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Predação aumenta à medida que oceanos aquecem (13 notícias)

Publicado em 15 de julho de 2022

Por Agência FAPESP

Um consórcio internacional de pesquisadores, dos quais 11 são brasileiros, confirmou a hipótese há muito aventada de que, quanto mais próximos ao Equador, mais vorazes são os predadores marinhos.

O estudo, publicado na revista Science, é resultado de experimentos realizados em 36 pontos na costa das Américas, no Atlântico e no Pacífico, do Alasca à Patagônia.

“A intenção era testar empiricamente se as interações ecológicas, como competição e predação, são mesmo mais intensas nos trópicos, diminuindo à medida que se aproximam dos polos. O estudo mostra que sim, a ponto de diminuir a biomassa de algumas espécies”, explicou o Dr. Gustavo Muniz Dias, professor do Centro de Ciências Naturais e Humanas (CCNH) da Universidade Federal do ABC (UFABC), em Santo André, um dos brasileiros participantes do estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

“Uma comunidade de invertebrados exposta aos predadores, como vemos nos trópicos, é dominada por um conjunto de espécies em que se vê claramente formas delas se defenderem contra a predação. Normalmente, são organismos com estruturas calcárias, como os briozoários e cracas presentes em marinas e cascos de embarcações. Em águas mais frias, mesmo quando a comunidade está suscetível à predação, vemos mais invertebrados de corpo mole, como as ascídias solitárias”, explicou o Dr. Augusto Flores, professor do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar-USP), em São Sebastião, coautor do estudo também apoiado pela FAPESP.

Segundo os pesquisadores, o trabalho sugere como deverão ser as interações nas regiões mais próximas dos polos à medida que a temperatura do planeta aumenta, tornando-se mais parecidas com os trópicos atuais. Uma vez que a região mais próxima ao Equador já é quente, no entanto, não se sabe as consequências das mudanças climáticas nessas áreas.

“Pode ser linear: aumenta-se a temperatura e tem-se uma intensidade maior de interações. Mas pode haver alguma inflexão que faça com que a predação leve as comunidades ao colapso. Por exemplo, pode ser que haja espécies no limiar de tolerância de temperatura e, com isso, essas regiões podem sofrer uma perda de diversidade. É difícil prever as consequências, porque não temos referencial. A região está no máximo de temperatura que conhecemos atualmente”, afirmou o professor Gustavo Dias.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: André Julião, Agência FAPESP.