A coordenadora do LabCidade da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Raquel Rolnik, afirma que a retomada plena nos centros urbanos no pós-pandemia dependerá de uma discussão que englobe as diferentes condições vividas nas cidades.
O seminário “As Cidades no Pós-Pandemia”, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), vai discutir o tema nesta segunda-feira (25) e contará com a presença de Raquel.
Em entrevista à CNN, a pesquisadora avalia que as medidas de restrição adotadas “não levaram em consideração que a forma com que a pandemia foi vivida foi muito diferente dependendo do bairro, condições econômicas e sociais”.
O LabCidades observou, segundo ela, que há lugares na cidade de São Paulo que concentraram muito mais casos de hospitalização e mortes.
“O que ficou absolutamente claro é que uma medida como fique em casa e faça home office dialoga com parte pequena da população, que tem condições pela natureza do trabalho e de internet, e isso não corresponde nem a 30% dos habitantes da cidade, a maior parte teve que se deslocar e não foram tomadas medidas de proteção para essas pessoas”, exemplificou.
Rolnik afirma que “a grande questão é como vamos detectar as mudanças para as maiorias, do ponto de vista das políticas públicas”.
Entre os temas importantes, de acordo com ela, está o setor dos transportes e moradia. “Além de as medidas em relação ao transporte público terem sido insuficientes e condições de moradia distintas terem tido impacto, o que pareceu fazendo correlação é que a questão fundamental era circulação e deslocamento, deviam ter sido adotadas medidas nesse sentido, com oferta de transporte, e não-aglomeração”.
Com produção de Bel Campos.