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Políticas de inovação como projeto de Estado (1 notícias)

Publicado em 02 de dezembro de 2022

Em continuidade aos trabalhos que o Conselho Superior de Inovação e Competitividade (Conic) da Fiesp está realizando com o Departamento de Economia, Competitividade e Tecnologia (Decomtec) da entidade, especialistas apresentaram na quinta-feira (1º/12) ideias que deverão compor documento sobre oportunidades para a indústria e formas de melhorar a sua competitividade. O presidente do Conic, Pedro Wongtschowski, dirigiu a reunião.

A consultora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Sandra Hollanda, afirmou que as diretrizes para a política de inovação precisam ter como objetivo orientar estratégias para os desafios do futuro. “E devem estar associadas à revolução tecnológica e a emergência de uma nova indústria, apoiada na sustentabilidade ambiental”, afirmou. Para ela, o caminho deve ser construído com vistas a uma agenda de futuro que transpasse os gvernos e que seja resultado da convergência de ideias de vários atores que desempenham papel na execução das políticas de inovação.

“É importante articular uma ampla rede de incentivos e estímulos governamentais para impulsionar a geração e a difusão de tecnologias na indústria, com foco na Indústria 4.0, nas cadeias críticas e na economia verde”, argumentou. Hollanda destacou a necessidade de se remover entraves regulatórios, apoiar startups, facilitar a mobilidade dos pesquisadores e absorver recursos humanos estrangeiros para atividades de pesquisa e desenvolvimento.

O professor de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), João Furtado, ressaltou a importância de fortalecer a pequena e média empresa e que isso seja feito a partir de ações mais simples rápidas, para “produzir resultados e fazer a pequena empresa perceberem que não podem dedicar tempo aquilo que não é urgente”.

Furtado disse ser necessário mobilizar instrumentos de financiamento para facilitar a transição industrial para manufatura avançada com capilaridade. “Precisamos alcançar empresas de todo o território, de todos os tipos e tamanhos, mas ainda não chegamos a ter um modelo para pequena e a média indústrias”.

O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ernani Torres, falou sobre o mercado de capitais e as possibilidades de financiamentos de pequenas e médias empresas. Ele considera essencial propor medidas que promovam maior participação da indústria de transformação no mercado de capitais, que triplicou de tamanho nos últimos cinco anos.

Entretanto, o especialista vê a atual taxa de juros como um obstáculo para uma retomada mais vigorosa. “Juros altos inibem a demanda e tornam mais atrativos os papéis públicos, além de elevar os custos de novas emissões, sejam elas debêntures ou outros produtos de financiamento. Se as taxas permanecerem elevadas por muito tempo, a indústria continuará marginalizada dos segmentos de crédito mais dinâmicos”, avaliou Torres.

E o especialista em finanças públicas Murilo Viana, ao falar sobre o papel do BNDES, lembrou a necessidade de restabelecer as políticas de incentivo de crédito e oferecer crédito mais atrativo para setores e áreas prioritárias, como a indústria.

Na Fiesp, especialistas debateram formas de aumentar a competitividade e mecanismos de financiamento do setor. Foto: Karim Kahn/Fiesp