Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Neurociência e Neurotecnologia, que funciona na Unicamp, concluíram que existe uma disposição genética da população da região de Campinas em ter obesidade e diabetes. A conclusão da pesquisa foi divulgada nesta semana pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que apoiou os estudos.
Com a coordenação da médica geneticista e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Iscia Lopes-Cendes, foram mapeados de 900 mil marcadores genéticos distribuídos nos genomas de 264 pessoas da região de Campinas. Genomas são informações hereditárias codificadas no DNA das pessoas. Foi o primeiro estudo feito com esse nível de resolução no Brasil.
Os dados foram obtidos de voluntários sem nenhuma doença específica, mas que, na avaliação dos responsáveis pela pesquisa, representam a diversidade genética dos indivíduos atendidos no Hospital das Clínicas da Unicamp.
Uma das informações encontradas no estudo foi o seguinte: por causa da numerosa presença de descendentes de imigrantes europeus na região, os genomas mapeados apresentaram forte presença de marcadores de origem europeia, na faixa dos 80%. Os 20% restantes foram distribuídos entre ancestrais africanos e indígenas.
No entanto, o que chamou a atenção dos pesquisadores, foi que os 10% de ancestralidade indígena trouxeram um dado importante pra saúde pública. É o que disse a coordenadora da investigação, professora Iscia Lopes-Cendes.
Ainda segundo a médica e professora Iscia Lopes-Cendes, essas informações podem ser úteis pra ajudar o Poder Público à formular ações pra prevenir diabetes e obesidade.
Os responsáveis pela pesquisa, agora, pretendem fazer esse mapeamento pra detectar outras pré-disposições genéticas da população de Campinas, e de outras regiões do Estado, pro desenvolvimento de outras doenças e síndromes.