Pesquisadores do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) realizaram uma visita técnica para analisar áreas com presença de turfa em São José dos Campos. A visita, ocorrida há duas semanas, foi realizada na várzea do Parque da Cidade Roberto Burle Marx, onde a queima da turfa tem sido frequente.
Os estudiosos estiveram na cidade a convite da Prefeitura para sugerir um estudo sobre as características e outras análises da turfa, que é originária da matéria orgânica depositada nas várzeas dos rios durante um longo período geológico e que, por causa da umidade, não sofreu decomposição, transformando-se em mineral. Este solo rico em matéria orgânica - um estágio anterior ao carvão - pega fogo facilmente.
O material turfoso está presente em regiões de várzea incrustradas na região central e norte de São José dos Campos e quando a queimada é provocada sua fumaça, que não é tóxica, gera incômodo à vizinhança, densamente povoada.
O controle do incêndio por baixo do solo é extremamente difícil e paliativo, pois a camada de turfa pode ter de 4 a 8 metros de profundidade com centenas de focos de calor. O quadro só melhora nas épocas de chuvas intensas, quando o solo fica completamente encharcado. Os pesquisadores também alertaram que a incidência de raios no terreno também pode ocasionar a combustão espontânea da turfa.
A expectativa da Secretaria de Meio ambiente é que os técnicos possam elaborar um projeto que será submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pleiteando verba para um estudo científico dessas áreas, permitindo conhecer melhor o fenômeno, bem como a composição físico-química da turfa, seu processo de queima, impactos e possíveis usos.
Uma segunda etapa após a análise é formar um grupo de trabalho multidisciplinar com especialistas da área de meio ambiente, planejamento urbano e saúde visando propor soluções e políticas públicas a serem debatidas com a comunidade.
O estudo científico da turfa e a verificação da viabilidade técnica, financeira e socioambiental de suas aplicações são perspectivas de longo prazo que demandam tempo, investimento, mas é um processo que precisa ser iniciado. Precisamos conhecer o problema para encontrar soluções, destacou a secretária de Meio Ambiente.
Enquanto as soluções de longo prazo não são definidas. A melhor maneira de evitar o processo de queima é não provocar a queimada em áreas de incidência de turfa. Usar o fogo para limpeza de terrenos, ou mesmo manter terrenos sujos, que na época da seca pegam foco facilmente, contribuem para que a turfa se incendeie e fique dias a fio queimando, liberando fumaça e gerando incômodos.