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Praticar esportes na infância proporciona benefícios ao coração pra vida toda, diz estudo (61 notícias)

Publicado em 11 de setembro de 2024

O pesquisador explica que o exercício físico funciona como uma “poupança” para ser usada ao longo da vida, independentemente da pessoa ser fisicamente ativa quando adulta. O estudo foi realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Entenda!

A prática de esportes durante a infância e a adolescência faz muito bem . Além de estimular a criatividade, os exercícios fortalecem a musculatura, diminuem a ansiedade ... a lista vai longe! Mas um novo estudo parece ter encontrado mais uma vantagem — se exercitar quando mais novo traz benefícios cardiovasculares pra vida toda, independentemente da pessoa ser fisicamente ativa quando adulta. Foi o que mostrou uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com 242 moradores da cidade de Santo Anastácio, no interior paulista.

O levantamento foi publicado na revista Sports Medicine Open e, segundo os resultados, as vantagens observadas estão relacionadas à modulação autonômica cardíaca (controle da frequência cardíaca pelo sistema nervoso autônomo), um importante marcador de risco cardiovascular e de mortalidade. “Analisamos a prática esportiva neste estudo porque ela é mais fácil de ser lembrada pelas pessoas. E conseguimos ajustar os dados, separando o que era benefício cardiovascular resultante da prática esportiva na infância ou adolescência e o que provinha de atividade física atual”, explica Diego Christofaro, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp, campus de Presidente Prudente, e autor principal do artigo, à Agência FAPESP.

O pesquisador explica que o exercício físico funciona como uma “poupança” para ser usada ao longo da vida. “Os benefícios para o sistema autonômico cardíaco parecem ser permanentes”, afirma. Ainda de acordo com Christofaro, o sistema nervoso autônomo é dividido em dois ramos principais: o parassimpático (que faz o coração desacelerar, entre outras coisas) e o simpático (responsável por aumentar a frequência cardíaca). A boa saúde cardiovascular exige um equilíbrio entre esses dois mecanismos.

“Sabemos que o exercício físico é um estressor, tanto que o esperado é que a frequência cardíaca e a pressão arterial aumentem durante a prática de exercício. Isso se deve, em parte, a ajustes do sistema nervoso autônomo. Mas o que acontece com o organismo quando ocorre a prática regular de esportes na infância e adolescência? Vão surgindo adaptações para chegar ao equilíbrio ideal, com predominância do parassimpático”, ressalta o pesquisador. Isso significa que o exercício promove uma série de adaptações para que o organismo responda mais adequadamente a situações de estresse . Essa tendência se mantém mesmo que a atividade física seja menor na vida adulta.

Como o estudo foi feito?

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores entrevistaram 242 voluntários, com média 40 anos de idade, em que recordaram o histórico de prática de esportes . Também foram feitos testes para identificar parâmetros da modulação autonômica cardíaca. Para isso, os participantes usaram sensores vestíveis, que captam os batimentos cardíacos e transferem os dados para um relógio e para um acelerômetro, dispositivo preso à cintura durante uma semana para quantificar o tempo e a intensidade da atividade física no dia a dia.

De acordo com as análises, os indivíduos que praticaram esportes na infância ou adolescência apresentaram melhores parâmetros tanto na variabilidade global da modulação autonômica cardíaca quanto da modulação parassimpática, independentemente do nível de atividade física registrado durante o experimento. "Esses resultados são mais um argumento a favor de que a prática esportiva seja incentivada desde cedo ", ressalta Christofaro.

É importante fazer exercício na fase adulta também

Para Rodrigo Cordovil Pinto Lobo da Costa e Christian Wilhelm Gener Albuquerque Felizola, coordenadores do setor de cardiologia diagnóstica, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, o estudo traz reflexões importantes sobre a prática de exercícios na infância e adolescência. "Nessas fases iniciais da vida, o coração, assim como todos os outros órgãos, está em formação, e é bastante provável que a atividade física nessas etapas atuem como uma adaptação preventiva contra os malefícios que a frequência cardíaca mais elevada pode trazer, principalmente na vida adulta", explicam.

Mas, isso não significa que quem teve uma infância adolescência ativa não precisa mais se exercitar. É fundamental manter o corpo em movimento para preservar a saúde do corpo e da mente. "Não é uma questão estética, e sim de redução de riscos. O exercício libera neuro-hormônios que ajudam a controlar a pressão arterial e o nível de glicose sanguínea, melhora a qualidade do sono e as funções cognitivas , auxilia o funcionamento do sistema digestivo, equilibra a dinâmica osteomuscular, reduz o acúmulo de toxinas e fatores inflamatórios, além de estimular a produção de endorfinas, substâncias relacionadas com satisfação e bem-estar", reforçam os especialistas.

As diretrizes americanas de atividade física recomendam, para o adulto, pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico moderado a intenso por semana, acrescido de musculação ao menos duas vezes na semana. Crianças e adolescentes devem fazer 60 minutos de atividades diariamente, alternando entre atividades aeróbicas e de fortalecimento.

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