Muitas pessoas não sabem que o Estado de São Paulo possui sítios arqueológicos e que, até pouco tempo atrás, ele era considerado “pobre” em termos de registros rupestres. No entanto, desde 2019, o Laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Evolução, Cultura e Meio Ambiente (Levoc), do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, tem se empenhado em quebrar essa pressuposição, por meio de projetos que visam a divulgar a riqueza do patrimônio arqueológico da região.
O mais recente desses projetos consiste em um mapa interativo que reúne os sítios arqueológicos com registros rupestres a partir de um banco de dados georreferenciado, ou seja, um banco de dados utilizado para possibilitar análises complexas das informações obtidas sobre determinado local. O mapa foi elaborado por Marilia Perazzo, pós-doutoranda do MAE, Daniela Cisneiros, doutora em Arqueologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Eduardo Krempser, pesquisador na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e Astolfo Araujo, coordenador do Levoc, e teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O mapa oferece um panorama atualizado dos sítios e permite o acesso a informações, imagens, datações, modelos tridimensionais e referências bibliográficas sobre cada um deles.
As pesquisas que possibilitaram a elaboração do mapa foram iniciadas em maio de 2019 e vêm sendo efetuadas de forma ininterrupta desde então. Elas são desenvolvidas por Marilia, sob a supervisão de Astolfo, em seu projeto de pós-doutorado intitulado Caracterização e análise dos sítios com registros rupestres do Estado de São Paulo – Brasil. O trabalho teve como objetivo caracterizar e analisar os sítios com registros rupestres em São Paulo e está vinculado ao projeto Ocupação humana do sudeste da América do Sul ao longo do Holoceno: uma abordagem interdisciplinar, multiescalar e diacrônica, que busca, como uma das metas, elaborar uma carta arqueológica de sítios rupestres no Estado.
Marilia Perazzo, pós-doutoranda do MAE, em trabalho de campo no sítio Pedra do Dioguinho - Foto: Marilia Perazzo/Arquivo Pessoal
Segundo a pós-doutoranda, a pesquisa partiu de um denso levantamento bibliográfico e, após reunir pesquisas acadêmicas e de Arqueologia Preventiva efetuadas desde a década de 1980, a equipe conseguiu contabilizar 19 sítios com grafismos rupestres. “Sabíamos que este era um universo reduzido e que se intensificássemos as pesquisas, tendo como base as áreas onde já havia sítios cadastrados, poderíamos ampliar esse quantitativo. A pesquisa foi conduzida a partir de prospecções sistemáticas, que tiveram como referências dados geológicos, geomorfológicos e arqueológicos”, afirma. Ao total, existem 54 sítios com registros rupestres inseridos no mapa atualmente.