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Prefeitura de SP implantou 2,18% dos corredores de ônibus previstos para 2025, diz estudo

Publicado em 12 julho 2021

Por G1 SP

Pesquisa da Fapesp mostra que gestão municipal construiu 11,8 km dos 530 km planejados para 2025 pelo Plano Diretor Estratégico de 2014. Plano deu as diretrizes para a priorização do transporte coletivo e o desestímulo ao uso do automóvel. Capital tem 171,8 km de corredores de ônibus. Corredor de ônibus da Avenida 9 de Julho, no centro de São Paulo

A Prefeitura de São Paulo implantou somente 2,18% dos corredores de ônibus previstos para 2025 na capital até esta segunda-feira (12), aponta um estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp).

A pesquisa “Priorizar o transporte público e desestimular o carro?”, coordenada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da instituição, comparou os traçados viários antes e depois do último Plano Diretor Estratégico (PDE), de 2014, entrar em vigor. O plano deu as diretrizes para a priorização do transporte coletivo e o desestímulo ao uso do automóvel.

De acordo com o estudo, a cidade:

tinha 160 km de corredores de ônibus existentes;

o PDE estipulava 530 km de novos corredores até 2025;

portanto, um total de 690 km até 2025;

no entanto, foram construídos 11,8 km, ou apenas 2,2% dos novos corredores previstos.

Os pesquisadores apontam que o atraso compromete a qualidade do sistema, uma vez que estudos técnicos e acadêmicos já comprovaram que a implantação de faixas e corredores permitem que os ônibus circulem com mais velocidade, reduzam o tempo de viagem dos passageiros e apresentem impacto nulo ou positivo para os motoristas do transporte privado.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB), destacou que está na iminência de assinar um contrato para que uma empresa elabore o projeto do Corredor de Ônibus Leste Aricanduva no prazo de um ano. O trecho terá aproximadamente 13,6 km, da Radial Leste até o Terminal São Mates da EMTU.

A pasta também disse que o desestímulo ao uso de carros na cidade continua sendo prioridade, conforme orienta o Plano Diretor, e que um exemplo disso é que um quarto de toda a malha cicloviária existente no município foi instalada entre 2019 e 2020, sendo 139 km de novas ciclovias e ciclofaixas só no ano passado.

Atrasos nas zonas Leste e Norte

O estudo também identificou que a maioria dos atrasos na implantação dos corredores se concentram nas zonas Leste e Norte da capital, justamente onde vive a população com menor renda e, portanto, a que tem mais dependência do transporte público.

A Zona Oeste se revela mais bem-servida até do que o Centro da cidade, com densidade de corredores, e os pesquisadores indicam que é compreensível, uma vez que as regiões possuem as maiores concentrações de empregos, comércios e diversos tipos de serviços.

Contudo, consideram que “o grau das disparidades é de uma ordem de magnitude que salta aos olhos” – enquanto parte da Zona Norte nem sequer possui corredores, na Zona Leste, a proporção entre o número de habitantes e a extensão de corredor existente chega a ser 20 vezes maior do que no Centro.

Se os 208 km de corredores de ônibus previstos para 2016 tivessem sido implantados, totalizando 368 km, as regiões Leste e Norte se aproximariam das demais, reduzindo a desigualdade entre elas.