Apenas 6% das microempresas e 14% das pequenas investem mais de 5% de seu faturamento em inovação tecnológica, segundo pesquisa feita pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em conjunto com a Confederação Nacional das Indústrias junto a mil empresários de todo o País e obtida com exclusividade por este jornal.
A adoção de técnicas modernas para elevar a qualidade e produtividade é dificultada pela escassez de financiamentos. A grande maioria (77% das micro e 66% das pequenas) utiliza recursos próprios na modernização da empresa.
Preocupadas mais com a sobrevivência, muitas vezes a falta de informação dos empresários impede um diagnóstico correto do problema. A constatação de que 70% das 8.731 consultas feitas ao Disque-Tecnologia da Universidade de São Paulo referiam-se a questões cotidianas referentes a tecnologias básicas já dominadas pelo mercado fez com que a instituição mudasse sua estrutura de prestação de serviços.
O caso da ótica carioca Contactus é exemplar: um simples ajuste no processo de beneficiamento da lente de contato, sugerido por um consultor do Disque-Tecnologia, elevou a produção de uma ou até meia lente por dia para seis lentes, além de eliminar o desperdício de matéria-prima.
O serviço prestado pela USP permitiu também que a empresária Ricarda Antunes desse um novo impulso à sua fabricação de velas: de 500 para 15 mil unidades mensais, feitas em 200 moldes diferentes, em comparação com apenas um em 1993. As pequenas empresas desconhecem programas de apoio que poderiam utilizar para introduzir sistemas modernos de gestão tecnológica, como o Promaq, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
A pressão dos clientes, no entanto, começa a mudar essa postura. Depois de ser notificada que estava abaixo do padrão exigido pela Pirelli, sua principal compradora, a Get's Empresa de Termoplásticos e Serviços Ltda, investiu RS$ 215 mil e, além de um produto melhor, conseguiu reduzir em 5% o preço do cabo de vela.
Notícia
Gazeta Mercantil