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Correio da Paraíba

Pouco gás na Amazônia (1 notícias)

Publicado em 17 de fevereiro de 2002

Por MARCOS PIVETTA - jamarri@correiodaparaiba.com.br
O peso da Amazônia na luta contra o aumento do efeito estufa, o aquecimento excessivo do clima da Terra, pode ser menor do que se pensava. Novos cálculos do fluxo do principal composto atmosférico responsável pelo aumento da temperatura média do planeta, o dióxido de carbono (CO2), revelam que a quantidade desse gás absorvida naturalmente por esse ecossistema tropical é igual ou apenas ligeiramente maior do que a emitida - e não absurdamente maior, como estudos prévios indicaram. Feita no âmbito do Experimento de Grande Escala da Biosfera -Atmosfera na Amazônia (LBA) -megaprojeto internacional de US$ 80 milhões que, desde 1999, reúne mais de 300 pesquisadores da América Latina, Estados Unidos e Europa, sob a liderança do Brasil -, a revisão dos números aponta para um saldo anual positivo, em favor da absorção, de cerca de 2 toneladas de carbono por hectare de floresta preservada. Balanços anteriores, alguns conduzidos dentro do próprio LBA, chegaram a indicar absorção líquida, descontado o que foi emitido, de 5 a 8 toneladas de carbono por hectare. "É possível que esse valor esteja até mesmo próximo de zero", diz Paulo Artaxo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF/USP), responsável por um projeto temático financiado pela FAPESP sobre o assunto e um dos coordenadores do LBA. Em cada 3,67 toneladas de dióxido de carbono, também conhecido como gás carbônico, há 1 tonelada do elemento químico carbono. Em linhas gerais, pode-se dizer que quanto mais CO2 uma floresta absorve, maior deve ser a sua biomassa, medida na forma de carbono, visto que a fotossíntese da vegetação se intensifica. Em outras palavras, grande absorção de CO2 eqüivale, teoricamente, a grande crescimento de um ecossistema. De acordo com a nova contabilidade, somadas todas as fontes conhecidas de entrada (absorção) e saída (emissão) de CO2 da floresta, a Amazônia parece retirar do ar uma quantidade relativamente modesta desse gás por hectare de floresta preservada. Ainda assim, como a região amazônica é imensa - abrangendo apenas em território nacional 5 milhões de quilômetros "quadrados (300 milhões de hectares), dos quais cerca de 80".. são florestas nativas - seu impacto no balanço mundial de dió\ido Ae carbono pode não ser nada desprezível.