Software livre, projetos de inclusão digital incentivos para atrair empresas e a expansão do uso de informática nas escolas municipais são alguns dos temas relacionados à tecnologia e ao governo eletrônico que fazem parte das propostas dos candidatos à Prefeitura de Santos. Telma de Souza (PT) afirma que a inclusão digital estará entre as prioridades. Ela acredita que a aquisição de conhecimento não depende mais apenas da educação formal "Depende, e muito, da capacidade de o cidadão absorver e trocar informações no mundo digital".
Nos planos de governo de João Paulo Tavares Papa (PMDB) consta a descentralização do Centro Municipal de Inclusão Digital. Segundo ele, a intenção é criar núcleos da unidade nas áreas do Centro, Morros e Zona Noroeste. "Nosso objetivo facilitar o acesso de todos ao conhecimento da informática".
Em relação aos projetos para atrair empresas de tecnologia para o município, a petista explica que a idéia e amar mais fortemente no estimulo as incubadoras de empresas e promover acordos de cooperação com universidades e instituições de fomento, como Sebrae, BNDES, Fapesp e outras.
O peemedebista defende a implantação de um centro empresarial e pólo de desenvolvimento de tecnologia e logística nos antigos terrenos da Rede Ferroviária no Valongo e no Paquetá. De acordo com ele, o objetivo atrair novos escritórios e empresas de logística e desenvolvimento de softwares e equipamentos portuários.
Quanto ao uso da internet, os prefeituráveis concordam que a rede mundial e um importante instrumento para divulgação das propostas nesta campanha eleitoral. Telma diz que, devido à atividade como parlamentar e agora como candidata, tem poucas oportunidades de dedicar algum tempo para computadores e internet. "Acabo me valendo mais de outros meios — como jornais e revistas - para me manter informada". Já Papa conta que costuma acessar com freqüência a web. "Acesso diariamente a internet em busca de informações atualizadas sobre a Cidade, o País e o mundo. E também para pesquisa sobre assuntos de trabalho ou de interesse pessoal".
A Tribuna — Qual tratamento será dado pelo seu governo para a questão da implantação do software livre?
Telma de Souza — Temos grande simpatia pela tese de utilização de software livre no serviço público municipal. Na esfera federal, é essa, inclusive, a orientação do governo Lula. De imediato, prepararemos estudos técnicos e administrativos a fim de montar uma estratégia de transição do software comercial para o livre. Não e tarefa simples e talvez não se esgote em um único mandato. Mas temos a obrigação de colocar em andamento esse projeto.
João Paulo Tavares Papa - Vamos dar seqüência ao trabalho que já vem sendo realizado com base no Linux, usado, por exemplo, no sistema para controle de processo implantado mês passado e para a folha de pagamento que está em montagem. Também no Centro Municipal de Inclusão Digital - Rede do Futuro, na parte de servidores de internet, é utilizado o software livre. Pretendemos continuar expandindo esse uso no âmbito da Administração, o máximo possível.
AT - Quais setores do Executivo podem ser beneficiados?
Telma - Basicamente, a administração pública municipal em geral.
Papa - Todos os setores da administração municipal.
AT - Quais os planos de governo para o uso do pregão eletrônico?
Telma - Essa é outra importante ferramenta para proporcionar economia e uso racional do dinheiro público. Os governos estadual e federal já têm uma experiência nessa modalidade e pretendemos compartilhá-la. O pregão eletrônico e um meio excepcional de garantir transparência e controle público das licitações e contratos firmados. Também e uma ação administrativa que está absolutamente dentro dos nossos planos.
Papa - No final de 2003 já foi introduzida a modalidade do pregão eletrônico para processos licitatórios, o que tem agilizado a licitação para com pras de produtos e aquisição de serviços. E o mais importante, economia para os cofres municipais, que chegou a 40% nos primeiros seis meses deste ano. O novo objetivo é adorar o pregão para o maior número possível das licitações promovidas pela Administração.
AT - Qual será a prioridade da inclusão digital em seu governo? O que pretende fazer para atender à população mais carente?
Telma - A inclusão digital estará no topo da nossa escala de prioridades. Levaremos o projeto de inclusão a todas as regiões da cidade, principalmente às mais carentes. Criaremos os centros digitais, pequenas unidades a serem disseminadas pelos bairros. Nos centros, os moradores do bairro terão à disposição computadores conectados à internet e também terão a opção de freqüentar cursos e participar de atividades que os qualifiquem a gerar trabalho e renda.
Papa - A Administração implantou o maior programa de inclusão digital da região, o Rede do Futuro, que tem beneficiado a comunidade com projetos como o Vovonauta, curso para terceira ida de. Consta de nosso plano de governo a descentralização do Centro Municipal de Inclusão Digital para criação de núcleos da unidade nas áreas do Centro, Morros e Zona Noroeste. Nosso objetivo é facilitar o acesso de todos ao conhecimento da informática.
AT - Estão nos planos do governo uma parceria com o Estado para a criação de um infocentro na cidade?
Telma - Não tenha dúvida. Mesmo com o projeto dos centros digitais, a implantação de uma ou mais unidades do Infocentro e dos postos públicos de acesso à internet (Popais) são de total interesse do município. Até porque o custo da implantação do infocentro é mínimo para a prefeitura.
Papa - Santos já tem uma política pública de inclusão digital. Chegamos a conhecer uma unidade do Infocentro quando está vamos elaborando a Rede do Futuro. Havendo necessidade poderemos trabalhar em conjunto no campo tecnológico, já que mantemos excelente relacionamento com o Governo do Estado.
AT - Quais medidas serão tomadas para atrair empresas de tecnologia para o município e incentivar as que já existem?
Telma - A experiência demonstra que as grandes empresas de tecnologia se instalam prioritariamente em locais onde a logística de produção as beneficiem. É freqüente nessa área o desenvolvimento de projetos em comum. Portanto, é preciso dotar a cidade de condições para a criação de um pólo tecnológico local. Para isso, a prefeitura terá de atuar mais fortemente no estímulo às incubadoras de empresas e promover acordos de cooperação com universidades e instituições de fomento, como Sebrae, BNDES, Fapesp e outras.
Papa - Um dos objetivos da Incubadora de Empresas é justamente o de abrigar novos empreendedores de desenvolvimento de softwares e tecnologia. E a maior parte das 15 empresas que estão incubadas hoje é justamente ligada a esse setor. Iremos também implantar um centro empresarial e pólo de desenvolvimento de tecnologia e logística nos antigos terrenos da Rede Ferroviária, que a Prefeitura está adquirindo no Valongo e no Paquetá, com objetivo de atrair novos escritórios e empresas de logística e desenvolvimento de softwares e equipa mentos portuários.
AT - Quais serviços digitais serão implantados para ajudar o contribuinte, como o pagamento de impostos e taxas pela internet, por exemplo?
Telma - Nesse aspecto, necessitamos aprofundar c melhorar o que já existe em termos de serviços on-line para o cidadão, a fim de facilitar a relação dos munícipes com os organismos da prefeitura. Uma providência que buscaremos adotar é a integração dos sistemas de pagamento eletrônico de tributos diretamente no site da prefeitura.
Papa - O site da PMS já oferece uma série de serviços ao cidadão. É possível realizar consultas sobre procedimentos e andamento de processos de várias espécies, bem como sobre a dívida, ativa. O contribuinte pode também imprimir requerimento e boletos do IPTU, entre outros tributos, para pagamentos com código de barra, na rede bancária.
AT - Como em outras cidades da região, seu projeto prevê a implantação de câmeras em pontos estratégicos que ajudem a inibir a violência?
Telma - Ainda não temos clareza a respeito da conveniência da implantação de um sistema como esse. Nosso plano de governo prevê a criação do Conselho Municipal de Segurança Urbana, que contará com a participação de representantes dos diferentes segmentos da sociedade. Caberá ao conselho identificar as demandas da sociedade e formular políticas públicas para o setor a serem debatidas com o governo municipal. A oportunidade da implantação ou não de câmeras, certamente será objeto desse debate.
Papa - Sim. Esse trabalho estará a cargo da Secretaria Municipal de Segurança que iremos criar em nosso governo. Vamos implantar câmeras em pontos estratégicos, principalmente na entrada & saída da Cidade, utilizando esses equipamentos no apoio ao combate à violência. Iremos também criar a Central Operacional Telefônica para integrar todos os órgãos envolvidos com segurança. Vamos também colocar todos os recursos do Santos Digital a serviço dessa rede integrada que será estruturada para garantir mais segurança.
AT - Como será trabalhada à questão da informática na educação em seu governo? Haverá investimento na educação a distância para a capacitação de professores?
Telma - Pretendemos aprofundar o contato dos alunos com os computadores nas escolas. Mas eles também terão à disposição a alternativa dos centros digitais nos bairros. Conforme prevê nosso programa de governo, os professores serão alvo de um programa de qualificação permanente, que poderá incluir o emprego de cursos de educação a distância, principalmente para os docentes que moram nas regiões mais afastadas da cidade.
Papa - Vamos ampliar o Programa Rede do Futuro, levando o acesso da informática aos estudantes, não apenas como recursos tecnológicos, mas como ferramenta de auxílio ao processo de aprendizado. A tecnologia também estará voltada ao educador. Por isso, estaremos capacitando os educadores para que possam aproveitar todos os recursos que a informática oferece para o aprimoramento da educação.
As perguntas, iguais aos candidatos, foram enviadas por e-mail às assessorias de Imprensa na última segunda-feira, com prazo de dois dias para resposta. A ordem dos candidatos obedeceu o recebimento das respostas.
Notícia
A Tribuna (Santos, SP)