Pesquisa da Fapesp mostra que gestão municipal construiu 11,8 km dos 530 km planejados para 2025 pelo Plano Diretor Estratégico de 2014. Plano deu as diretrizes para a priorização do transporte coletivo e o desestímulo ao uso do automóvel. Capital tem 171,8 km de corredores de ônibus. Corredor de ônibus da Avenida 9 de Julho, no centro de São Paulo
A Prefeitura de São Paulo implantou somente 2,18% dos corredores de ônibus previstos para 2025 na capital até esta segunda-feira (12), aponta um estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp).
A pesquisa “Priorizar o transporte público e desestimular o carro?”, coordenada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da instituição, comparou os traçados viários antes e depois do último Plano Diretor Estratégico (PDE), de 2014, entrar em vigor. O plano deu as diretrizes para a priorização do transporte coletivo e o desestímulo ao uso do automóvel.
De acordo com o estudo, a cidade:
tinha 160 km de corredores de ônibus existentes;
o PDE estipulava 530 km de novos corredores até 2025;
portanto, um total de 690 km até 2025;
no entanto, foram construídos 11,8 km, ou apenas 2,2% dos novos corredores previstos.
Os pesquisadores apontam que o atraso compromete a qualidade do sistema, uma vez que estudos técnicos e acadêmicos já comprovaram que a implantação de faixas e corredores permitem que os ônibus circulem com mais velocidade, reduzam o tempo de viagem dos passageiros e apresentem impacto nulo ou positivo para os motoristas do transporte privado.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB), destacou que está na iminência de assinar um contrato para que uma empresa elabore o projeto do Corredor de Ônibus Leste Aricanduva no prazo de um ano. O trecho terá aproximadamente 13,6 km, da Radial Leste até o Terminal São Mates da EMTU.
A pasta também disse que o desestímulo ao uso de carros na cidade continua sendo prioridade, conforme orienta o Plano Diretor, e que um exemplo disso é que um quarto de toda a malha cicloviária existente no município foi instalada entre 2019 e 2020, sendo 139 km de novas ciclovias e ciclofaixas só no ano passado.
Atrasos nas zonas Leste e Norte
O estudo também identificou que a maioria dos atrasos na implantação dos corredores se concentram nas zonas Leste e Norte da capital, justamente onde vive a população com menor renda e, portanto, a que tem mais dependência do transporte público.
A Zona Oeste se revela mais bem-servida até do que o Centro da cidade, com densidade de corredores, e os pesquisadores indicam que é compreensível, uma vez que as regiões possuem as maiores concentrações de empregos, comércios e diversos tipos de serviços.
Contudo, consideram que “o grau das disparidades é de uma ordem de magnitude que salta aos olhos” – enquanto parte da Zona Norte nem sequer possui corredores, na Zona Leste, a proporção entre o número de habitantes e a extensão de corredor existente chega a ser 20 vezes maior do que no Centro.
Se os 208 km de corredores de ônibus previstos para 2016 tivessem sido implantados, totalizando 368 km, as regiões Leste e Norte se aproximariam das demais, reduzindo a desigualdade entre elas.