Recentemente, a Polícia Federal revelou informações que apontam para uma tentativa de golpe contra a democracia do Brasil. O historiador Marcos Napolitano, especialista em história republicana brasileira, analisou os fatos e os considerou muito graves, indo além do mero tensionamento político. Segundo ele, o objetivo dos envolvidos era apostar e trabalhar pelo caos social e pela volta da ditadura.
Napolitano elogiou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal, destacando que ambos fizeram o que era necessário. Agora, aguarda-se a posição da Procuradoria Geral da República (PGR) para decidir se será aberto um inquérito para apurar as responsabilidades dos envolvidos na tentativa golpista que ocorreu durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O historiador aponta que, apesar de existirem mais consensos liberal-democráticos nas instituições políticas e jurídicas do que no passado, o golpe não prosperou devido à falta de organização e apoio institucional, principalmente de setores liberais e da classe média. Ele ressaltou que, embora os golpistas de 2022 tivessem algum apoio na sociedade, sem apoio nas Forças Armadas, em grupos políticos organizados, na imprensa e no parlamento, é difícil que golpes prosperem.
Napolitano relacionou a tentativa de golpe atual com a crise política de 2015 e 2016 e com o lavajatismo. Ele enfatizou a importância de punir tentativas de golpes e fortalecer a crença na democracia, ressaltando a necessidade de as elites políticas isolarem aventureiros e golpistas dentro do sistema político. O historiador concluiu que é essencial punir os envolvidos de maneira exemplar e dentro dos limites da lei para evitar novas intentonas golpistas.
Em vista disso, Napolitano destaca a necessidade de fortalecer a democracia brasileira e incentivar a resolução de conflitos de forma negociada no cotidiano de todas as classes sociais. No entanto, ele reconhece os desafios de promover essas mudanças em um país desigual e com uma cultura política autoritária ainda presente entre os atores institucionais.