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Pomada do Butantan pode curar ferimentos sem deixar queloide (38 notícias)

Publicado em 12 de setembro de 2023

Após um corte na pele, feito em uma cirurgia ou mesmo num acidente, algumas pessoas sofrem com o crescimento excessivo do tecido cicatricial, o que gera uma queloide, ou cicatriz queloidiana. Trata-se de uma protuberância rugosa no local do “machucado”. Agora, para melhorar esse processo de cicatrização, pesquisadores do Instituto Butantan testam uma nova pomada produzida a partir de um fungo da caatinga brasileira.

Por enquanto, a pomada para prevenir queloides e cicatrizes somente foi validada em estudos pré-clínicos, sem os testes em humanos. Estes resultados preliminares mais recentes não foram publicados em uma revista científica, mas os autores destacam os resultados positivos do composto.

Vale destacar que, além do Butantan, a pesquisa contra queloides tem convênio com a startup BiotechnoScience Farmacêutica e recebe financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Pomada contra queloides feita a partir de fungo

Desde 2010, os cientistas do Laboratório de Desenvolvimento e Inovação (LDI) do Butantan investigam o potencial de uma molécula produzida pelo fungo Exserohilum rostratum, encontrado em diferentes estados brasileiros marcados pela ocorrência do bioma caatinga.

Até então, pesquisas anteriores já identificaram outras potencialidades do princício ativo produzido pelo fungo, como a ação moderada antibiótica — capacidade de eliminar certas bactérias e fungos. Além disso, foi testada por seus efeitos antitumorais no controle do câncer, mas sempre em estudos pré-clínicos.

Inclusive, foi nesta última rodada de pesquisa que surgiu a hipótese da sua capacidade em estimular a regeneração celular, melhorando o processo de cicatrização de feridas. Para testar a ideia, os cientistas do Butantan conduziram um estudo in vitro com células endoteliais e fibroblastos.

Qual o efeito da terapia que melhora a cicatrização?

“Após inúmeros testes, incluindo o estudo pré-clínico, o poder de cicatrização foi comprovado. Em 2018, o Butantan entrou com o pedido de patente de uma formulação com ação cicatrizante junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial”, afirma Ana Olívia Souza, do LDI, em nota.

De forma geral, “a pomada auxilia no processo de cicatrização natural com produção de colágeno no tecido, deixando a cicatrização muito mais uniforme, sem formação de queloides”, afirma Tainah Colombo Gomes, fundadora e CEO da startup envolvida no desenvolvimento. Inclusive, ela explica que o composto induz a produção de mais colágeno que outras pomadas disponíveis no mercado.

Agora, mais testes com a pomada derivada de um fungo precisam ser realizados antes que o produto passe por análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e chegue ao mercado brasileiro. Ainda não há um prazo oficial para isso ocorrer.

Em outras frentes de pesquisa, cientistas da Suécia e da Alemanha testam o uso de eletricidade para acelerar e melhorar o processo de cicatrização da pele. Ainda em fase preliminar, a pesquisa indica que a eletricidade pode cicatrizar feridas até três vezes mais rápido.