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O Povo

Pós-Graduação e Pesquisa nas IES Particulares (1 notícias)

Publicado em 19 de dezembro de 2005

Por Manasses C. Fonteles

Programas pós-doutorais de curta duração já estão sendo praticados por várias Universidades particulares e comunitárias, com a manutenção parcial ou total do salário do docente

Começam a aparecer, no Cenário das Universidades particulares, esforços no sentido da qualificação do seu pessoal docente; seja contratando professores com doutorado, muitos oriundos das IES Públicas, após aposentadorias, ou constituindo novos grupos, através de jovens doutores, recém-titulados.
No decorrer de reunião, recentemente realizada na Universidade de Salvador, foi assinado um convênio entre a Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (Funadesp) e a Fundação Fulbright, visando a propiciar a 20 jovens doutorandos a oportunidade de completarem sua formação acadêmica e suas pesquisas em laboratórios de Universidades Americanas.
Esse projeto foi proposto por Luis Valcov Loureiro (Diretor da Fulbright no Brasil) e Edson Raymundo Pinheiro de Souza Franco, Reitor da Universidade da Amazônia (Unama) e Presidente dos Curadores da Funadesp. É evidente que as Universidades integrantes assumirão algumas bolsas através da Funadesp, mas seria importante se a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) desenhasse uma proposta complementar com 20 meias-bolsas adicionais.
Programas pós-doutorais de curta duração já estão sendo praticados por várias Universidades particulares e comunitárias, com a manutenção parcial ou total do salário do docente. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Capes já oferecem bolsas integrais para post-docs que pretendam trabalhar no exterior por até um ano. Nessa perspectiva pode-se visualizar um cenário mais otimista, que naturalmente estará contagiando uma parcela representativa das Universidades Brasileiras.
Outro ponto importante a ser destacado foi a recente proposta do presidente da Capes, Professor George Guimarães no sentido da criação de um fundo que permita atender parcialmente ou totalmente, projetos específicos de pesquisa em andamento nas universidades particulares, sobretudo para aquelas que apresentem projetos com teor de originalidade comprovada e/ou inovação tecnológica.
É óbvio que o propósito será premiar a competência, especialmente onde jovens doutores ou pós-doutores possam montar suas estruturas mínimas de trabalho.
Por outro lado, contratar doutores com bons salários para trabalhar em universidades que não realizam pesquisa, geraria um desânimo coletivo nesses jovens talentos.
Ao lado disso, conceber grandes universidades que não fazem pesquisa e incentivar tais modelos, seria um retorno à incipiente Universidade brasileira, dos meados do século passado. Mesmo naquelas com mantenedor público, já no início dos anos 70, esse quadro começou a mudar, com os programas de mestrado e, logo depois, de doutorado que se consolidaram, sobretudo no sul e sudeste brasileiro, e que nos anos 80 se espalharam pelo Nordeste e Centro-Oeste, sendo ainda exceções na Região Norte.
A recente reunião em Salvador sobre Pesquisa e Pós-Graduação nas Universidades Particulares, já indica otimismo, pela exuberante quantidade de presentes e também confirmado pelo crescente número de propostas registradas nos bancos de dados das agências financiadoras, como do CNPq. Outras Universidades, por meio de suas Mantenedoras, como foi o caso da Universidade Presbiteriana Mackenzie, criaram fundos específicos para o financiamento de jovens doutores, ou mesmo pesquisadores seniores, que apresentam à instituição boas propostas de pesquisa.
Como resultado desse estímulo, recursos oriundos do CNPq, Capes, Finep, Fapesp e outras Faps começaram a fluir para a consolidação dos novéis grupos de pesquisadores. Vê-se então que competência gera competência.
O Brasil é diverso e assim também é o seu sistema Universitário. Por isso, é anseio de todos que as diferenças institucionais sejam mínimas. O pensamento do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), que trabalha pela Unidade na Diversidade, é pelo crescimento da pesquisa nacional em todos os níveis.

Manassés C. Fonteles é reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, pesquisador do CNPq, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB).