Algumas empresas de diferentes segmentos têm adotado tecnologias sustentáveis no país, implementando atividades e ações alinhadas ao meio ambiente, prezando também pela sociedade e pela economia sustentável.
Essas ações se relacionam aos mais de quinze Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). A sustentabilidade é um dos pilares que contribuem para uma melhor experiência do colaborador, ajudando a garantir a retenção de funcionários.
Em pesquisa realizada em 2022 pela Opinion Box, 67% dos consumidores disseram pesquisar as práticas de ESG - sigla em inglês para questões de governança ambiental, social e corporativa - das empresas antes de realizarem compras. Em outro estudo da A Society for Human Resource Management (SHRM), é apontado que 38% dos funcionários são mais propensos a serem leais a uma empresa que prioriza o desenvolvimento sustentável.
A sustentabilidade empresarial auxilia na redução de custos de produção, uma vez que os colaboradores passam a pensar de forma a não gastar tantos recursos.
Dessa forma, enfrentarão o desperdício de recursos naturais. Se tratando deste tema, as transportadoras obtêm de diversas frentes de atuação que podem gerar resultados sustentáveis.
Na cadeia de suprimentos, a pauta tem despertado cada vez mais a atenção das transportadoras. Para a Ghelere Transportes, por exemplo, o foco foram os veículos. Testes de fuligem fazem parte da rotina da empresa desde 2015, sendo uma manutenção preventiva obrigatória.
O descarte adequado de resíduos de troca de óleo e a correta destinação de pneus junto a empresas certificadas também não são novidades. Uma das soluções mais novas ações implementadas foi a construção da primeira sede própria da empresa, já preparada para uma certificação de edificação sustentável.
Joyce Filus, coordenadora de gestão integrada da Ghelere Transportes, diz que entende a situação da demanda atual do mercado e que todos os esforços a partir das empresas são válidos. "Trabalhar em prol do meio ambiente independe da segmentação da empresa, uma vez que o meio ambiente é o nosso legado às futuras gerações, e isso é base para as nossas tomadas de decisões", declara Joyce.
Há três anos, a Ghelere utiliza placas solares em seus caminhões, se tornando pioneira na utilização de placas solares flexíveis para compatibilizar a demanda de energia por parte do veículo, tendo em vista o aumento significativo de tecnologia embarcada que obtiveram em seus veículos.
Além do viés sustentável da iniciativa, que dobra a vida útil das baterias do veículo e consequentemente e aumenta o tempo para que ela entre em desuso e precise ser descartada, pode-se citar a redução no consumo de combustível, aliado ao desempenho mais eficiente do alternador e a redução de imprevistos na estrada. Dessa forma, é possível ter as baterias sempre carregadas em situações de espera por carga ou descarga.
Outras práticas sustentáveis realizadas pela empresa são o uso de defletores, o que ajuda na economia, combustível aditivado que segundo um estudo formal da Ghelere Transportes, com o uso houve cerca de quase 3% de economia, além da utilização de equipamentos/pneus das melhores marcas disponíveis no País que visam itens sustentáveis.
"Temos ações ao longo do ano, como a Semana do meio Ambiente, quando ressaltamos atitudes importantes que contribuem tanto no ambiente empresarial quanto no dia a dia dos colaboradores em suas casas para um mundo mais sustentável. Quando uma solução sustentável é bem pensada e implementada, em geral ela traz retornos que vão muito além das despesas envolvidas", enfatiza Joyce.
Ainda para a coordenadora de gestão, as empresas erram quando acreditam que implementar ações sustentáveis são somente um custo e deixam de entender que essas atitudes e um posicionamento realmente sustentáveis geram valor para a empresa em um momento da história em que ter essas características pode se tornar uma vantagem competitiva.
"O setor de transporte ainda tem muito a se profissionalizar. Ao implementar tecnologia, é possível trazer soluções que podem beneficiar empresários e o meio onde o transporte acontece e ver um resultado positivo acontecendo", pontua a gestora.
Hidrogênio verde pode posicionar Brasil como potência energética nos próximos anos
"A idade da pedra não acabou por falta de pedra. A idade do petróleo irá acabar muito antes que o mundo fique sem petróleo". Foi com essa frase impactante - de autoria do Sheik Ahmed Zaki Yamani, ministro do Petróleo da Arábia Saudita entre 1962 e 1986 -, que o gerente de Engenharia de Processos da Reunion Engenharia, Murilo Borges, iniciou sua apresentação "Hidrogênio Verde - Perspectivas e Possibilidades", durante o Seminário STAB Industrial na 29ª Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho/SP, na semana passada. "Uma coisa não precisa acabar para começarmos a desenvolver outra. Se o mercado está pedindo soluções sustentáveis, é para lá que nós vamos", indicou.
O tema tem ganhado cada vez mais destaque no Brasil, especialmente nos últimos dois anos. No início deste mês, inclusive, o governo do Estado de São Paulo reforçou seu compromisso de estar na vanguarda da transição energética e do desenvolvimento de novas tecnologias de energia verde com o lançamento da primeira estação de abastecimento de hidrogênio renovável a partir do etanol do mundo. A iniciativa é uma parceria da USP com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e empresas privadas do segmento. "Nesse processo de descarbonização que estamos passando, o hidrogênio verde se apresenta como uma alternativa energética bastante viável", pontuou Murilo.
Um estudo realizado em 2020, projetando quanto seria o custo de produção de hidrogênio em 2030, colocou o país no topo do ranking com o menor custo. Borges explicou que existem diferentes formas de produzir o hidrogênio. Uma delas é pela eletrólise da água. Mas, para isso, é preciso muita água e eletricidade.
No setor sucroenergético, as principais formas de produção de hidrogênio verde são pela reforma do metano, biometano, do etanol e do bagaço da cana-de-açúcar. A versatilidade se faz presente, ainda, na aplicação desse vetor energético. Majoritariamente empregado nas próprias usinas, atualmente, o hidrogênio verde tem um enorme potencial de mercado a ser desenvolvido, como no ramo automotivo, por exemplo.