Estudos científicos sobre os vegetais minimamente processados (VMPs) estão acendendo um alerta: Embora sejam alimentos saudáveis e altamente recomendáveis, os níveis de contaminação dos produtos à disposição da população varia largamente.
"Com a correria do dia a dia, cada vez mais pessoas procuram opções saudáveis e de preparo rápido. Nesse sentido, os VMPs têm ganhado destaque no mercado mundial. Por outro lado, vegetais frescos, incluindo os minimamente processados, têm sido frequentemente associados a doenças de origem alimentar, o que gera preocupação," comentou a professora Daniele Maffei, da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
Cortados, higienizados e vendidos em embalagens fechadas, os vegetais minimamente processados são comercializados "prontos para consumo", possibilitando o preparo mais rápido das refeições e a redução de desperdício, visto que costumeiramente todo conteúdo é utilizado de uma só vez. Como geralmente são ingeridos crus, a forma de assegurar a eliminação de microrganismos causadores de doenças inclui o uso de sanitizantes, como o cloro, na água de lavagem.
"As indústrias produtoras têm a responsabilidade de disponibilizar no mercado produtos com qualidade e segurança microbiológica, implementando medidas de controle ao longo do processamento. Embora lavar novamente o produto em casa possa ser considerado desnecessário, alguns consumidores podem optar por fazê-lo para reforçar a segurança," disse Daniele.
Contaminação nos vegetais minimamente processados
Para chegar a uma conclusão mais ampla, em vez de apenas pesquisar os vegetais vendidos em um supermercado ou em uma cidade, a equipe decidiu fazer uma meta-análise de todos os dados coletados até agora, nos mais diversos locais, por todos os cientistas que já estudaram o assunto.
O resultado é preocupante pela larga variação dos níveis de contaminação, com alimentos que vão de "quase totalmente higienizados" a "quase totalmente contaminados".
A contaminação dos vegetais minimamente processados por bactérias Escherichia coli, por exemplo, a principal indicadora de contaminação, variou de 0,7% até 100% das amostras.
A prevalência da Salmonella spp variou de 0,6% a 26,7% das amostras, enquanto a Listeria monocytogenes apareceu entre 0,2% e 33,3% das amostras.
Outros patógenos transmitidos por alimentos detectados em proporções menores (menos de 30%) incluem B. cereus, C. perfringens, C. sakazakii e Shigella spp. Por outro lado, houve uma alta prevalência de outros microrganismos relevantes em países específicos, destacando-se, no caso do Brasil, a S. aureus, com até 43,8% de prevalência nas amostras.
"Como o crescimento do mercado de VMPs é uma tendência no Brasil, torna-se essencial a implementação de legislações específicas para regulamentar a forma como são produzidos e vendidos," concluiu Daniele.