Nos dias 20, 21 e 22 vão acontecer as eleições para representação discente para o Conselho Universitário. Úrsula Noronha, da chapa “Pra poder contra-atacar” e da Juventude Faísca, está se candidatando para RD do Consu para fortalecer o movimento estudantil contra os ataques de Bolsonaro e Doria, em defesa das bolsas e por uma universidade à serviço dos trabalhadores e do povo pobre, e não das empresas como quer a reitoria.
Em um cenário onde os impactos da crise econômica são potencializados pela pandemia que já arrancou milhares de vidas com a gestão anti operária de Bolsonaro, o Brasil já contabiliza um crescimento de 300 mil pessoas desempregadas, com uma taxa de desocupação em 23,3% entre a juventude de 14 a 29 anos em agosto. Diante disso, o regime autoritário do golpe institucional de 2016 composto pelo STF, o Judiciário e o Congresso, junto com Bolsonaro e Mourão, com governadores e prefeitos, aproveitam para aplicar as reformas ultraliberais, como a MP 936 e a reforma administrativa. Esses ataques vêm junto com o absurdo que foi Bolsonaro impondo interventores nas universidades federais, como na UFRGS e UFRSA, e de projetos como o PL529 de Doria, que apesar de ter retirado o artigo 14,que previa a recolha de fundos técnicos das autarquias estaduais (incluindo USP, Unesp, Unicamp e Fapesp), ainda extingue o CDHU, ataca as farmácias populares e uma extensa lista de ataque aos trabalhadores e ao povo pobre.
Essa crise latente no Brasil também tem um grande impacto na Unicamp. Vimos isso com o antidemocrático Conselho Universitário aprovando neste ano a Pós-graduação lato sensu paga, escancarando as portas da universidade para que as pesquisas sejam financiadas e consequentemente sirvam aos interesses dos empresários. Além disso, vimos também o reitor aprovando cortes de mais de 70 milhões, deixando os trabalhadores do HC sobrecarregados e sem todas as medidas de prevenção necessárias para a crise sanitária, e permitindo demissões de terceirizados como foi com os trabalhadores da Strategic e Alternativa. Para completar, a reitoria quer aplicar uma mudança de critérios das bolsas SAE, pelas quais continuamos lutando com toda força. Uma grande contradição para uma reitoria que se diz “democrática” contra Bolsonaro, mas na universidade busca descarregar a crise nos setores mais precários.
O que a reitoria tenta fazer é restringir as bolsas por meio de critérios meritocráticos e modificando o regulamento para diminuir o quadro dos alunos que se encaixam nessas normas, além de reduzir ainda mais o orçamento destinado às bolsas em detrimento da demanda, preparando assim o terreno para futuros cortes de verba. Essa proposta foi respondida com um forte ato em frente à reitoria no dia da votação, que impôs a necessidade de adiá-la. Nós sabemos que a força do movimento estudantil que inclusive já foi pra rua contra Bolsonaro dá medo na reitoria, e por isso achamos que é urgente fortalecê-la, principalmente com as entidades estudantis, que devem cumprir um importante papel em organizar os estudantes contra esses ataques.
A permanência estudantil deve ser uma luta central para nós, pois após passar pelo absurdo filtro social e racial do vestibular que lutamos para que não exista, os estudantes pobres têm que ter a garantia de que conseguirão permanecer e terminar seus cursos. Para nós, as bolsas deveriam ser oferecidas de acordo com a demanda, e, diferente de como é hoje, sem a necessidade de contrapartida.
Se a reitoria mostra seu caráter antidemocrático junto ao Consu para aplicar ataques, desde a imposição do EAD de forma autoritária até a mudança nos critérios das bolsas, a gente precisa desmascarar a falsa democracia na universidade. Por isso, temos que batalhar por uma Estatuinte livre e soberana, na qual a comunidade universitária possa escolher seus representantes, para dissolver o Consu, que tem até representação de empresários como da Fiesp, e decidir os rumos da universidade. Nesse processo, defenderemos que a Unicamp deve ser gerida por quem a mantém funcionando, por trabalhadores, estudantes e professores de acordo com seu peso real, com maioria estudantil.
Para nós, dessa forma poderíamos colocar a universidade a serviço das necessidades dos próprios trabalhadores e do povo pobre, e não das empresas como é hoje, o que vemos de forma escancarada com o fato de que o Ifood, que explora massivamente a juventude negra, é uma empresa filha da Unicamp. É em defesa dessas ideias que Úrsula se propõe a estar no Consu, denunciando e enfrentando a estrutura de poder antidemocrática, e fortalecendo a luta dos trabalhadores e estudantes a partir da sua autoorganização.
Para nós da Faísca, os centros acadêmicos e o DCE são fundamentais para a luta dos estudantes pela permanência, contra o projeto privatista e os ataques de conjunto do governo Bolsonaro e Doria. Mas infelizmente vemos que a gestão atual do DCE, que agora tem representantes na chapa “Faz escuro mas eu canto” para Consu e CCG, é um empecilho para a nossa luta e não cumpre esse papel fundamental. Isso ficou nítido com o fato da UJS, juventude do PCdoB que está no DCE e também na UNE, ao invés de organizar os estudantes nacionalmente contra o EAD excludente, ter feito um podcast com o reitor no início da quarentena para mostrar como Knobel estava sendo um bom gestor na crise, mostrando o papel que esse partido tem dentro da universidade ao se adaptar à reitoria, enquanto pelo país está fazendo alianças com o PSL em mais de 70 cidades, além de ter votado a favor do perdão da dívida às igrejas.
Sabemos que essa estratégia é impotente para se enfrentar com os ataques colocados dentro e fora da universidade, e achamos que para dar uma resposta independente é preciso confiar nas nossas próprias forças. Por isso fazemos um chamado aos membros da chapa “Na luta por permanecer”, com militantes do Psol e independentes, para estarmos juntos na defesa de um programa que questione a estrutura da universidade de conjunto, como seria com o processo estatuinte.
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