre biomarcadores que ajudam a prever a resposta de pacientes com câncer do colo do útero ao tratamento com quimiorradioterapia.

Na categoria Inovação Tecnológica em Oncologia, venceu a equipe do Hemocentro de Ribeirão Preto/USP, com uma pesquisa sobre células NK-CAR, uma alternativa mais acessível às terapias CAR-T no tratamento de neoplasias hematológicas.

A Personalidade de Destaque foi o professor Gilberto Schwartsmann, reconhecido por sua atuação na oncologia clínica, ensino humanizado e pesquisa de novos compostos antineoplásicos.