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Diário de Natal

PONTA DE DIAMANTE

Publicado em 24 janeiro 2003

Brocas odontológicas com ponta de diamante sintético, que funcionam em aparelhos de ultra-som, produzidas pela Clorovale Diamantes, de São José dos Campos, vão render royalties à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A Clorovale recebeu financiamento da fundação, por meio do Pipe (Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas), para o desenvolvimento do produto. O faturamento bruto das vendas, nos dois primeiros anos, deve atingir R$ 28 milhões. Sobre esse total, serão pagos 4% de royalties nos dois primeiros anos e 5% por mais três anos. A perspectiva é obter mais de R$ 1 milhão por ano com a comercialização do produto. O valor será dividido entre os inventores, a Fapesp e o Inpe. Esse é o primeiro contrato de licenciamento realizado pelo Nuplitec (Núcleo de Patenteamento e Licenciamento de Tecnologia), que também financiou o depósito da patente no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Europa e Japão. A empresa foi montada por pesquisadores do Inpe, que aproveitaram o domínio da técnica de produção de diamante para incorporá-la às brocas odontológicas. Cada broca custa R$ 200, cerca de 20 vezes a mais do que as brocas convencionais. "Os produtos têm a vantagem de dispensar anestesia em mais de 70% dos casos, além de serem mais precisos e durarem de 20 a 30 vezes mais do que as brocas comuns", afirmou o físico Vladimir Jesus Trava Airoldi, um dos fundadores da empresa. Segundo Edgar Dutra Zanotto, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e coordenador do Nuplitec, o caso da Clorovale comprova que os modelos de financiamento do Pipe e do Nuplitec estão consolidados. "Com esse licenciamento, inauguramos um novo e efetivo mecanismo para aumentar a receita da Fapesp, redirecionando os ganhos com royalties para outras pesquisas", disse Zanotto. Agora, Airoldi está preparando cursos para que os dentistas aprendam a usar as novas brocas, enquanto reivindica a aprovação dessa técnica pela FDA (Food and Drug Administration), agência norte-americana de controle de alimentos e medicamentos. Quando obtiver essa aprovação, a exportação das brocas será facilitada. "Várias empresas já nos procuraram para vender nosso produto em outros países", disse Airoldi.