Brocas odontológicas com ponta de diamante sintético, que funcionam em aparelhos de ultra-som, produzidas pela Clorovale Diamantes, de São José dos Campos, vão render royalties à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
A Clorovale recebeu financiamento da fundação, por meio do Pipe (Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas), para o desenvolvimento do produto.
O faturamento bruto das vendas, nos dois primeiros anos, deve atingir R$ 28 milhões.
Sobre esse total, serão pagos 4% de royalties nos dois primeiros anos e 5% por mais três anos.
A perspectiva é obter mais de R$ 1 milhão por ano com a comercialização do produto. O valor será dividido entre os inventores, a Fapesp e o Inpe.
Esse é o primeiro contrato de licenciamento realizado pelo Nuplitec (Núcleo de Patenteamento e Licenciamento de Tecnologia), que também financiou o depósito da patente no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Europa e Japão.
A empresa foi montada por pesquisadores do Inpe, que aproveitaram o domínio da técnica de produção de diamante para incorporá-la às brocas odontológicas.
Cada broca custa R$ 200, cerca de 20 vezes a mais do que as brocas convencionais.
"Os produtos têm a vantagem de dispensar anestesia em mais de 70% dos casos, além de serem mais precisos e durarem de 20 a 30 vezes mais do que as brocas comuns", afirmou o físico Vladimir Jesus Trava Airoldi, um dos fundadores da empresa.
Segundo Edgar Dutra Zanotto, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e coordenador do Nuplitec, o caso da Clorovale comprova que os modelos de financiamento do Pipe e do Nuplitec estão consolidados.
"Com esse licenciamento, inauguramos um novo e efetivo mecanismo para aumentar a receita da Fapesp, redirecionando os ganhos com royalties para outras pesquisas", disse Zanotto.
Agora, Airoldi está preparando cursos para que os dentistas aprendam a usar as novas brocas, enquanto reivindica a aprovação dessa técnica pela FDA (Food and Drug Administration), agência norte-americana de controle de alimentos e medicamentos. Quando obtiver essa aprovação, a exportação das brocas será facilitada.
"Várias empresas já nos procuraram para vender nosso produto em outros países", disse Airoldi.
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